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Bolsonaristas organizam caravanas a Brasília para “exigir” eleição de Lira na Câmara

Coordenador do movimento, pastor Marlan Gustavo diz esperar no mínimo 2 mil pessoas em Brasília, e garante que não haverá violência

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Congresso Nacional fumaça câmara dos deputados
1 de 1 Congresso Nacional fumaça câmara dos deputados - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

No início da próxima semana, os parlamentares brasileiros vão decidir quem presidirá as duas Casas dos Congresso pelos próximos dois anos. Apesar da pandemia de coronavírus, bolsonaristas de todo o país estão se mobilizando para que a pressão pela vitória do candidato governista na Câmara não seja apenas virtual, mas física. Por todo o país, ônibus foram fretados para vir a Brasília no próximo dia 1º de fevereiro e, dizem as convocações, “exigir” a eleição de Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara.

Coordenador nacional dessa mobilização, o pastor Marlan Gustavo, uma liderança bolsonarista em ascensão nas redes sociais, afirma ao Metrópoles que o objetivo principal nem é a eleição do aliado do presidente, mas a viabilização do debate sobre o voto impresso nas eleições brasileiras.

“Uma coisa está ligada a outra. Sem a presidência da Câmara com um aliado, não vamos conseguir votar este ano e viabilizar para 2022 o voto impresso”, afirma ele, que contabiliza ao menos 25 caravanas confirmadas e calcula que, no mínimo, duas mil pessoas virão à capital para o ato. “Vou manter nessa previsão, mas acho que vai ser bem maior”, aposta, garantindo ainda que o movimento é “democrático e pacífico”.

“Lógico que tem gente boa e gente ruim em todos os lugares, mas nosso movimento é do bem”, afirma ele, sobre relatos de parlamentares que teriam sido ameaçados nas redes sociais por extremistas. “Não existe ameaça a deputado [entre nós]. Todos estão fora de Brasília, com a pandemia a gente não pode mais nem entrar na Câmara”, completa.

Nas convocações encontradas pela reportagem nas redes sociais e sobretudo em grupos bolsonaristas nos aplicativos de mensagens, o 1º de fevereiro está sendo descrito como “o dia mais importante para o Brasil”. Em algumas conversas, perfis sobem o tom falam em “incendiar Brasília”.

Veja exemplos das convocações que circulam no WhatsApp:

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Os pacotes para vir a Brasília e voltar, alguns prevendo hospedagem no caminho, saem por valor entre R$ 500 (para vir de Salvador) e R$ 350 (cota da caravana de Piracicaba, em São Paulo). Cidades mais próximas da capital, como Goiânia e Luziânia, em Goiás, estão organizando caravanas de carros de passeio mesmo, com vaquinha para ajudar na gasolina. “Temos movimentado a hotelaria e a alimentação em Brasília com esses atos”, valoriza o pastor Marlan Gustavo.

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Segurança do DF para questionar se havia um monitoramento do movimento e previsão de algum esquema especial de segurança. O órgão respondeu de maneira genérica; informou que “todo planejamento elaborado para acompanhamento de possíveis manifestações é realizado com base em informações previamente levantadas pelos setores de inteligência da pasta e das forças de segurança” e que “em atos públicos, as forças de segurança atuam em conjunto, com o número necessário de servidores, a fim de garantir a segurança, a ordem pública, a integridade física de todos e a fluidez no trânsito durante as manifestações”.

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Eleição acirrada

O candidato governista tem sido apontado como favorito na eleição da Câmara, mas o voto secreto abre espaço para traições. Principal adversário de Lira, Baleia Rossi (MDB-SP) tem o apoio formal de PT, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Solidariedade Cidadania, PV, PCdoB e Rede, com 242 parlamentares.

Já o bloco de Lira conta com o apoio de PP, PSL, PL, PSD, Republicanos, Pros, Patriota, PSC, PTB e Avante – 249 parlamentares. O Podemos, com 10, sinaliza seguir com ele, totalizando 259 deputados.

Apesar do favoritismo de Lira, integrantes do governo têm se esforçado para aumentar o apoio em torno do candidato. Segundo Rossi, os esforços incluiriam “coação e perseguição” a parlamentares que declaram apoio à candidatura não governista.

Após participar de alguns bate-bocas com o principal adversário e com aliados dele nas últimas semanas, o deputado Arthur Lira abriu a última semana de campanha fazendo uma apelo por pacificação. “Com tanta coisa pra fazer e com tantos brasileiros e brasileiras precisando que as instituições trabalhem, não podemos nos perder com brigas, picuinhas e bate bocas de final de campanha”, escreveu ele, no Twitter.

“Vamos fazer uma campanha limpa, em respeito não apenas uns aos outros, mas sobretudo aos nossos irmãos e irmãs brasileiros e brasileiras. O Brasil merece respeito”, completou Lira.

Aliado de Baleia Rossi, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou a fala do adversário. “Em algum momento na agressão, ele [Arthur Lira] deve ter transferido a senha das redes sociais dele para o Carlos Bolsonaro, do gabinete do ódio. Só por isso eu imagino que ele deve ter ficado tão agressivo nas redes sociais, e hoje ele está dizendo que vai ficar mais calmo, porque deve ter recuperado a senha dele”, provocou Maia.

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