metropoles.com

O filho que chora pelo pai, e o pai que chora de vergonha

Advogados usam a mídia para fazer política

atualizado

Compartilhar notícia

Vinícius Schmidt/Metrópoles
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro
1 de 1 Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Na quinta-feira (17/8), Cézar Bitencourt, advogado do tenente-coronel Mauro Cid, preso desde o início de maio último, disse, em entrevista à GloboNews, que um ajudante de ordem, como o nome mesmo diz, apenas cumpre as ordens que recebe.

Ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, portanto, Mauro Cid limitou-se a fazer o que seu chefe, direta ou indiretamente, mandou que fizesse. Bolsonaro mandou que fosse “pegar” as joias do Estado brasileiro desviadas e vendidas no exterior. E ele obedeceu, ora.

A recompra das joias caracteriza obstrução de Justiça, porque, com sua devolução, estaria se tentando ocultar o crime de desvio e de venda de algo que pertencia ao Estado brasileiro. Mas Bittencourt não disse isso. Disse que Mauro Cid está disposto a falar a respeito.

Na sexta-feira (18/8), em entrevistas à GloboNews e a quem mais o procurou, Bittencourt revelou que havia conversado com Paulo Cunha Bueno, defensor de Bolsonaro, e deu a entender que Mauro Cid poderia desistir de contar o que sabe sobre o caso das joias.

O que aconteceu? Mauro Cid, que chora pelo pai, o general Mauro Lorena Cid que chora de vergonha, teria sido pressionado a ficar calado? Os dois são figuras de destaque da República da Muamba e dos Camelôs que vendem e compram joias.

Ou o pressionado teria sido Bittencourt, depois da conversa que teve com Bueno? Nem uma coisa nem a outra. Jogadas de advogados. Em menos de 48 horas, Bitencourt tirou Mauro Cid da condição de acusado, passando-o à de testemunha de um crime.

Se quiserem que ele conte o que sabe, terão que ceder às suas exigências e negociá-las com seu advogado. Simples assim. De pião cercado num tabuleiro de xadrez, pelo menos Mauro Cid teria se libertado do cerco e avançado uma casa. Que tal? Dará certo?

Certamente sem querer, talvez porque lhe falte a experiência de Bittencourt, Bueno também falou à imprensa e, ao fazê-lo, expôs a fraqueza de sua tese. Disse que a lei ou ausência de lei permite a venda das joias dadas pelos árabes sauditas a Bolsonaro.

Ou seja: não desmentiu que Bolsonaro as embolsou, mandou vendê-las nos Estados Unidos e recomprá-las; afinal, poderia fazê-lo. Mas isso Bueno não chegou a dizer com todas as letras. É Bolsonaro, e somente ele que gosta de mentir a rodo, que diz.

Bolsonaro diz também que não sabia de nada e começa a jogar a culpa por tudo nas costas de Mauro Cid. Nada a estranhar. É seu costume. Para salvar sua cabeça, entrega a dos outros.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?