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Além de recurso, defesa de Adriana Villela vai pedir nulidade do júri

Arquiteta foi condenada, nessa quarta-feira (02/10/2019), a 67 anos e 6 meses de reclusão, pela morte dos pais e da empregada da família

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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1 de 1 Julgamento-Villela-2-de-outubro-12 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A defesa de Adriana Villela, condenada a 67 anos e 6 meses de reclusão sob a acusação de triplo homicídio triplamente qualificado dos pais e da empregada da família, assassinados em 2009, informou nesta quinta-feira (03/10/2019) que, além de recorrer da decisão do Tribunal do Júri de Brasília, também vai requerer a nulidade do julgamento.

“Em homenagem ao princípio constitucional da ampla defesa, nós estamos entrando com o termo de apelação ainda hoje [quinta]. Em uma petição separada do termo de apelação, que só explicita que não concordamos com o resultado, vamos levar nosso inconformismo ao Tribunal de Justiça requerendo a nulidade do júri em uma questão jurídica. Na visão da defesa, gravíssima e incontornável”, defendeu o advogado da arquiteta Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Os argumentos ainda estão sendo fundamentados.

“É extremamente forte anular um júri que mobilizou não só a sociedade brasiliense por 10 dias mas toda a estrutura do Tribunal do Júri. Mas é uma questão grave de fundo constitucional. Infelizmente, a anulação se impõe mesmo com a enorme seriedade e competência com que se houve do juiz Paulo Giordano na condução dos trabalhos”, acrescentou.

Após 10 dias de julgamento e logo depois da leitura do veredito, os advogados da arquiteta, Kakay e Marcelo Turbay, distribuíram nota para a imprensa.

“A defesa técnica da Adriana Villela tem a mais absoluta certeza e convicção da sua inocência. Produziu prova negativa da sua participação no terrível assassinato dos seus pais e da colaboradora Francisca. O Tribunal do Júri, no entanto, a condenou sem um fiapo de prova. É um erro judiciário colossal e desumano. Iremos ao Tribunal para reverter esta injustiça”, diz trecho do texto.

“Foi a maior injustiça que eu vi em 40 anos de advocacia criminal. O Tribunal do Júri tem essa característica. Vota sim e não sem ter de fundamentar. O que ocorreu aqui [no julgamento] foi uma monstruosidade”, reagiu o advogado Kakay, logo depois da leitura da sentença, na tarde dessa quarta-feira (02/10/2019).

O julgamento mais longo da história do Distrito Federal chegou ao fim após 10 dias e mais de 100 horas de discussões. A decisão dos sete jurados sorteados para o caso – quatro mulheres e três homens – foi anunciada pelo juiz Paulo Giordano por volta das 18h. O caso, que ficou conhecido como crime da 113 Sul, é um dos mais rumorosos da capital federal.

A arquiteta foi condenada a 32 anos de reclusão pelo homicídio do pai, José Guilherme Villela, a mais 32 anos pelo da mãe, Maria Villela, e a 23 anos pelo assassinato da empregada da família, Francisca Nascimento Silva. Além disso, houve condenação de 3 anos e 6 meses pelo furto de joias e dinheiro. As penas, contudo, não são somadas e o juiz fixa o tempo total. Por isso, chegou-se ao total de 67 anos e 6 meses.

Os outros três envolvidos já condenados pelo Tribunal do Júri tiveram as seguintes penas: 62 anos para Paulo Cardoso Santana; 60 anos para Leonardo Campos Alves; e 55 anos para Francisco Mairlon.

Adriana não esboçou reação. Após ouvir a pena, abraçou a filha, Carolina, e o advogado Antônio Carlos Almeida de Castro, o Kakay, e deixou o plenário do órgão sem falar com a imprensa. A arquiteta não saiu presa do Tribunal do Júri, pois poderá recorrer em liberdade. A eventual prisão só ocorrerá depois de esgotados os recursos e o trânsito em julgado do processo.

Segundo a acusação, Adriana, de 55 anos, contratou por R$ 60 mil Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde os pais moravam, para assassiná-los. Ele teria contado com ajuda de dois comparsas: o sobrinho Paulo Cardoso e o ex-entregador de gás Francisco Mairlon.

O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, a advogada Maria Villela, pais da arquiteta, e a empregada da família, Francisca Nascimento Silva, morreram esfaqueados em 28 de agosto de 2009, no apartamento do casal, na 113 Sul. Foram 73 perfurações provocadas por armas brancas, no total.

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O que disse a ré

Ao chegar para o 10º e último dia de julgamento, Adriana falou com a imprensa. “Sou inocente e agradeço por estar trazendo isso à luz agora, aqui no tribunal”, declarou.

Em interrogatório que durou cerca de oito horas na terça-feira (01/10/2019), Adriana narrou bom convívio familiar. Durante toda a explicação, não tirou os olhos dos jurados. “Nós tínhamos um relacionamento amoroso, mas também havia conflitos. Minha mãe não gostava do jeito que eu me vestia. Nem de que discordassem do que ela dizia. Ela era frágil e insegura, e se tornou forte pelas perdas que teve”, frisou.

O Metrópoles acompanhou desde o início, na segunda-feira (23/09/2019) da semana passada, todas as etapas do julgamento. Foram 24 testemunhas ouvidas: oito de acusação e 16 de defesa.

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