Covid: pacientes com sintomas leves também sofrem impacto na saúde mental, diz estudo

Depressão, ansiedade e estresse pós-traumático foram detectados em brasileiros que se recuperaram da infecção, dois meses depois

07/05/2021 05:00, atualizado 07/05/2021 10:26

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Malte Mueller/Getty Images

1 de 1 mulher sozinha olhando pela janela - Foto: Malte Mueller/Getty Images

Mesmo sem histórico de doenças mentais, muitas pessoas que se recuperaram da Covid-19 têm relatado um aumento significativo em sintomas de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático nos meses seguintes à infecção. Uma pesquisa da Columbia University, nos Estados Unidos, e da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, em São Paulo, mostra que os efeitos são sentidos inclusive em pessoas que só tiveram casos leves da doença.

Foram coletadas amostras de pacientes brasileiros com mais de 18 anos, com sintomas condizentes com a Covid-19. Todos foram testados em casa. Os que receberam resultado positivo com pelo menos dois sinais (febre, tosse, dor de garganta, mudança/perda no olfato) foram caracterizados como casos leves.

Dois meses depois, os participantes foram avaliados por psiquiatras. Cerca de 26% apresentou níveis significativos de depressão, 22%, de ansiedade, e 17%, de estresse pós-traumático.

“Essas descobertas ecoam alertas do surto de SARS, quando sobreviventes experimentaram desordens psicológicas que persistiram por um ano ou mais. Resultados similares foram encontrados depois do surto de MERS, em 2015”, afirmou Silvia Martins, professora de Columbia e uma das responsáveis pela pesquisa, ao site EurekAlert.

Os pesquisadores defendem que é preciso fazer intervenções precoces como psicoterapia e grupos de apoio para prevenir problemas de saúde mental em pessoas que tiveram Covid-19. “Enquanto mais investigações são feitas para entender os mecanismos que ligam a Covid-19 às condições de saúde mental, os sistemas de saúde precisam se preparar para o fluxo de indivíduos experimentando desordens psicológicas como resultado da pandemia”, afirma João Mauricio Castaldelli-Maia, também da universidade americana.