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Idade biológica: o que as pessoas estão fazendo para hackear o tempo

A tentativa de retardar o envelhecimento continua movimentando o desejo das pessoas. Veja o que a ciência diz sobre isso

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Imagem colorida: mão de idosa coloca vela em bolo de aniversário com dezenas de velas coloridas - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida: mão de idosa coloca vela em bolo de aniversário com dezenas de velas coloridas - Metrópoles - Foto: Getty Images

Na esperança de uma vida longínqua, com autonomia física e mental, muitas pessoas são estimuladas a levarem uma rotina saudável. Algumas vão além e investem uma quantia considerável de dinheiro em procedimentos que prometem desacelerar o relógio biológico e até mesmo retrocedê-lo em algumas décadas.

No fim de janeiro, o empresário americano Bryan Johnson, 45 anos, chamou a atenção do mundo ao afirmar que paga US$ 2 milhões por ano para ter o corpo de um jovem de 18 anos novamente. O multimilionário cumpre rotina rígida de exercícios e dieta e conta com uma equipe de 30 médicos para “reprogramar” o corpo dele.

Mas até onde é possível enganar o tempo? A idade cronológica é a que conta da nossa certidão de nascimento, medida em anos de acordo com o calendário. A biológica reflete como o organismo está envelhecendo e como ele preserva sua funcionalidade. Esta, de fato, é variável, pois cada indivíduo envelhece de uma maneira.

“É perfeitamente possível existir um descompasso entre a idade biológica e a cronológica”, explica o geriatra Otávio de Toledo Nóbrega, professor da Universidade de Brasília (UnB) e presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Distrito Federal (SBGG-DF).

Um exemplo torna as coisas mais claras: duas pessoas com a mesma idade cronológica de 70 anos podem ter níveis de funcionalidade diferentes. Enquanto uma começa a apresentar dependência para realizar tarefas diárias básicas, como cozinhar, alimentar-se e passar roupas, a outra pode seguir uma vida completamente autônoma.

Projeto Blueprint

O Projeto Blueprint, do empresário Bryan Johnson, foi iniciado há pouco mais de um ano. Inclui dieta vegana rígida e com 1.977 calorias diárias, uma hora de exercícios físicos por dia, com treinos de alta intensidade três vezes por semana, e sono regulado.

Além disso, conforme reportagem da Bloomberg, o experimento conta com dezenas de procedimentos médicos todos os meses seguidos por exames de sangue, ressonâncias magnéticas, ultrassonografias e colonoscopias para a avaliação de resultados.

Como resultado, Johnson tem a gordura corporal em torno de 6% e musculatura extremamente definida. Os médicos que o acompanham dizem que testes comprovam que a idade biológica geral dele foi reduzida em pelo menos cinco anos.

O americano teria o coração de um homem de 37 anos, a pele, de 28. Os pulmões e a forma física seriam equivalentes à de um jovem de 18 anos. Para o futuro, o principal médico do empresário, Oliver Zolman, planeja novos procedimentos, incluindo terapias gênicas experimentais.

Há parâmetros?

O pesquisador Otávio de Toledo Nóbrega esclarece que não existem parâmetros bioquímicos que comprovem se uma pessoa é biologicamente mais velha ou mais jovem. Existem apenas parâmetros clínicos que avaliam a funcionalidade.

O envelhecimento, segundo o especialista, é um processo complexo, que ocorre em vários pilares, como a desorganização genética, a inflamação basal e os erros metabólicos.

“Uma pessoa de 60 anos pode ter a funcionalidade de uma de 45. Mas não existem testes que confirmem que ela tem idade biológica menor do que a cronológica. Evitar o envelhecimento envolveria retardar todos os pilares dele”, explica Nóbrega.

Restrição de calorias

Estudos sobre longevidade mostram, entretanto, que as pessoas que seguem uma dieta com restrição calórica correm menor risco de desenvolver doenças crônicas. O mais recente deles, publicado na revista Nature Aging neste mês, avaliou a estratégia a longo prazo.

De acordo com os pesquisadores da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, adultos saudáveis que reduzem 25% da ingestão de calorias diárias conseguem retardar o próprio envelhecimento.

Outra avaliação feita por pesquisadores da Universidade Yale, também dos EUA, com os mesmos dados, mostrou que a restrição calórica não apenas melhorou as funções metabólicas dos pacientes como também aumentou a eficiência imunológica deles, reduzindo a inflamação crônica que normalmente acompanha o envelhecimento.

A indústria farmacêutica estuda a possibilidade de desenvolver um medicamento que produza os mesmos efeitos da restrição calórica, mesmo que as pessoas consumam alimentos à vontade. Mas eles ainda são uma promessa distante.

Como ser mais jovem?

A adoção de um estilo de vida saudável, baseado em nutrição diversificada, sono restaurador, prática de exercícios físicos leves e moderados, ainda é o método mais eficaz para envelhecer bem, de acordo com a ciência. Medidas simples que não precisam de investimentos milionários.

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