Em interação com apoiadores nesta sexta-feira (9/7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a ofender o ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, a quem chamou de “imbecil”, e, novamente, subiu o tom contra o que chama de “fraudes”, se o atual sistema eleitoral, com urnas eletrônicas, não for mudado para impressão do voto. O chefe do Executivo federal, sem qualquer prova, afirmou que a fraude “está no TSE”. Barroso é o atual presidente da Corte eleitoral.
“Pessoal, presta atenção. É sério o que vou falar aqui. Tem muita gente filmando, então tem repercussão. Lá atrás, no passado (tô com 66 anos), sempre se buscava aí fraudar, de uma forma ou outra, as eleições, no papel, botando mesário pra contar favorável a ele, anulando votos que interessavam… Porque é luta do poder. Hoje em dia, mudou. É de cima para baixo. A fraude está no TSE [Tribunal Superior Eleitoral], para não ter dúvida.”
“Daí vêm os institutos de pesquisa – fraudados também – botando ali o ‘9 dedos’ lá em cima. Pra quê? Pra ser confirmado com voto fraudável no TSE. Não estou culpando todos os servidores do TSE, mas a cabeça ali tem algo, porque eles não querem o voto auditável”, acusou o presidente.
A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi registrada por um canal no YouTube simpático ao presidente.
Bolsonaro tem insistido na tese de que a urna eletrônica – que o elegeu para sucessivos mandatos na Câmara dos Deputados, e para a Presidência da República, em 2018 – é passível de fraude.
“Pode ter certeza: urna é fraudada. Nós vamos ter eleições limpas, pode ter certeza. E eu não participar de fraude não quer dizer que eu vou ficar em casa. Não teremos eleições fraudadas em 2022”, declarou o mandatário a seus simpatizantes.
“Já tá certo quem vai ser presidente o ano que vem. A gente vai deixar entregar? A cada dia que passa, vocês estão se conscientizando. Não se justifica. Então, nós temos que conscientizar quem tá do nosso lado. Se as eleições fossem honestas por causa da tecnologia, por que mundo não adota?”, seguiu questionando.
PEC do voto impresso
Atual presidente do TSE, Barroso atua contra a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) para tornar o voto impresso obrigatório e tem recebido parlamentares para tratar do assunto. Os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin, que também integram o TSE, uniram-se ao magistrado na defesa da urna eletrônica.
A votação da PEC, na comissão especial criada na Câmara para analisar o texto, foi adiada para a próxima semana, em razão das dificuldades em reunir o número de votos. Favorável ao projeto, o relatório apresentado é de autoria do deputado federal Filipe Barros (PSL-PR). A matéria é encampada pela base ideológica do mandatário do país, mas possui poucas chances de prosperar.
Entre seus apoiadores, Bolsonaro repetiu acusações contra Barroso: “Se nós queremos uma maneira a mais de botar transparência, por que o Barroso é contra? Ministro do Supremo Tribunal Federal. Uma vergonha um cara desse estar lá. Não é porque ele defende aborto, não, porque ele quer defender a redução da maioridade para estupro de vulnerável. Com 12 anos de idade, se uma menina fizer sexo, isso não é estupro, pode ser consentido, segundo a cabeça dele. Um cara que quer liberar as drogas, um cara que defendeu o terrorista assassino italiano Cesare Battisti. Esse é o perfil de Barroso. Um cara desse tinha que estar em casa, se bobear…”.
Após ser interrompido por um apoiador que afirmou que Barroso deveria estar na cadeia, Bolsonaro prosseguiu: “Ou um outro lugar”.
O Metrópoles fez contato com as assessorias do ministro Luís Roberto Barroso e do STF para comentar as declarações do presidente. A matéria será atualizada quando houver retorno.