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O que Pollyanna diria aos bolsonaristas inconformados com a derrota

Daqui a dois anos, haverá novas eleições. E, dois anos depois, eleições outra vez

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
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1 de 1 Foto-manifestantes-qg-novembro (13) - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Lula desembarcou no Egito para participar da conferência ambiental da Organização das Nações Unidas. Bolsonaro continua desaparecido e sem trabalhar desde o dia em que foi derrotado.

Correu em Brasília, ontem à tarde, o boato de que ele poderia reaparecer nos Estados Unidos para dar uma força aos seus devotos histéricos, inconformados e roucos de tanto gritar.

Em Nova Iorque, o ex-presidente Michel Temer propôs que Lula convide Bolsonaro para governar junto com ele. Afinal, é preciso reunificar o país. Disse Temer:

“Eu compreendo bem as angústias do presidente eleito, mas, em vez de fazer críticas ao atual, deveria chegar e dizer: ‘Peço a sua colaboração’. Chamá-lo, até: ‘Venha governar comigo, auxiliar no governo, conversar, reconstruir o Brasil’.”

Era uma vez uma menina de 11 anos chamada Pollyanna. Após a morte do seu pai, ela passou a ensinar às pessoas o “jogo do contente”, que havia aprendido com ele. Era um jogo simples.

Consistia em procurar extrair algo de positivo em tudo, mesmo nas coisas desagradáveis. Por exemplo: “Uma vez eu tinha pedido bonecas e ganhei muletas. Não precisava delas, mas fiquei feliz”.

“Pollyanna” é um livro de Eleanor H. Porter, publicado em 1913 e considerado um clássico da literatura infantojuvenil. Michel “Pollyanna” Temer deve tê-lo lido para sugerir o que sugeriu.

Temer foi confundido com o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, que também estava em Nova Iorque. E o ministro foi alvo de grosserias dos bolsonaristas sublevados.

Um deles tentou repetir o feito do empresário de Caruaru que se agarrou a um caminhão para impedi-lo de furar um bloqueio. A cena viralizou nas redes. Em Nova Iorque, era uma van.

Os bolsonaristas prometem parar o Brasil com gigantescas manifestações. Difícil. O país vai parar porque é feriado. E, à falta de melhor programa, há quem goste de sair na rua gritando.

A Copa do Mundo começa domingo. Depois virão as festas do fim de ano e o início do novo governo. A revolta bolsonarista carece de líderes que ofereçam a cara à tapa, e de objetivo plausível.

O que eles querem? Anular as eleições. Como? Por meio de um golpe que chamam de “intervenção federal”. Quem dará o golpe? Para instalar quem no poder? O ex-capitão derrotado?

E o que se fará com o presidente eleito? Ele será preso? E os que o elegeram, a maioria que votou, assistirá a tudo de braços cruzados? Haverá uma guerra civil? A internet será tirada do ar?

O que diria Pollyanna aos bolsonaristas? Diria: “Perdi as eleições, mas, em compensação, virei motivo de chacota no resto do mundo”.

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