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Os principais erros do Governo na Economia e Covid (por Ricardo Guedes

Hidroxicloroquina, imunização de rebanho, negação das vacinas e economia sem credibilidade

atualizado

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Reprodução/Redes sociais
Bolsonaro exibe cloroquina na live
1 de 1 Bolsonaro exibe cloroquina na live - Foto: Reprodução/Redes sociais

São três os principais erros do Governo Federal na política do Covid. Primeiro, o uso de hidroxicloroquina como tratamento precoce, medicamento cientificamente comprovado como ineficaz para o vírus. Segundo, a errônea teoria da imunização de rebanho, na tentativa da continuidade da atividade econômica. Terceiro, a negação e atraso na compra das vacinas. Com mais de 600 mil óbitos por Covid, o Brasil, com 2,7% da população, representa 12,4% dos óbitos mundiais pela pandemia.

No que tange à economia, a imunização de rebanho certamente se verifica ao término das pandemias, mas não como estratégia inicial para a manutenção da atividade econômica, apoiada pela Presidência da República e áreas Econômica e da Saúde, conforme noticiado. Os dados mostram que os países que fecharam suas economias tiveram maior êxito no Covid e no PIB do que os países que abriram suas economias. Nos países nórdicos, relativamente homogêneos, a Suécia apostou na imunidade de rebanho, com 1.460 óbitos por 1 milhão de habitantes e queda do PIB em 6,8%, enquanto Dinamarca e Noruega adotaram medidas restritivas, com 460 e 160 óbitos e queda do PIB de 6,5% e 6,3% em 2020. A Suécia somente coletou mais óbitos, sem vantagem comparativa no PIB. Isto é verdade para todos os países do mundo.

A política econômica do Governo se mostra equivocada em dois aspectos. Primeiro, na concepção original de que o controle da dívida pública e diminuição dos juros leva necessariamente à atuação dos agentes econômicos e consequente crescimento econômico. Hoje, todos os países do mundo conjugam políticas keynesianas com o mercado, como nos Estados Unidos. Segundo, sem uma linha definida de atuação, o Governo é hoje levado a ações ad hoc no reparo de problemas existentes, na casuística das eleições, com o descontrole nos gastos públicos. Na área econômica, fala-se algo, e se executa o inverso. Quão longe estamos do lema de campanha mais Brasil, menos Brasília. O PIB caiu de US$ 1,8 trilhões em 2019 para US$ 1,4 trilhões em 2020, a maior queda dentre as 20 principais economias do mundo, decréscimo de 25,8% no ano. O tensionamento político continua, em equilíbrio instável, impossibilitando a maior governança.

A demora na contratação de vacinas levou também ao maior número de óbitos. Certamente, quanto mais se vacina maior o êxito na pandemia e economia. Em junho deste ano, o Brasil estava na 87ª posição em vacinas por mil habitantes, hoje na 31ª posição, salvos que fomos pelos Governadores, Congresso e Prefeitos, com decréscimo significativo no número de óbitos.

Adicione-se a estes indicadores o desemprego, a inflação, a crise hídrica, e o descaso para com o meio ambiente. E, ainda, a péssima reputação obtida pelo Governo Bolsonaro para o Brasil no exterior.

Bolsonaro tem hoje o apoio de ¼ do eleitorado e rejeição acima de 50%, índices proibitivos para a sua reeleição.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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