“Deus salve a rainha.” Desde 1952, o hino da Inglaterra traz como título a expressão anterior em razão do comando de Elizabeth II. Sem sombra de dúvida, a monarquia britânica é a mais conhecida do planeta, principalmente com as polêmicas envolvendo os parentes da soberana. Mas existem outros reinos espalhados pelos continentes que nem sempre são governados pela figura de um rei ou da rainha. Podem liderar os súditos, imperador, príncipe, sultão, duque, emir ou até mesmo o papa.
A monarquia é a mais antiga forma de governo em vigor na atualidade. O soberano se mantém no posto até o dia da morte ou da renúncia. Diante das duas situações, o trono é passado, na maioria das vezes, de forma hereditária, ou seja, ao filho mais velho. De acordo com a Organização das Nações Unidas, há atualmente 44 territórios com monarcas, sendo 43 reconhecidos como estados independentes. O Vaticano também está incluído na listagem mesmo não sendo membro da ONU.
Caso só conheça a monarquia britânica, prepare-se para o aulão de história!
Vaticano é uma monarquia?
As monarquias estão divididas em cinco categorias. É o caso da absolutista hereditária, em que o soberano herda o trono, detém os poderes superiores e exerce a função de primeiro-ministro. Já no modelo constitucional hereditário, o “líder” está sujeito a uma constituição e o seu comando fica limitado às leis. Outro tipo desse sistema de governo é o constitucional eletivo. Nesse caso, os monarcas são escolhidos por votos de influentes locais. O mandato do eleito pode ser vitalício ou por tempo determinado.

Seguindo o conceito de monarquia, o papa Francisco é o "rei" do VaticanoFranco Origlia/Getty Images

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Menos comum, o modelo de diarquia ocorre somente em Andorra, pequeno país europeu situado entre a França e a Espanha, nas montanhas dos Pirineus. Nessa categoria, a forma de governo é compartilhada por dois chefes de Estado. De um lado, está o presidente da França, eleito pela população, e do outro, o bispo católico, nomeado pelo papa. Ambos são chamados de copríncipes. O poder religioso também surge na monarquia absolutista eletiva não hereditária. O único lugar a seguir o formato é o Vaticano. Na ocasião, o papa atua como rei, definido pelo Colégio de Cardeais.
Volta ao mundo
Grande parte do cenário político mundial traz como regime a democracia em razão da influência causada pela Revolução Francesa, no século XVIII. Dos 44 estados que se definem como monarquia, 33 são reinos; três, principados; três, emirados; dois, sultanatos; um império; um grão-ducado; e um papado. Depois de descobrir que o Vaticano se enquadra nesse formato de governo, confira outros países reconhecidos pela ONU por terem o poder centrado na mão de um rei, imperador, emir ou sultão.
Arábia Saudita – Reino
Conhecida pelas reservas de petróleo, a Arábia Saudita funciona nos moldes de uma monarquia absolutista hereditária. Lá, o soberano é tanto chefe de Estado quanto de governo. Desde 2015, está na função de rei e primeiro-ministro Salman bin Abdulaziz al-Saud. Ele herdou o comando do país após a morte do pai, mas antes precisou ser aprovado por um comitê formado por príncipes locais. A família real saudita tem quase 16 mil pessoas.

Japão – Império
Na Terra do Sol Nascente, consta a mais velha dinastia hereditária do mundo, a Yamato. No poder, está o imperador Naruhito, de 59 anos. Ele tomou posse após a renúncia do pai, Akihito, em maio. O país asiático só permite que homens assumam o Trono do Crisântemo. Por essa razão, quem deverá suceder o atual soberano é Hisahito de Akishino, príncipe mais jovem do Japão. Hoje, com 14 anos, ele foi o primeiro membro masculino da família imperial a nascer desde 1965.

Kuwait – Emirado
Em setembro, o Kuwait passou por uma dança das cadeiras. Com a morte do emir xeque Sabah Al-Ahmad Al-Sabah, aos 91 anos, a coroa foi passada ao então príncipe herdeiro, Nawaf Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah. O sucessor fez o juramento ao público dias após o falecimento do meio-irmão. Além de estar no poder desde 1756, a dinastia Sabah controla uma poderosa companhia de petróleo no país árabe.

Mônaco – Principado
País europeu, Mônaco é famoso pelos cassinos de luxo, o distrito de Monte Carlo e o Grande Prêmio da Fórmula 1. Outro destaque do principado se faz presente no sobrenome Grimaldi. À frente da monarquia desde 2005, está o príncipe soberano Albert II, filho de Grace Kelly e Rainier III, príncipe de Mônaco. O “poderoso” não manda e desmanda como ocorre em outros lugares. O Legislativo se forma por meio de eleição. Ele pode até indicar o chefe de Estado, mas somente entre uma lista de três nomes previamente votados e selecionados.

Princesa Charlene com o marido, o príncipe Albert IISC Pool - Corbis/Corbis via Getty Images

Os badalos à noite de Mônaco. Ao fundo, o palácio GrimaldiJohn Greim/LightRocket via Getty Images

O príncipe Albert II é filho da icônica princesa Grace Kelly com Rainier IIIArnold Jerocki/Getty Images

Grande prêmio da Fórmula 1 de MônacoHoch Zwei/Corbis via Getty Images
Catar – Emirado
País sede da Copa do Mundo de 2022, o Catar declarou independência do domínio britânico em 1971 para se tornar um Estado monárquico. Atualmente, o emir Tamin bin Hamad Al-Thani está à frente do trono. Ele assumiu o cargo após a abdicação do pai, Hamad bin Khalifa Al-Thani, em 2013. Um ano depois, casou-se com Noora bint Hathal Al-Dosari. Os integrantes da realeza carregam o sobrenome Al-Thani.

Luxemburgo – Grão-ducado
Até 1980, Luxemburgo esteve sob o governo dos Países Baixos. Considerado peculiar, o país é o único grão-ducado ainda existente no planeta. Tendo a maior renda per capita mundial, o sistema político se enquadra no modelo de monarquia constitucional. Lá, o soberano se define como grão-duque, no caso, responde pelo título Henrique. Ele tem laços com a família real brasileira e portuguesa, pois sua tataravó materna era Maria José de Bragança. Os deveres do soberano são representativos, principalmente em eventos exteriores.

Emirados Árabes Unidos – Emirado
Como o próprio nome já diz, os Emirados Árabes Unidos é liderado por um emir. Em relação a outras monarquias, a organização do país é um tanto quanto diferente. Dividido em sete distritos, cada um possui um soberano. Entretanto, de todos os líderes, o “todo poderoso” fica em Abu Dhabi, também responsável por assumir o cargo de presidente. O ofício está nas mãos de Khalifa bin Zayed Al-Nahyan desde 2004. Ele ascendeu ao trono devido à morte do pai, Zayed bin Sultan Al-Nahayan.

Malásia – Reino
Composta por 13 estados, incluindo nove sultanatos, a Malásia é classificada como um reino. No país asiático, o mandato do soberano é de cinco anos e, ao término, elege-se um novo. Mas tudo pode mudar, caso o atual monarca renuncie ao cargo. Foi isso que ocorreu em 2019. O rei Muhammad V abdicou das funções reais ao resolver se casar com uma miss russa de 25 anos. Com a decisão, houve uma votação e saiu vitorioso o sultão Tengku Abdullah, de 59 anos. Ele não pode interferir no sistema político.

Brunei e Omã – Sultanatos
Pouco conhecido, Brunei está localizado no continente asiático. Detém a missão de ser sultão e primeiro-ministro, Hassanal Bolkiah, desde 1967. Tendo em mãos todo o poder do Estado, o monarca absoluto pode cuidar até do Conselho Legislativo. Com uma fortuna avaliada em US$ 20 bilhões, o mandatário mora com as mulheres e filhos em uma das maiores casas do mundo. Outro país que segue o sistema de governo é Omã, fixado no Oriente Médio. O sultão Qabus bin Said Al-Said comanda finanças, governo e militares há mais de cinco décadas.

O sultão Qabus bin Said Al-Said comanda o governo em OmãAnadolu Agency/Getty Images

Hassanal Bolkiah comanda Brunei desde 1967Leon Neal/Getty Images
Reino Unido – Reino
Encabeçando a coroa britânica desde 1952, a rainha Elizabeth II é a chefe de estado de 16 países, chamados de Commonwealth of Nations (Reinos da Comunidade das Nações, em tradução do inglês). A soberana não atua como autoridade executiva nesses lugares, nem mesmo na Inglaterra, onde mora, e o governo denomina-se uma monarquia parlamentar. Prestes a comemorar 95 anos em abril, ela ascendeu ao trono após a morte do pai, o rei George VI.
Os países que formam a Commonwealth são: Antígua, Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Tuvalu e Reino Unido (integra Inglaterra, Irlanda). Devido à distância geográfica, alguns territórios têm a figura real representada por um governador-geral, pessoa indicada pela rainha. Elizabeth II é a monarca a ocupar por mais tempo o trono britânico. Em 2022, completará 70 anos de reinado.

Com o pedido médico, Elizabeth terá de deixar de lado o costume de beber diariamente Toby Melville - WPA Pool/Getty Images

Transmissão do discurso de Natal da rainha é feito anualmente na tevê WPA Pool/Getty Images

O próximo na linha de sucessão ao trono britânico é o príncipe CharlesDivulgação/Getty Images
Outras monarquias
A lista de monarquias independentes abrange também outros países. Classificam-se como reinos: Bahrein, Bélgica, Butão, Camboja, Dinamarca, Espanha, Jordânia, Lesoto, Marrocos, Noruega, Holanda, Suazilândia, Suécia, Tailândia e Tonga. Já Liechtenstein pertence à categoria de principados. Na galeria baixo, confira os soberanos dos respectivos países:

No poder desde 1999, o rei do Bahrein, Hamad bin Isa al-Khalifa, com a rainha Elizabeth IIMark Cuthbert/UK Press via Getty Images

Integrantes da família real da Bélgica. O príncipe Filipe é o rei do país desde 2013Frédéric Sierakowski - Royal Belgium Pool/Getty Images) (Photo by Frédéric Sierakowski - Royal Belgium Pool/Getty Images

Rei do Butão, Jigme Khesar Namgyel Wangchuk ocupou o trono em 2008. A família Wangchuk está no poder por cerca de um séculoJun Sato/WireImage/Getty Images

Sem poderes políticos, Norodom Sihamoni é o rei do CambojaAP Photo/Koji Sasahara/Pool/Anadolu Agency via Getty Images

A Dinamarca tem como rainha Margrethe II, no poder desde 1972Ole Jensen/Getty Images

Com a abdicação do rei Ruan Carlos I, quem assumiu o trono foi Felipe de Bórbon, atual soberano da EspanhaCasa de S.M. el Rey/Spanish Royal Household via Getty Images

Com o cargo de primeiro-ministro, o rei da Jordânia, Abdullah II, iniciou o reinado em 1999Sean Gallup/Getty Images

Lesoto tem como monarca o rei Letsie III. Ele assumiu em 1990, quando o seu pai foi para o exílio. Mas, consideram o seu comando do cargo somente a partir de 1996Minasse Wondimu Hailu/Anadolu Agency/Getty Images

Rei do Marrocos, Mohammed VI teve os poderes reduzidos após a Primavera Árabe, em 2011Carlos R. Alvarez/WireImage/Getty Images

Rei da Noruega, Harald V com a mulher Sônia. Os integrantes da monarquia atuam como cerimonialistasRune Hellestad - Corbis/Corbis via Getty Images

Soberano da Holanda, o rei Willem-Alexander com a mulher, a rainha Máxima. Consegue influenciar o parlamentoPatrick van Katwijk/WireImage/Getty Images

Rei da Suazilândia, Mswati III ascendeu ao trono em 1986, à época tinha 18 anosMary Altaffer-Pool/Getty Images

Eles estão à frente da monarquia suecaMichael Campanella/Getty Images

Rei da Tailândia desde 2016, Maha Vajiralongkorn pode perdoar crimes e vetar decisões do legislativo Anusak Laowilas/NurPhoto via Getty Images

Monarca de Tonga, o rei George Tupou VI herdou o cargo após a morte do irmão, o então soberanoEdwina Pickles/Fairfax Media/Getty Images

Príncipe Hans-Adam II de Liechtenstein. Chefe de estado, ele pode dissolver o parlamento e vetar leisPascal Le Segretain/Getty Images
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