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Monkeypox: reduzir número de parceiros sexuais é a solução?

Especialistas esclarecem as formas de transmissão da doença que já infectou ao menos 33 mil pessoas no mundo

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Foto colorida de seis pés saindo debaixo de um edredom branco deitados juntos em uma cama - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de seis pés saindo debaixo de um edredom branco deitados juntos em uma cama - Metrópoles - Foto: 1001nights/Getty

Os primeiros casos de varíola dos macacos (monkeypox) do atual surto foram detectadas por clínicas de saúde sexual europeias que, repentinamente, começaram a receber pacientes com sintomas semelhantes aos de infecções sexualmente transmissíveis (DST), como herpes e sífilis. Eram lesões de pele espalhadas pelo corpo, principalmente, nas regiões genitais e anais.

Depois de ter declarado a doença emergência global de saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que homens que fazem sexo com homens diminuam o número de parceiros sexuais e reconsiderem relações com novos parceiros.

Embora 98% dos casos de varíola dos macacos tenham sido registrados entre homens que fazem sexo com homens – o que inclui gays e bissexuais –, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que qualquer pessoa exposta ao vírus pode pegar a infecção. “Estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto”, disse Tedros.

A monkeypox é transmitida pelo sexo?

Um estudo publicado na revista científica The Lancet, na segunda-feira (8/8), mostrou evidências de que o contato próximo durante a relação sexual é atualmente a principal forma de transmissão do vírus.

Ao analisar dados de 181 pacientes de três clínicas da Espanha, os pesquisadores observaram que a maioria teve relações sexuais com uma pessoa diagnosticada com a monkeypox ou com múltiplos parceiros três meses antes de adquirir a doença.

Em todos os casos analisados, os pacientes desenvolveram erupções cutâneas pelo corpo, principalmente nas regiões do ânus, das genitálias e em volta da boca. Os que praticaram sexo anal, segundo os cientistas, tinham maior frequência de sintomas virais. O estudo não crava, entretanto, se o vírus é transmitido pelo sêmen.

A comunidade científica repete que basta o contato próximo, pelo abraço, beijo ou até mesmo compartilhamento de lençóis e objetos pessoais, para que haja a transmissão do vírus. Também repetem que a camisinha não é uma forma de proteção adequada – visto que o contato pele a pele segue em relações sexuais com preservativo.

 

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Os casos vão ficar concentrados no grupo de homens que fazem sexo com homens?

O virologista Luiz Nali, professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa), afirma que a dinâmica de transmissão da monkeypox deve mudar em breve. Isso porque os vírus não costumam eleger grupos populacionais.

“Não existem fundamentos biológicos que expliquem porque o vírus está em um grupo populacional. Acredito que seja uma dinâmica inicial, no qual um grupo acaba se infectando primeiro e, posteriormente, o vírus se dissemina para o restante da população”, avalia Nali.

De acordo com a infectologista Ana Helena Germoglio, a ideia de que apenas homens gays e bissexuais estão sujeitos à infecção atrapalha o combate à doença. Ela lembra o que ocorreu na década de 1980, durante o início da epidemia HIV/AIDS.

“A gente não pode tratar doenças estigmatizando classes mais vulneráveis. Momentaneamente, podemos falar que essa é uma doença que acomete mais homens que tiveram relação sexual com homens, mas não que é uma patologia exclusiva da da população LGBTQIA+”, afirma a médica, ao lembrar que já há casos de mulheres e crianças infectadas com a monkeypox e os riscos de exposição dos profissionais de saúde.

A abstinência sexual é uma forma de proteção segura e ajuda a conter a doença?

A infectologista Ana Helena Germoglio esclarece que a redução de parceiros eventuais é uma estratégia importante, mas insuficiente para conter o surto. De acordo com ela, conta mais a responsabilidade individual de quem teve os sintomas procurar o diagnóstico, fazer o isolamento e avisar os contatos para que evitem outras pessoas. Além disso, a médica sugere que a imunização contra a monkeypox seja iniciada o quanto antes.

“A estratégia correta é conscientização e imunização. A campanha deve começar pelos grupos prioritários: homens que fazem sexo com homens, profissionais de saúde que atendem aos pacientes e pessoas que tiveram contato, independentemente de ter sido relação sexual ou não”, explica Ana Helena.

Procurado pelo Metrópoles, o Ministério da Saúde informou que prepara uma campanha informativa sobre a monkeypox, mas não detalhou quais serão as ações e estratégias para informar a população.

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