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Olavistas perdem cargos no governo, financiamentos e visibilidade na rede

Engajamento em postagens de perfis bolsonaristas nas redes sociais cai até 40% em um momento que influenciadores enfrentam cerco

atualizado

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Reprodução/Twitter
Fiolósofo Olavo de Carvalho
1 de 1 Fiolósofo Olavo de Carvalho - Foto: Reprodução/Twitter

Quando o governo Bolsonaro agia como se não precisasse fazer política, no começo de 2019, o escritor Olavo de Carvalho tinha lugar ao lado do presidente em jantares de gala. Um ano e meio depois, o guru da franja mais extremista do bolsonarismo deixa recados em tom de ameaça nas redes sociais do chefe do Executivo, mas sequer recebe respostas.

“Estou gostando de ver, senhor presidente, como as suas malditas Forças Armadas garantem a minha liberdade”, comentou Carvalho em uma postagem de Bolsonaro numa solenidade militar na última quinta (6/8).

A liberdade pela qual o Olavo, que mora nos Estados Unidos, clama é a econômica e a de expressão, que ele afirma terem sido tiradas quando a plataforma de pagamentos online Paypal bloqueou sua conta, na última semana. Olavo vende livros e cursos on-line de “filosofia” e recebia por meio da plataforma.

Seguidores do guru, como o influenciador Bernardo Kuster, que é articulista no jornal olavista Brasil sem Medo, também estão vendo plataformas como YouTube e Vakinha bloquearem suas iniciativas de monetização de conteúdo.

Para discípulos, como a extremista Sara “Winter” Giromini, Olavo de Carvalho pede que Bolsonaro interceda pela liberdade de ir e vir. Ela passou 10 dias presa por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e, desde junho, está em casa, mas cumprindo uma série de restrições e usando tornozeleira eletrônica. Para Olavo, trata-se de uma presa política. Bolsonaro e seus filhos sequer citaram o seu nome desde que ela foi presa.

O bloqueio de 16 contas no Twitter de blogueiros, jornalistas e políticos que apoiam Bolsonaro, no final de julho, também não contou com a resposta adequada do presidente, na opinião dos olavistas. Mesmo Bolsonaro tendo assinado um pedido contra a decisão, que tramita no STF e tem o ministro Edson Fachin como relator.

A falta de interesse que o presidente da República parece ter para com os olavistas, agora que fechou apoio político com o Centrão, está contaminando cada vez mais os bolsonaristas mais radicais.

Uma análise do  (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, em perfis bolsonaristas no Twitter que não estão entre os que foram bloqueados pelo STF mostra que o interesse por suas postagens está em queda.

Perfis como o do próprio Olavo de Carvalho e de seguidores como o assessor da Presidência Arthur Weintraub e a influenciadora Paula Marisa, registraram seus maiores índices de audiência entre maio e junho deste ano. Depois disso, caíram, indica uma média móvel dos engajamentos que leva em conta a média dos últimos sete dias.

O maior engajamento seguindo esse critério foi em 27/5, com uma média de 5.070 reações aos tweets. No último dia analisado, (6/8), o engajamento médio nos perfis analisados estava em 3.068, quase 40% a menos.

O dia com o maior engajamento foi 20/6/2020. Foi quando o ex ministro da Educação, Abraham Weintraub, chegou aos Estados Unidos em meio a um discurso de perseguição.

Veja a evolução gráfica do engajamento dos perfis analisados de 1º de janeiro de 2019 até a última sexta (7/8/2020).
Veja o engajamento somado desses mesmos perfis
Vão-se os cargos
O esvaziamento do olavismo se reflete nos cargos ocupados pelo grupo no governo federal. Depois da saída de Abraham Weintraub, que foi a maior perda do grupo (nem tanto para ele, que foi ganhar R$ 114 mil mensais no Banco Mundial), o ministro substituto, Milton Ribeiro, exonerou na última semana a secretária de Educação Básica, Ilona Becskehazy.
O irmão mais novo de Weintraub, Arthur, permanece no Palácio do Planalto, mas vê sua saída ser especulada frequentemente. De mais firme no ninho olavista, sem sofrer muitas pressões, há o chanceler Ernesto Araújo.
E os olavistas são unânimes em apontar os militares como culpados por seu ostracismo. “Uns merdas”, bradou Olavo em transmissão pela internet na noite de sexta, na qual refez suas críticas ao grupo. “Comunistas, estão entregando o país novamente ao comunismo”, completou, invocando o velho fantasma.
No momento em que essa transmissão era feita, cerca de 3,4 mil pessoas estavam acompanhando ao vivo pelo YouTube. Uma audiência muito aquém dos tempos de ouro do olavismo, quando ainda havia espaço à mesa.
Veja a reação dos olavistas nas redes ao momento difícil que atravessam:
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Análise jurídica

Apesar da argumentação de que está sendo perseguido, Olavo de Carvalho se expôs a punições como a do PayPal na opinião da advogada Ana Tereza Basílio.

“A exclusão da conta pela empresa, à primeira vista, foi realizada de forma legítima e embasada na política de uso, amplamente divulgada, que veda a utilização dos serviços para transações que se relacionem, dentre outros, à promoção de ódio, ou outras formas de intolerância discriminatória”, analisa ela. “Assim, a princípio, não vislumbro limitação à liberdade de expressão do cidadão caso ele tenha descumprido as políticas de uso aceitáveis da empresa”, completa.

A punição ao guru do extremismo se deve principalmente a uma postagem na qual ele questionou a existência de uma pandemia de coronavírus.

Quem fez a denúncia ganhar força foi o perfil anônimo Sleeping Giants, que denuncia o financiamento a produtores de desinformação na web. Por causa da campanha, o perfil também virou um dos alvos favoritos de Olavo, que os chama de sleeping bitches, um xingamento em inglês que significa algo como “cadela”.

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