Covid-19 já é a doença que mais mata por dia no Brasil; veja ranking
Número diário de óbitos causados pela Covid-19 registrado no país é maior do que a média das enfermidades que mais matam
atualizado
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A quantidade de mortes causadas pelo novo coronavírus cresce em um ritmo acelerado no Brasil, mas há quem ainda tente minimizar o impacto da doença, adotando uma posição que tem como expoente mais notório o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Hoje, entretanto, a Covid-19 é a enfermidade que mais tira a vida de pessoas no Brasil.
De acordo com os números atualizados nessa terça-feira (12/05), morreram 881 brasileiros infectados por Covid-19 nas últimas 24 horas, um recorde desde o início da pandemia. Entre os dias 5 e 9 de maio, a média foi de 661 óbitos por dia.
Os indicadores divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde são maiores do que as médias diárias das principais doenças que mais matam no país.
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), obtidos pelo Metrópoles junto ao Ministério da Saúde, apontam que doenças isquêmicas do coração são as que mais matam – o conjunto de males cardíacos isquêmicos deixou pouco de 115 mil vítimas em 2018 – o que significa a morte de, aproximadamente, 315 pessoas por dia vítimas desse mal. O número é bem menor do que os óbitos registrados atualmente por causa da pandemia.
Doenças isquêmicas são decorrentes do entupimento das artérias por acúmulo de gordura. A situação acaba por diminuir o fluxo de sangue que passa pelo coração, resultando, por exemplo, em um infarto.
Em seguida, aparecem entre as principais causas de morte no país: doenças cerebrovasculares (média de 273 mortes por dia); gripe e pneumonia (220); câncer no sistema digestivo (202); e diabetes (178).
Os números são de 2018, pois, segundo o Ministério da Saúde, são necessários até dois anos para o fechamento dos dados do ano de ocorrência. Veja:
Brumadinhos e Carandirus
Dados do Ministério da Saúde divulgados no início da noite dessa segunda-feira (11/05) apontam que morreram no país 12.400 pessoas infectadas pelo novo vírus.
Para efeito de comparação, a cifra equivale a: 51 incêndios da Boate Kiss; 12 ataques terroristas de 11 de setembro em Nova York; 48 desastres de Brumadinho; 112 massacres do Carandiru; 174 quedas do avião da Chapecoense; ou 13 conjuntos de enchentes e deslizamentos no Rio de Janeiro.
O professor da UnB Tarcísio Marciano da Rocha Filho, do Instituto de Física, explica que minimizar os fatos acaba piorando a situação, que até o momento se mostra bastante grave.
“O que a gente está assistindo é apenas o começo. Em nenhum local do país existe sinal de que estamos chegando perto do pico. Então, o número vai chegar a tal ponto que as UTIs dos hospitais estarão lotadas, como está acontecendo em alguns estados, e não vai ter condições de tratar ninguém”, diz.
O professor destaca ainda que os registros apresentados pelo Ministério da Saúde estão subnotificados, o que pode representar, portanto, uma tragédia ainda maior que a apontada hoje.
“O número de casos que a gente tem é abaixo do real. O percentual de testes no Brasil é muito pequeno se comparado a outros países. Tem um sério problema de notificação”, aponta Tarcísio.
Veja os números desses desastres:
Negacionistas
Influenciados por um discurso negacionista, alguns brasileiros persistem em uma falsa ideia sobre a gravidade da pandemia.
Eles abandonam os conselhos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, por exemplo, sob o pretexto de estarem se livrando do “comunismo” – ou do “comunavírus”, como chegou a dizer o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
No último domingo (10/05), manifestantes usaram caixões para encenar o hit Thriller, do cantor norte-americano Michael Jackson, e criticar um suposto exagero da mídia.
“Pessoal, o coronavírus mata, mas mata muito menos do que dizem por aí”, disse uma das mulheres que ajudou na apresentação. Veja o vídeo:
Michael jackson se revirando no caixão com seu hit nesta vergonha pic.twitter.com/Yzbx4bWxkv
— vini (@Moraes_Vini) May 9, 2020
O terapeuta e especialista em inteligência espiritual Fabrício Nogueira destaca que o vírus acaba refletindo uma certa insensibilidade. “Pessoas que passam do lado de outras e não se importam, que veem vidas se perdendo e não se importam. Parece que é mais importante uma ideologia do que uma vida”, analisa.
Segundo ele, está na hora de despertar para os outros. “Esse vírus vai ser ‘curado’ quando as pessoas pararem de achar normal que 12,4 mil pessoas partam do meio de nós, gerando um impacto de milhões de pessoas em estado de luto”, completa.