metropoles.com

Hamas ganha e o governo extremista de Israel colhe sua pior derrota

Os limites da resposta militar ao ataque terrorista que poderá incendiar o Oriente Médio

atualizado

Compartilhar notícia

Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images
O braço armado do Hamas, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses na Cidade de Gaza
1 de 1 O braço armado do Hamas, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses na Cidade de Gaza - Foto: Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images

“O meu pai de 62 anos lutou contra os terroristas do Hamas para libertar a minha família. O estado israelense falhou conosco”, disse uma mulher ouvida pelo Haaretz, o mais influente jornal de Israel, e crítico implacável do governo de extrema direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A mesma coisa poderá ser dita por familiares de mais de uma centena de cidadãos israelenses que estão hoje nas mãos do Hamas na Faixa de Gaza, onde moram 2 milhões de palestinos. E o que não dirão os familiares dos mortos e feridos pelo Hamas desde o início no último sábado dos ataques infames a Israel?

Menos infame não é a condição de vida dos palestinos em Gaza, uma prisão a céu aberto, sob controle militar de Israel. Menos infame não foi a política do governo de Israel de assentar colonos fundamentalistas em áreas reservadas ao estado da Palestina. Israel ganhou o direito de existir em 1947; a Palestina, ainda não.

Não importa quanto infame tenha sido o ato de terroristas armados matarem de preferência civis indefesos – quase 300 deles em uma festa. Do ponto de vista político, o Hamas ganhou, e o governo de Netanyahu perdeu porque foi surpreendido pelo ataque e não conseguiu defender seus governados.

Foi a mais trágica falha da Inteligência Militar de Israel. Não pode ser comparada com a que resultou na Guerra do Yom Kippur, há 50 anos, quando o Egito e a Síria puseram em risco a existência da pátria dos judeus. Naquela ocasião, tratava-se de dois poderosos exércitos; nesta, de um reduzido grupo de criminosos.

Na sua primeira declaração à imprensa, no sábado à noite, feita na sede do Ministério da Defesa, Netanyahu falou em “vingança”:

“Vamos destruí-los e vingar à força este dia sombrio que eles impuseram ao Estado de Israel e aos seus cidadãos”.

Seu companheiro de governo, o ministro Benzalel Smotrich, foi além:

“Temos que ser cruéis agora e não considerar excessivamente os cativos”.

É o contrário. Se não quiser cair a médio prazo, o governo terá de considerar em primeiro lugar a situação dos israelenses capturados pelo Hamas e iniciar negociações de imediato para trazê-los de volta. Isso implicará naturalmente em uma troca de prisioneiros, e o Hamas cobrará um preço muito caro. Mas, e daí?

Como qualquer estado, Israel tem o direito de se defender – e é o que começou a fazer ao bombardear em Gaza alvos militares do Hamas -, mas dentro dos limites das leis da guerra. Se ultrapassá-los, agirá como o Hamas. A vingança não libertará os cativos, só apressa a queda de Netanyahu, denunciado por corrupção.

A política externa do governo de Israel, que ignora abertamente a existência e os direitos dos palestinos a terem um estado, é responsável pelo que vemos desde sábado e poderá incendiar parte do Oriente Médio com consequências devastadoras para a precária paz mundial, já abalada pela guerra na Ucrânia.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?