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O golpe fiscal poderá fazer tanto mal ao país quanto faria o militar

Não se trata de escolher o menos ruim, mas de combater os dois

atualizado

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Orlando Brito
Bolsonaro e Guedes
1 de 1 Bolsonaro e Guedes - Foto: Orlando Brito

Os demais poderes assistem em silêncio, assim como os aspirantes à presidência na eleição do ano que vem, o avanço do governo de Jair Bolsonaro sobre o dinheiro público no esforço de permanecer no poder pelo menos até 2026 – quem sabe mais. Bolsonaro sempre se disse contra a reeleição. Se reeleito, por que não abolir a proibição de se candidatar pela terceira vez consecutiva?

No final do seu segundo mandato, Lula flertou com essa possibilidade. Era o presidente mais popular da história do país e deixaria o cargo com mais de 80% de aprovação. Tomara de Getúlio Vargas a legenda de “o pai dos pobres”. Talvez não lhe faltasse apoio no Congresso para obter o que desejava. Convenceu-se que não deveria tentar porque pagaria um preço alto por isso.

Mais fácil seria esperar que se esgotasse o primeiro governo de Dilma para retornar em triunfo à presidência. Foi o cálculo que também fez Fernando Henrique Cardoso depois de governar por oito anos. Transferiu a faixa à Lula com a esperança de que ele se desse mal e que, ao cabo, o país suplicasse por sua volta. No caso de Lula, Dilma bateu o pé, disputou a reeleição e venceu.

Bolsonaro provou à farta até aqui que não se apega a escrúpulos. Não é que tenha poucos, não tem nenhum. Ninguém é seu amigo o bastante para que não possa ser descartado. Acima dos interesses do país estão suas conveniências e as de sua família. Pegou carona na Lava Jato para se eleger, mandou para o lixo o combate à corrupção. Desprezou vidas para que a economia não afundasse.

Convenceu-se de que só terá alguma chance de se reeleger se arrombar o teto dos gastos, pedalar a lei de responsabilidade fiscal e provocar mais inflação, tudo a pretexto de socorrer os brasileiros mais pobres em troca, naturalmente, do seu voto. E é assim que fará, pouco importa que minta dizendo o contrário. E nada se desenha no momento capaz de detê-lo.

É como se o país tivesse concluído que pior foi quando Bolsonaro conspirou a céu aberto para destruir a democracia. Golpe por golpe, o fiscal seria menos gravoso. Mas quem disse que ele se converteu à democracia? Só por que deu para elogiar a Justiça com medo de que prenda seus filhos? Ou por que nunca mais falou em contestar os resultados das próximas eleições?

À vontade para agir com o firme propósito de reverter uma possível derrota, Bolsonaro ainda dispõe de mais de um ano para fazer muito mal ao Brasil. Cabe impedi-lo de ser bem-sucedido.

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