Avanço da varíola dos macacos no Brasil é “muito preocupante”, diz OMS
A líder técnica Rosamund Lewis também alertou sobre a possibilidade de estar havendo uma subnotificação de casos por falta de testes
atualizado
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A líder técnica da Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate à varíola dos macacos, Rosamund Lewis, falou sobre o avanço da doença no Brasil, em entrevista na manhã desta terça-feira (26/7). Segundo a especialista, a situação do país é “muito preocupante”.
De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, o país tem 813 casos confirmados da varíola dos macacos. Diante desse número, o Brasil figura entre os 10 países com mais registros da doença.
Avanço da varíola dos macacos no Brasil é “muito preocupante”, diz OMS.
Rosamund Lewis, líder técnica da organização no combate à doença, alertou para o risco de subnotificação no país, que registra mais de 800 casos.
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— Metrópoles (@Metropoles) July 26, 2022
“Certamente é muito preocupante para países como o Brasil – uma nação continental, de população tão grande, geograficamente extensa, que agora também relata um número significativo de casos”, disse a especialista.
Lewis também alertou para a possibilidade de estar havendo subnotificação de casos, por falta de testes, e pediu ainda que as autoridades ajam de acordo com a emergência de saúde pública de interesse internacional, decretada pela OMS no último sábado (23/7).
A líder técnica assegura que o surto pode ser controlado, caso sejam adotadas as estratégias certas. Entre as recomendações da OMS, estão a implementação de uma resposta coordenada para interromper a transmissão e proteger grupos vulneráveis, a intensificação de medidas de vigilância e saúde pública, o fortalecimento da gestão clínica, a prevenção e o controle de infecções em unidades de saúde e a aceleração de pesquisa sobre vacinas e tratamentos.
Compra de vacinas
No sábado (23/7), o Ministério da Saúde informou que realiza tratativas para a compra da vacina contra a varíola dos macacos. De acordo com a pasta, a aquisição será negociada com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
A informação foi divulgada após o decreto de estado de emergência internacional de saúde pública devido à doença.
Atualmente, apenas um laboratório fabrica o imunizante no mundo: a empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, que não tem representante no Brasil. “A OMS coordena junto ao fabricante, de forma global, ampliar o acesso ao imunizante nos países com casos confirmados da doença”, informou o ministério.

Recentemente, diversos países têm registrado casos de pacientes diagnosticados com varíola de macaco, doença rara causada pelo vírus da varíola símia. Segundo a OMS, a condição não é considerada grave: a taxa de mortalidade é de 1 caso a cada 100. Porém, é a primeira vez que se tornou identificada em grande escala fora do continente africano Getty Images

A doença foi diagnosticada pela primeira vez nos seres humanos em 1970. De acordo com o perfil dos pacientes infectados atualmente, maioria homossexual ou homens que fazem sexo com homens (HSH), especialistas desconfiam de uma possível contaminação por via sexual, além de pelo contato com lesões em pessoas doentes ou gotículas liberadas durante a respiração Lucas Ninno/ Getty Images

Segundo o Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), "qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, pode espalhar a varíola de macacos por contato com fluidos corporais ou itens compartilhados (como roupas e roupas de cama) contaminados" Roos Koole/ Getty Images

Inicialmente, a varíola de macacos é transmitida por contato com macacos infectados ou roedores, e é mais comum em países africanos. Antes do surto atual, somente quatro países fora do continente tinham identificado casos na história seng chye teo/ Getty Images

Entre os sintomas da condição estão: febre, dor de cabeça, dor no corpo e nas costas, inchaço nos linfonodos, exaustão e calafrios. Também há bolinhas que aparecem no corpo inteiro (principalmente rosto, mãos e pés) e evoluem, formando crostas, que mais tarde caem Wong Yu Liang / EyeEm/ Getty Images

O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias, mas os sintomas, que podem ser muito pruriginosos ou dolorosos, geralmente aparecem após 10 dias Melina Mara/The Washington Post via Getty Images

Por ser uma doença muito parecida com a varíola, a vacina contra a condição também serve para evitar a contaminação Natalia Gdovskaia/ Getty Images

Apesar de relativamente rara e transmissível, os especialistas europeus afirmam que o risco de um grande surto é baixo ROGER HARRIS/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images

Em casos severos, o tratamento inclui antivirais e o uso de plasma sanguíneo de indivíduos imunizados mmpile/ Getty Images
Aumento de casos
O Brasil é o sétimo país com mais contaminações por varíola dos macacos no mundo, de acordo com entidades internacionais. Desde o primeiro caso confirmado da doença em território brasileiro, no mês de junho, foram contabilizados 813 casos da doença, conforme o boletim mais recente do Ministério da Saúde, divulgado na tarde de segunda-feira (25/7).
O índice de contaminações registrou aumento de 16,8% desde a última sexta-feira (22/7), quando foram contabilizados 696 casos. O avanço exponencial de diagnósticos em território brasileiro reflete o crescimento ao redor do mundo – movimento que coloca órgãos de saúde globais em estado de alerta.
Transmissão e sintomas
A transmissão do vírus ocorre, principalmente, por meio do contato com secreções respiratórias, lesões de pele das pessoas infectadas ou objetos que tenham sido usados pelos pacientes. Até o momento, não há confirmação de que ocorra transmissão por via sexual, mas a hipótese está sendo cogitada pelos cientistas.
O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias. Os sintomas costumam aparecer 10 ou 14 dias após o momento da infecção. Os primeiros sinais são febre, mal-estar e dor. Cerca de três dias depois, os pacientes passam a apresentar bolhas pelo corpo – parecidas com as da catapora. A doença termina em um período entre três e quatro semanas.
Segundo o diretor-geral do órgão, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o risco da varíola dos macacos é moderado globalmente – com exceção da Europa, que possui maior ocorrência da doença.