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Hackers: troca de mensagens faz PF suspeitar de venda de arquivos

“Acabou a tempestade, veio a bonança”, disse Walter Delgatti Neto a Danilo Cristiano Marques, seu suposto “testa de ferro”

atualizado

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Andre Borges/Especial para o Metrópoles
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1 de 1 imagem colorida mostra hacker walter delgatti - Metrópoles - Foto: Andre Borges/Especial para o Metrópoles

A Polícia Federal acredita ter encontrado um indício que pode ajudar a desvendar a principal dúvida que ainda paira sobre os suspeitos de hackear as principais autoridades do país, como o hoje ministro da Justiça, Sergio Moro, e os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato: se eles venderam as mensagens que obtiveram de forma ilegal. Numa conversa trocada via aplicativo, Walter Delgatti Neto, que confessou chefiar o grupo, diz a Danilo Cristiano Marques, seu suposto “testa de ferro”, que “acabou a tempestade”, “veio a bonança”. São informações do Estadão.

A conversa consta num relatório de 13 páginas em que a PF sustenta para a necessidade da manutenção das prisões de Delgatti e Gustavo Henrique Santos, o DJ de Araraquara também suspeito de participar dos crimes.

No relatório, ao qual o Estadão teve acesso, os investigadores dizem que a troca de mensagens ocorreu em 10 de abril de 2019, dois meses antes de conversas entre Moro e procuradores da Lava Jato serem divulgadas.

São conversas que “sugerem algum feito”, conclui a PF, numa sinalização de que Delgatti poderia estar comemorando a venda das mensagens. A conversa entre os dois é acompanhada pela descrição “@chefedeestado”.

No documento, a polícia diz que Danilo e Suelen Priscila de Oliveira, namorada de Gustavo, não oferecem mais riscos para obtenção de provas, podendo assim ser soltos.

Os investigadores da PF concluíram parte da perícia dos materiais apreendidos na Operação Spoofing na semana passada. Até o momento, além das suspeitas de que Delgatti teria recebido pelas mensagens que vazou, também dizem ter encontrado elementos que indicam fraudes bancárias.

Celulares
Os quatro suspeitos foram presos pela Polícia Federal no dia 23 de julho, no âmbito da investigação sobre a invasão de telefones celulares de autoridades, incluindo o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.

Delgatti afirmou em depoimento à PF ter repassado o conteúdo das supostas mensagens ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, que tem divulgado reportagens com base nas conversas desde junho. O hacker disse que não cobrou contrapartidas financeiras para repassar os dados.

A defesa
Procurada, a defesa de Delgatti afirmou que, até o momento, a PF não apresentou nos autos os supostos arquivos acessados pelo seu cliente.

“Considerando todo material apreendido há mais de um mês, tempo hábil para o delegado apresentar provas concretas dos supostos acessos, uma mera tentativa de acesso, sem comprovação de invasão, com cópia de dados, não justifica o acautelamento provisório. Ressalte-se que Walter Delgatti Neto é estudante de Direito e até o momento não apresentou nenhum risco à continuidade das investigações, sempre colaborando com a autoridade policia”, afirmaram os advogados.

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