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Rodrigo Pacheco, o rei das platitudes e o senhor do sujeito oculto

Se não fosse Gilberto Kassab, ninguém saberia que ele pretende disputar a eleição presidencial de 2022

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Filiação do presidente do senado, Rodrigo Pacheco, ao PSD
1 de 1 Filiação do presidente do senado, Rodrigo Pacheco, ao PSD - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Como ele é alto, bem-apessoado, sabe comportar-se à mesa e nunca perde a pose, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e aspirante à vaga de Bolsonaro ano que vem, costuma dissertar sobre o óbvio a salvo de críticas. É o rei das platitudes.

Fez sucesso na palestra inaugural do 9º Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, ao alinhavar o que pensa sobre a harmonia entre os Poderes da República, a pandemia e Sergio Moro.

A plateia aplaudiu-o com entusiasmo. O que mais tocou o Centrão foi a defesa feita por Pacheco da recriação do Ministério do Planejamento. O que restou dele foi incorporado ao Ministério da Economia de Paulo Guedes, dono de fortuna em paraíso fiscal.

“O Brasil peca muito pela falta de planejamento”, disse Pacheco. “Eu me ressinto muito até pela falta de um ministério do Planejamento atualmente, que possa planejar ações de governo e compreender onde estaremos daqui a um ano, daqui a 50 anos.”

O Centrão tem candidato, mais de um, a ministro do Planejamento. Bolsonaro resiste à ideia porque não quer magoar Guedes mais do que ele já foi. Guedes só tem colhido derrotas desde que o Centrão passou a dar as cartas dentro do governo.

Pacheco não foi menos raso nas estocadas que deu em Bolsonaro sem citar o nome dele: “O presidente da República tem de compreender que ele não é o presidente do Senado e não é o presidente da Câmara”. E para parecer justo, encaixou:

“O Supremo também tem de entender que, como expressão máxima do Poder Judiciário, não pode interferir no Legislativo e no Executivo.” Como faltava algo, lembrou que o Legislativo e o Executivo não devem tentar interferir no Judiciário. Magnífico!

Com atraso de meses, referiu-se à pandemia, mas ocultou o sujeito: “Não dá para pregar o não uso de máscaras, a não vacinação, não dá para termos problemas de leitos de UTI, de insumos para pessoas sedadas. Nós temos de nos preparar”.

O máximo que ousou, outra vez com a preocupação de manter o sujeito oculto, foi mandar um recado para o ex-juiz Sergio Moro, a mais nova pedra no sapato dos que querem se afirmar como candidato nem Lula, nem Bolsonaro:

“Juiz tem de julgar de acordo com o fato e com a prova, e não com apelo popular, não pelo movimento, às vezes midiático, em relação a determinadas causas. A isenção é fundamental ao Poder Judiciário”. (Ninguém havia se dado conta disso.)

Sabe-se que Pacheco será candidato contra Lula e Bolsonaro porque o presidente do PSD, Gilberto Kassab, anunciou em off. Pacheco faz questão de esconder para não virar alvo de ataques. Arrisca-se a ver o cavalo encilhado recusar-lhe a montaria.

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