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À espera de Wizard, CPI ouve auditor do TCU que fez “estudo paralelo”

Empresário e servidor do Tribunal de Contas da União ganharam no STF o direito de ficar em silêncio perante os integrantes da comissão

atualizado

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Presidente do TCU decide afastar auditor que passou dados a Bolsonaro
1 de 1 Presidente do TCU decide afastar auditor que passou dados a Bolsonaro - Foto: Reprodução

Após uma sessão tumultuada nessa quarta-feira (16/6), a CPI da Covid receberá, nesta quinta-feira (17/6), o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Marques (foto em destaque). O depoimento foi marcado como alternativa à provável ausência do empresário bolsonarista Carlos Wizard, que estaria nos Estados Unidos e não demonstrou disposição em comparecer à comissão.

Marques e Wizard entraram com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitarem os respectivos depoimentos à CPI. O ministro Luís Roberto Barroso concedeu ao empresário o direito de ficar em silêncio, mas ele precisa comparecer à comissão. O ministro Gilmar Mendes concedeu a mesma prerrogativa ao auditor.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), disse que o depoimento de Wizard está marcado e o aguarda nesta quinta-feira. “Se não vier, tomaremos as medidas cabíveis”, afirmou. A princípio, os senadores pretendem requisitar o passaporte do empresário até que ele preste depoimento. Contudo, a condução coertiva também está no radar.

Wizard é um suposto membro do “ministério paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia. O grupo extraoficial defende drogas sem eficácia comprovada para a Covid-19 e a “imunidade de rebanho” como estratégia para combater a pandemia.

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Relatório desmentido

Já Marques é o autor do “estudo paralelo” utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro, como sendo do TCU, para questionar o número de mortes por Covid-19 no Brasil 2020, o que foi desmentido pelo próprio tribunal.

O TCU afirmou que o documento se trata de uma “análise pessoal” de um servidor e abriu sindicância para apurar se houve alguma “inadequação de conduta funcional” no caso.

“Vamos ver em que o auditor do TCU se baseou. Ele preparou o relatório e poderá explicar à CPI de onde tirou aqueles números, qual foi a tese que ele usou para chegar ao número de óbitos na pandemia totalmente diferente daquilo que o Brasil está vendo”, ressaltou Aziz.

Ao anunciar que pediria a convocação e a quebra de sigilo do auditor, o senador Humberto Costa (PT-PE) destacou que Marques é amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. O pai do auditor ganhou um cargo na Petrobras e já teria se reunido com Bolsonaro em três oportunidades. Essa relação também será alvo de questionamentos.

Depoimento de Witzel

Na sessão dessa quarta, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, amparado por um habeas corpus, pediu para se retirar antes de encerrar o depoimento. Minutos antes, Witzel havia sido xingado pelo senador governista Jorginho Mello (PL-SC). Ao sair, Witzel disse ter sido atacado com acusações “chulas”.

A comissão realizará, nesta sexta-feira (18/6), nova audiência pública, desta vez com médicos que defendem medicamentos sem comprovação de eficácia: Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves. Zimerman, inclusive, esteve na comitiva que foi a Manaus, em janeiro deste ano, divulgar o “tratamento precoce”.

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