metropoles.com

“Caridade”, alega médica sobre idosa em situação de escravidão em SP

Médica Maria de Fátima Nogueira Paixão alega ao MPT que manteve uma idosa de 82 anos em trabalho análogo à escravidão por “caridade”

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
maria de fatima idosa médica
1 de 1 maria de fatima idosa médica - Foto: Reprodução

São Paulo – A médica pediatra Maria de Fátima Nogueira Paixão alegou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que manteve uma idosa de 82 anos em trabalho análogo à escravidão por “caridade”.

A acusada tentou justificar que ajudava a vítima, que trabalhou por 27 anos sem salário e folgas. A idosa vivia na casa da médica e de seu marido, o empresário Hamilton José Bernardo, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

“Ela falou: ‘Eu estou fazendo uma caridade, porque nem a família dela quer ela”, relatou ao Metrópoles o procurador Henrique Correia, responsável por conduzir a força-tarefa que resgatou a vítima de exploração.

0

Direitos mínimos

O membro do MPT afirma ter questionado a médica: “Durante esses 30 anos, ela te ajudou a criar o seu filho e a senhora não pagou os direitos dela?”. Segundo Correia, a pediatra argumentou que remunerou “dando dinheiro picado” para a idosa.

“No entanto, não se comprovou que havia o pagamento dos direitos mínimos e a garantia de dignidade. Constatamos que ela nunca teve um pagamento. Ela nunca registrou essa senhora”, afirma o procurador Henrique Correia.

Maria de Fátima Nogueira Paixão afirma que dava R$ 100 para a idosa ir visitar o irmão em uma cidade vizinha a cada 15 dias, em média.

Aposentadoria

Devido à idade, a idosa recebia o Benefício Previdenciário Continuado (BCP), mas nem sequer tinha acesso ao seu cartão de saque, que ficava sob a responsabilidade da médica.

“Ela [a vítima] recebia um auxílio do governo, mas a gente não sabe onde está esse dinheiro. Ela [idosa] estava com uma bolsa, eu perguntei se ela estava com o cartão da aposentadoria. A senhora respondeu que ficava com a patroa”, conta o procurador.

Acusados

Maria de Fátima Nogueira Paixão e Hamilton José Bernardo foram acusados de exploração pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e respondem a ação civil pública. O casal mora em uma casa no bairro tradicional Ribeirânia, e tem três filhos, que são médicos.

Uma decisão judicial obtida pelo MPT determinou o bloqueio de bens da médica e do empresário. O valor de R$ 815 mil será transferido para a idosa, com objetivo “reparar uma vida inteira de submissão e abusos praticados” pelos réus, segundo o MPT.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?