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Hip dips: saiba o que são e por que não há problema algum com eles

A curvatura nos quadris ganhou as redes e pode criar um incômodo que você nem sabia que tinha. Veja como lidar com a pressão estética

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quadril flores
1 de 1 quadril flores - Foto: Unsplash

Se você é mulher, certamente já questionou alguma característica sua. Bastam alguns minutos nas redes sociais para se deparar com um bombardeio de formas estonteantes e corpos esculturais — musculosos, bronzeados e inalcançáveis para a maior parte da população. A “ditadura da beleza” sempre impõe novos incômodos, que muitas vezes você nem sabia que tinha, em uma busca incessante pela perfeição.

Os chamadoship dips são a parte do corpo mais recente pela qual a internet parece estar obcecada. De acordo com dados do Google, o interesse no termo dobrou desde o início deste ano, e ele foi pesquisado 40% a mais regularmente do que no ano passado. Mas, antes de tentar mudar a rotina de treinos ou procurar freneticamente por procedimentos estéticos para ter um “bumbum redondinho”, continue lendo.

Caso você use bastante as redes sociais ou siga perfis dedicados ao movimento Body Positive, provavelmente ouviu falar neles. Os hip dips, ou violin hips (quadris de violino, em português), são ondulações na região de encontro entre o quadril e as coxas. Do ponto de vista científico, eles se chamam depressões trocantéricas, que ficam na região próxima ao osso trocânter maior.

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Como explica Leônidas Bonfim, coordenador de ortopedia do Hospital Santa Lúcia, esses sinais “têm a ver com uma predisposição genética, e podem ser mais ou menos visíveis, dependendo da formação de cada corpo”. Ou seja, os hip dips podem ser características de qualquer mulher — desde as mais magras, consideradas dentro do padrão, até as atléticas, gordas ou sedentárias.

“É bastante comum, e pode ficar mais acentuado quando uma mulher atlética emagrece muito e perde muita gordura, ou em uma mulher gorda. Não há distinção, já que eles são uma característica anatômica de origem genética”.

No entanto, as curvaturas são incômodos relativamente comuns no consultório do especialista. Também na internet, surgiu uma explosão de treinos “milagrosos” que prometem dar fim aos detalhes, relativamente pequenos, no quadril. Há ainda procedimentos estéticos e preenchimentos voltados para quem quer sumir com a característica.

Herança patriarcal

Desde o surgimento das civilizações, pessoas do sexo feminino sofrem com os imperativos inatingíveis do regime ditatorial da beleza, que coloca a feminilidade sempre sob a ótica das suas exigências abstratas (e irreais). Embora seja da diversidade que nascem as nossas características singulares, se existe algo que une todas as mulheres é a pressão estética.

Segundo Marjorie Chaves, professora das disciplinas Cultura, Poder e Relações Raciais e Teoria Política Feminista na Universidade de Brasília (UnB), quando se trata do assunto, entram em pauta questões bastante profundas.

“Tudo gira em torno do alcance de um ideal de beleza que não existe, e mais do que isso, é extremamente subjetivo. Nós nem sabemos que padrão é esse, embora a sociedade nos forneça alguns signos do que ela considera ideal”, pondera.

Mais do que falar das particularidades femininas e da impossibilidade de alcançar o “corpo perfeito”, a professora acredita que a temática está fundamentada em três pilares importantes: patriarcado, racismo e capitalismo, e como essas instituições operam.

“Esse ideal inalcançável de beleza vai provocar um gasto de energia, tempo e dinheiro. É um artifício que coloca as mulheres sempre com essa preocupação, produzindo sujeitos inseguros, frágeis, com baixa autoestima, em um lugar de submissão eterna”, pontua.

Grupo de mulheres com corpos diferentes se abraçando

Necessidade de pertencimento

O contexto pode resultar em um adoecimento tanto do corpo quanto psíquico. A presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, Renata Figueiredo, alerta para os problemas que a busca excessiva pela beleza pode trazer em termos de saúde mental.

A necessidade de pertencimento é inerente à natureza humana. É natural desejar se encaixar e ser aceito por um grupo, e é comum procurar similaridades entre você e o outro. “Achamos bonito, começamos a ver demais e queremos ser iguais, para pertencer àquela comunidade”, ilustra a psiquiatra. “Quando somos diferentes do que vemos, há uma sensação de que não estamos sendo aprovados e isso pode causar uma pressão de agir e ser como os outros”, continua.

Essa prática entra nos termos de um “conformismo social — andar vestido de certa maneira, ter aquele padrão de beleza e agir conforme o comportamento do outro”. No momento em que um ser humano age sem perceber que cada um tem as suas particularidade, pela genética ou pelo estilo de vida, e espera que todos sejam iguais, há um ambiente propício para o adoecimento psíquico.

Entre os quadros psiquiátricos, a expert elenca transtornos como a anorexia, a bulimia, a vigorexia (prática de atividade física em excesso), e ortorexia, uma preocupação exagerada com a alimentação. Neles, estão envolvidas questões como baixa autoestima e ansiedade, muitas vezes caminhando ao lado da depressão.

Para quem quer exercitar o músculo da autoestima, a psiquiatra ensina dicas fundamentais:

  • Cuide da sua saúde: se alimente bem e pratique atividades físicas, sem exageros;
  • Pratique regularmente o exercício de reconhecer seus melhores atributos;
  • Entenda que você não é uma máquina, que precisa estar bem e produzindo o tempo todo;
  • Encontre momentos para se reconectar consigo mesma mentalmente e com seu corpo;
  • Faça uma limpeza nas redes sociais: aperte o botão do unfollow em qualquer pessoa que te faça se sentir mal com seu corpo e suas escolhas.
Saúde do corpo e da mente

Mas repare, não há nada de errado em se incomodar com certas características pessoas e querer mudá-las, com uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos. O personal trainer Anderson Dornelas, coordenador da Bodytech, ensina alguns exercícios para tonificar a região dos quadris e glúteos.

Não porque você deve diminuir os seus hip dips ou se encaixar em algum padrão, mas para se olhar no espelho e reconhecer, diariamente, sua melhor versão — e que diz respeito, unicamente, aos seus próprios padrões.

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