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Saúde do DF inicia inquérito epidemiológico e não descarta mais restrições para conter a Covid-19

Estudo será usado como referência científica de vulnerabilidade e segurança em relação ao novo coronavírus. Ação começou por Ceilândia

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Pessoas caminham pelas ruas de Ceilândia
1 de 1 Pessoas caminham pelas ruas de Ceilândia - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Equipes da Atenção Primária da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, bombeiros militares e profissionais do Sesc começam a fazer, a partir desta quarta-feira (2/12), testes do Inquérito Epidemiológico do GDF. A ação terá início por Ceilândia, região administrativa com mais casos de Covid-19 no DF. Essa etapa deve ser concluída até sexta-feira (4/11).

A medida é adotada um dia depois de o governo restringir o horário de bares e restaurantes para conter a segunda onda de coronavírus na capital do país. O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, reforçou que o DF apresentou taxa de transmissão de 1,3, acima da média do país — de 1,02.

“Todas as vezes que a gente tiver alterações, vamos comunicar o governo para que as medidas sejam adotadas, ou não. Cada vez que a gente aumentar esse quantitativo da taxa de transmissão, poderemos tomar outras medidas, caso seja necessário, para que a gente possa trazer à população mais informações e tranquilidade. É proteção para a população”, ressaltou o secretário.

“A orientação, agora, é para que as pessoas que tenham qualquer dificuldade respiratória e dois sintomas da doença procurem as unidades básicas de Saúde para realizar o teste da Covid-19”, acrescentou Osnei, após lançamento da medida em Ceilândia.

O inquérito visa avaliar a circulação do novo coronavírus em todas as cidades. O objetivo é identificar como o vírus se propaga entre a população, para, então, conter uma possível segunda onda da doença.

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Relatórios da Secretaria de Saúde apontam aumento do indicador de contágio. O índice, que vinha se mantendo, evoluiu nos últimos dias. Isso significa que 100 pessoas infectadas contaminam outras 130.

O inquérito será realizado por meio de amostragem e sorteio, com busca ativa das pessoas para fazer os testes. No total, 230 habitantes de cada uma das 34 regiões administrativas serão contempladas para fazer exames e identificar se estão com anticorpos, ou não. Só poderão participar maiores de 18 anos.

A Secretaria de Saúde conta com o apoio da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio), que fez doação de 10 mil testes para serem usados nessa investigação. Foram solicitados 34 profissionais da Atenção Primária, 34 bombeiros e 34 profissionais do Sesc; além de veículos.

A previsão é de que o trabalho esteja 100% concluído até 20 de dezembro, às vésperas das festas de fim de ano. Servidores de diversas áreas passaram por treinamento para aplicação da testagem que resultará no primeiro inquérito epidemiológico do novo coronavírus.

A capacitação ocorreu na tarde dessa terça-feira (1º/12), no auditório do Laboratório Central de Saúde Pública do DF, e foi ministrada por Elionardo Resende, especialista formado pelo Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EpiSUS). Além da testagem, os profissionais foram orientados sobre como realizar a coleta e a anotação dos dados e como proceder com as informações, entre outras diretrizes.

Como funcionará a testagem

A expectativa é de que o estudo se torne um referencial científico de vulnerabilidade ou segurança em relação à propagação da Covid-19. Os dados alcançados devem nortear as ações sobre a contenção da doença quanto à assistência necessária no cuidado aos doentes.

“O sorteio foi realizado de acordo com os endereços que têm IPTU. A orientação foi da própria Secretaria de Economia, e porque era mais fidedigno. Apenas uma pessoa de cada residência participa dos testes. Caso ninguém da casa aceite, o trabalho será realizado no imóvel vizinho. Isso está previsto na metodologia”, explicou o secretário de Saúde, Osnei Okumoto.

Os testes serão feitos simultaneamente em todas as cidades. “A primeira fase é de coleta. Depois, entra o diagnóstico e, por último, a interpretação de dados, na qual, posteriormente, será divulgado o resultado do estudo para que tenhamos parâmetros e pensemos que estratégia adotar”, explicou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Divino Valério. São previstos oito mil diagnósticos.

Primeira a participar

Moradora de Ceilândia, a dona de casa Danielle Cristina da Silva, 36 anos, foi a primeira a participar do inquérito. O resultado dela deu negativo. “Fiquei assustada em receber a visita. É muito interessante poder colaborar com a ação. Já esperava o resultado negativo. Estamos nos cuidando e temos pouco contato com o mundo de fora. Graças a Deus, deu negativo”, disse.

Danielle conhece pessoas que morreram por causa da doença. “Perdemos um vizinho, que ficou três dias internado e, depois, morreu. Foi bem ruim”, relatou. “Acredito que a população tem de continuar em casa. Sair só por necessidade, além de seguidas regras básicas, como utilização da máscara, higienização das mãos e uso do álcool em gel”, destacou.

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