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Roma, candidato de Bolsonaro ao governo da Bahia, ataca ACM Neto

Quando o amor se transforma em ódio

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
O pré-candidato ao governo da Bahia e ex-ministro de Bolsonaro, João Roma fala ao microfone em evento. Ele usa colete bege e camisa social azul - Metrópoles
1 de 1 O pré-candidato ao governo da Bahia e ex-ministro de Bolsonaro, João Roma fala ao microfone em evento. Ele usa colete bege e camisa social azul - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

“Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio, nem há no inferno ferocidade como a de uma mulher desprezada”, ensinou William Congreve, dramaturgo inglês do século XVII.

A primeira parte aplica-se à perfeição ao caso de políticos que já se amaram muito e que viraram adversários figadais. Por exemplo: o pernambucano João Roma e o baiano ACM Neto.

Roma, um dia, trocou o Recife por Salvador, e ele e ACM acabaram se tornando amigos de berço, camaradas. ACM é padrinho da filha de Roma. Roma foi assessor de ACM na prefeitura de Salvador.

Em 2018, com o apoio de ACM, Roma se elegeu deputado federal. A amizade dos dois esfriou quando Roma aceitou o convite de Bolsonaro para ser ministro da Cidadania. ACM foi contra.

Quem acreditaria que a indicação de Roma para ministro não fora feita por ACM? Ninguém acreditaria. E ACM queria distância de Bolsonaro porque já era candidato a governador.

O plano de ACM (UNIÃO) era não ter candidato a presidente. A Bahia é governada há 16 anos pelo PT. Sem candidato, ACM poderia ser votado por petistas e bolsonaristas.

A amizade dos dois acabou de vez quando Roma, estimulado por Bolsonaro, candidatou-se pelo PL ao governo da Bahia. ACM lidera as pesquisas de intenção de voto. Roma está muito longe dele.

A distância só fez aumentar depois que os dois participaram do debate promovido pela TV Globo. Foi Roma que começou:

“Hoje, o candidato que fugiu durante todos os debates aparece aqui. Parece que tomou uma dosezinha de amoxicilina. […] Ele não tem condições psicológicas de ocupar o governo da Bahia.”

Amoxicilina é um antibiótico usado no tratamento de diversas infecções, inclusive a de pele. ACM está sob fogo cerrado dos adversários por ter dito que é pardo e parecer bronzeado demais.

Resposta de ACM a Roma:

“Você tem como característica principal a deslealdade e a sede de poder. Eu não queria entrar nesse tipo de assunto, mas imaginem: vocês, quando têm um filho e vão batizar, escolhem para padrinho a pessoa que mais gostam. Pois é. Eu sou padrinho da filha dele e convivi com ele por 20 anos”.

Na tréplica, Roma rebateu a crítica:

“Eu passei 20 anos limpando o chão para você. Quando foi anunciado que eu fui convidado para ser ministro, você mandou uma pessoa me dizer que não queria mais falar comigo.”

Em outro momento, Roma aproveitou uma pergunta feita pelo candidato Jerônimo Rodrigues (PT) para mencionar a polêmica racial envolvendo ACM:

“Candidato Jerônimo, não exija tanto de um candidato que não sabe nem a cor da sua pele. Nesses 20 anos de convivência que ele falou, nunca me disse que era negão”.

Nas pesquisas, Rodrigues aproxima-se velozmente de ACM.

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