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Um presidente da Funai sustentado pelos ruralistas e bancada da bala

Marcelo Xavier se segura no cargo com apoio de bancadas que sustentam o governo de Jair Bolsonaro

atualizado

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Mário Vilela/Funai
Marcelo Augusto Xavier da Silva, novo Presidente da Funai assina posse
1 de 1 Marcelo Augusto Xavier da Silva, novo Presidente da Funai assina posse - Foto: Mário Vilela/Funai

Há quase três anos na presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), o delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier tem apoio de duas fortes bancadas do Congresso Nacional: dos ruralistas e a turma da bala. Servidores do órgão que preside organizaram mobilizações nesse final de semana exigindo sua exoneração, após as mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. 

Parlamentares desses dois grupos são só elogios à gestão de Xavier, com quem eles mantém proximidade e agendas cujo tema é dirimir questões indígenas que afetam seus redutos eleitorais.

Em audiência pública na Câmara, ano passado, por exemplo, na Comissão de Direitos Humanos, deputados dessas bancadas rasgaram elogios ao delegado que está à frente da Funai.

“Quero parabenizar o Marcelo Xavier, nosso delegado da Polícia Federal. Convocaram aqui um bravo guerreiro da PF. Um defensor do homem livre para plantar, livre para viver, livre para escolher seu caminho. E que deve ser lembrado como o homem que livrou os índios da esquerda” – disse Nelson Barbudo (PL-MT), da bancada ruralista.

Na mesma audiência, o deputado Coronel Tadeu (PL-SP), da bancada da bala, foi só elogios a Xavier.

“Parabéns por seu trabalho. O senhor pegou o carro em movimento e não parou de trabalhar. Seus números são impressionantes. Pegou a Funai destruída, numa roubalheira. E, com todas dificuldades, está levando” – afirmou Tadeu.

De um estado que tem complicadas relações com os indígenas, o Mato Grosso, José Medeiros (PL) diz que o presidente da Funai tem sólida experiência e diz que no Brasil há setores que tratam os indígenas como vítimas, “como se fossem esquartejados em praça pública”, disse.

“Ando pelas aldeias do meu estado e vejo fome, vejo índios querendo perspectiva, querendo produzir. Mas o que viraram? Viraram guardas ambientais sem remuneração, que passam fome se não chegam as cestas básicas. Que os deixem produzir, então. Os deixem escolher. Parabéns por seu trabalho, presidente” – disse Medeiros, também ligado aos ruralistas.

O deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) é outro a elogiar a atuação de Xavier e diz que o presidente da Funai se preocupa com a cultura indígena. Ele repete o mesmo discurso dos que entendem que as terras indígenas podem ser exploradas e que essa tem que ser uma decisão das etnias.

“A ala comunista acha que índio é vítima apenas. Não reconhecem que desejam e ambicionam outras coisas, como desenvolvimento, por exemplo. Fico feliz pelo trabalho que o senhor desenvolve” – disse Mauro.

O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), a bancada ruralista, o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), também apoia a gestão de Marcelo Xavier e engrossa o coro de que os indígenas controlam um volume de terra muito grande e que deve ser revisto.

“O indígena é hoje o grande proprietário de terras no Brasil. São menos de um milhão de índios, que controlam 14% do território brasileiro. Do outro lado, temos 15 milhões de agricultores que plantam em 7% do território” – afirmou Souza.

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