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CPI vota pedidos sobre “ministério paralelo”, governadores e prefeitos

Segundo presidente, senador Omar Aziz (PSD-AM), colegiado votará mais de 400 requerimentos de informação e convocação nesta quarta (26/5)

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Plenário CPI Covid
1 de 1 Plenário CPI Covid - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid vota, nesta quarta-feira (26/5), ao menos 402 requerimentos de convocação e de informação que irão municiar as investigações do colegiado para identificar ingerências de governos na gestão da pandemia do novo coronavírus.

Na pauta que será apreciada em sessão a partir das 9h, estão, por exemplo, a reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, e a convocação de Arthur Weintraub, ex-assessor especial do presidente Jair Bolsonaro. Conforme vídeos publicados pelo Metrópoles, o irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub teria coordenado um grupo de aconselhamento a Bolsonaro durante a pandemia fora do Ministério da Saúde.

Ele seria o cabeça do que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta chamou de “ministério paralelo” durante seu depoimento, na primeira semana de trabalhos da CPI.

Como Arthur Weintraub, devem ser convocados o empresário Carlos Wizard Martins, outro suposto membro do grupo, e ex-integrantes do primeiro escalão do Ministério da Saúde, como o ex-secretário-executivo, Élcio Franco, número 2 de Pazuello.

O grupo defendia o uso da cloroquina para tratar a Covid-19 – o medicamento não tem comprovação científica para esse fim.

Conforme afirmado por Mandetta, em depoimento ao colegiado, um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), além da infectologista Nise Yamaguchi, também fariam parte deste grupo.

Defensora da cloroquina para tratar infectados pelo novo coronavírus, a médica também pode vir a ser convocada a prestar esclarecimentos. Alguns senadores, tanto da base aliada quanto de oposição ao governo, já protocolaram o pedido de convocação da infectologista.

Ela foi apontada pelos depoentes como uma das responsáveis por tentar, segundo os relatos, alterar a bula da cloroquina para recomendar o uso em pacientes do novo coronavírus. No entanto, a convocação dela não havia sido pautada para a sessão desta quarta até a última atualização desta reportagem.

Reconvocação de Pazuello

A reconvocação do ex-ministro Eduardo Pazuello também deve ser votada nesta manhã. Há expectativa grande pela aprovação do requerimento. No entendimento dos senadores, a relevância do retorno do general decorre das contradições que apresentou no seu primeiro depoimento.

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), pressiona pela volta de Pazuello, que, segundo ele, estava protegido pelo habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e aproveitou para “mentir” sem o risco de ser preso.

Dias depois de depor ao colegiado, o ex-ministro promoveu aglomeração em “motociata” no Rio de Janeiro e ainda discursou, no alto de um trio elétrico, sem máscara de proteção – equipamento de proteção do qual Pazuello se disse defensor do uso no depoimento.

Governos na mira

Além do “ministério paralelo”, senadores miram a convocação de, pelo menos, nove governadores e 12 prefeitos e ex-prefeitos. Todos foram ou são investigados pelas autoridade por suspeitas de irregularidades no uso de recursos federais para enfrentamento da crise sanitária.

A ida de governadores e prefeitos é pleito antigo da base aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os senadores governistas, desde o início da comissão, tentam desviar o foco da maioria opositora da CPI das ações do governo federal e cobra que estados e municípios sejam inseridos no escopo investigativo do colegiado.

Os requerimentos apresentados incluem a convocação dos governadores de Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Pará, Rondônia, Roraima, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Veja quem deve ser convocado: 

– Governadores

  • Wilson Lima (Amazonas);
  • Waldez Goes (Amapá);
  • Ibaneis Rocha (Distrito Federal);
  • Helder Barbalho (Pará);
  • Claudio Castro (Rio de Janeiro);
  • Marcos Rocha (Rondônia);
  • Antonio Denarium (Roraima);
  • Eduardo Leite (Rio Grande do Sul);
  • Carlos Moisés (Santa Catarina).

– Ex-governador

Wilson Witzel (RJ)

– Prefeitos

  • Ricardo Nunes (São Paulo);
  • Edvaldo Nogueira (Aracaju-SE);
  • Edvaldo Holanda Júnior (São Luís-MA);
  • Tião Bocalom (Rio Branco-AC);
  • Roberto Claudio (Fortaleza-CE);
  • Geraldo Júlio (ex-prefeito de Recife-PE);
  • Clécio Luís (Macapá-AP);
  • Toninho Colucci (Ilha Bela-RJ);
  • João Rodrigues (Chapecó-SC);
  • David Almeida (Manaus-AM);
  • Walter José Lessa (São Lourenço-MG).

O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) comemorou a apreciação de requerimentos para convocar governos estaduais e municipais. “Isso representa um avanço. É o que queríamos desse o começo, com o requerimento do senador [Eduardo] Girão, que se apurasse a conduta de gestores federal, estaduais e municipais e o que foi feito com o dinheiro. Há suspeita de desvios, contratos fictícios, corrupção. Operações da Polícia Federal ocorreram em pelo menos 18 estados, mais de 50 operações. Seria impossível essa CPI avançar sem apurar o que aconteceu na ponta, nos estados e municípios”, declarou.

“Capitã Cloroquina”

Senadores ouviram, nessa terça (25/5), o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Conhecida como “Capitã Cloroquina”, a médica prestou esclarecimentos sobre as ações de sua pasta durante a pandemia.

Mayra afirmou que o Ministério da Saúde não teve percepção de que faltaria oxigênio em Manaus enquanto esteve na capital amazonense, entre os dias 3 e 5 de janeiro deste ano. Segundo a secretária, a finalidade da viagem a Manaus foi fazer um relatório de prospecção e, quando a médica soube do desabastecimento de oxigênio hospitalar, não estava mais na capital do Amazonas.

A declaração da secretária, no entanto, contrariou depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde. Mayra Pinheiro disse aos senadores que a comunicação da empresa teria sido feita no dia 8 de janeiro. Já Pazuello, no entanto, afirmou à CPI que só foi informado da falta de oxigênio em Manaus dois dias depois.

Ela também comentou sobre a criação do aplicativo TrateCov, que indicava remédios sem eficácia comprovada até para crianças e gestantes com Covid-19. Segundo a secretária, a plataforma foi alvo de uma “extração indevida” de dados por um jornalista, o que não ocorreu. O profissional apenas analisou o código do aplicativo, público. Ela negou que o dispositivo tenha sido colocado em uso.

Outro ponto de destaque da oitiva ocorreu quando um áudio atribuído à médica foi divulgado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Na gravação, Mayra diz que a Fiocruz tinha tapetes com a imagem de Che Guevara e “um pênis” na porta.

“A Fiocruz trabalha contra todas as políticas que são contrárias a eles, de minorias. Tudo deles envolve LGBTI, eles têm um pênis na porta da Fiocruz. Todos os tapetes são a figura do Che Guevara, as salas são figurinhas do ‘Lula Livre’, ‘Marielle Vive’”, afirma Mayra no áudio. As declarações geraram revolta e chacota na sessão e nas redes sociais.

A gravação, segundo ela, teria sido repassada a um colega, que vazou o conteúdo. Na ocasião, a médica não integrava o corpo do Ministério da Saúde. “Eles fazem uma listra tríplice e é apresentada para a Presidência da República. Da última vez no governo do PT, o senador Tasso [Jereissati (PSDB-CE)] foi uma das pessoas que endossou o nome dessa mulher aí (sic), foi uma guerra e a gente não conseguiu [barrar a nomeação]. Tem que tirar esse poderio [da Fiocruz] de direcionar a saúde no Brasil”, disse no depoimento.

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