O maior estudo brasileiro sobre o uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, realizado por meio de uma parceria entre oito instituições de saúde do país, concluiu que o medicamento é ineficaz para evitar hospitalizações após a infecção.
Ainda em 2020, a hidroxicloroquina ganhou visibilidade nacional pela insistência do governo em tentar emplacar o medicamento como tratamento precoce contra a Covid. O remédio é, originalmente, indicado para artrite reumatoide, lúpus e malária.
Em artigo publicado nessa quinta-feira (31/3), na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, cientistas que integram a iniciativa Coalizão Covid-19 Brasil afirmam que as pessoas que foram tratadas com o medicamento nos primeiros dias dos sintomas apresentaram resultados semelhantes aos do grupo controle, que receberam placebo.

Com cerca de 50 mutações e presente em mais de 140 países, a Ômicron é considerada a variante mais infecciosa e tem sido a responsável pela terceira onda da Covid no mundoGetty Images

Em relação à virulência da cepa, os dados são limitados, mas sugerem que ela pode ser menos severa que a Delta, por exemplo. Contudo, ainda que menos grave, o fato de a variante se espalhar mais rápido tem sobrecarregado os sistemas de saúdeAndriy Onufriyenko/ Getty Images

Por isso, saber identificar os principais sintomas da doença é necessário para assegurar sua saúde e de quem você amaPixabay

Febre, dor constante na cabeça e garganta, calafrios, tosse, dificuldade para respirar e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadas pela Ômicron

Além desses sintomas, é importante desconfiar da infecção por Covid-19 se apresentar fadiga -- apontado em estudos como um sinal precoce da infecção pela variante Ômicron e que tem sido confundido com outras condiçõesHinterhaus Productions/ Getty Images

Dores musculares por todo o corpo também é comum. É um sinal de que o organismo está tentando combater o vírusPaul Bradbury/Getty Images

Perda do apetite pode aparecer. Estudos apontam que este é um sintoma recorrente entre os pacientes infectados pelas variantes Delta e ÔmicronDjelicS/ Getty Images

Dor abdominal, diarreia, náusea ou vômito são outros sintomas que podem surgir. Apesar de menos comuns na Ômicron, esses sintomas podem aparecer quando acompanhados por outros sinais da infecção viral, como complicações gastrointestinais, dor de garganta ou perda de paladar e olfatoboonchai wedmakawand/ Getty Images
Estudos anteriores já mostraram que o remédio também não tem eficácia no tratamento de pacientes internados com quadros graves da Covid.
“Toda evidência que tem se acumulado a respeito da hidroxicloroquina para tratamento é consistente de que não há um efeito benéfico, seja para o paciente hospitalizado ou que está com a doença mas não precisa se hospitalizar. Não faz o menor sentido ficar tomando o medicamento já que não há benefícios”, disse o médico intensivista Alexandre Biasi Cavalcanti, diretor do Instituto de Pesquisa do Hcor, ao Metrópoles.
A Coalizão Covid-19 Brasil é formada por pesquisadores do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). As pesquisas realizadas pelo grupo durante a pandemia se destacaram pela robustez.
Estudo
O estudo sobre uso da cloroquina para pacientes com quadros leves e moderados foi realizado entre 12 de maio de 2020 e 7 de julho de 2021 em 56 centros de pesquisa brasileiros. Ao todo, participaram 1.372 pacientes da Covid-19 com ao menos uma comorbidade. Eles receberam duas doses de 400 mg do medicamento no primeiro dia, seguida por uma dose diária de 400 mg durante o período total de sete dias iniciais da doença.
Não houve diferença significativa na ocorrência de hospitalizações entre o grupo medicado com a hidroxicloroquina e o que usou placebo nos 30 dias após o início do estudo, sendo 6,4% e 8,3% – o percentual, entretanto, não é considerado significativo para a recomendação de uso.
Embora os pesquisadores não tenham verificado o amento da ocorrência de eventos adversos com o uso do remédio, Cavalcanti destaca que o uso não se justifica. “O uso de qualquer medicação só deve ser feito se tiver os benefícios comprovados para a doença a ser tratada, e esse não é o caso da hidroxicloroquina com a Covid-19”, detalha o médico.