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Covid-19 ainda mexe com a sua saúde mental? Veja dicas para não surtar

Um mês após a chegada da vacina, o isolamento social continua. Aprenda como preparar a mente para passar mais um tempo em casa

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1 de 1 Saúde_Mental - Foto: Arte/Metrópoles

O Brasil completou, na quarta-feira (17/2), um mês do início da campanha de imunização contra a Covid-19. Nesse período, 5,5 milhões de brasileiros foram vacinados, e a chegada do tão esperado imunizante veio como um sopro de esperança em meio aos novos ares de 2021. Contudo, o isolamento social continua, e a vacina ainda não é para todos. As incertezas sobre um retorno à normalidade permanecem, e como fica a nossa saúde mental nessa história?

O número de pessoas com sintomas de ansiedade, depressão e insônia praticamente dobrou durante o período de quarentena em território verde-amarelo. Mas, o que os estudos mostram é que o Brasil já era o país mais ansioso do mundo antes da pandemia — 8,6 milhões de brasileiros convivem com esse transtorno, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por ser uma situação de crise, a pandemia tem essa característica de impulsionar alterações de humor do ponto de vista psíquico, como os transtornos ansiosos e depressivos, como explica o psiquiatra Alisson Marques. “Nessas situações, há uma maior vulnerabilidade percebida pelo indivíduo”, diz o médico do Núcleo de Saúde Mental do SAMU e da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

Foi o que aconteceu com Helena Vasconcelos, de 22 anos, que recebeu o isolamento social como um baque. Acostumada com uma vida muito ativa, “sem parar em casa por nada”, a estudante percebeu que os dias de pandemia “fizeram os transtornos virem à tona, principalmente as crises de ansiedade”, relata.

Depois de episódios frequentes, ela percebeu que precisava procurar ajuda. Em junho, a brasiliense começou a ser acompanhada por um psicólogo e as crises sumiram. A terapia a ajudou, inclusive, quando ela pegou Covid-19, em setembro.

“Me ajudou muito porque eu passei por isso de forma bem mais tranquila que a minha mãe, que não teve acompanhamento e viveu uma experiência bem diferente”, compartilha Helena.

Para a jovem, que vive com duas pessoas de risco em casa — o pai e a avó —, a chegada da vacina foi um alívio. “Além de eu me sentir mais tranquila com eles vacinados, eu também passei a me acostumar com o período em casa, com ajuda da terapia”, diz. “Mas foi mais uma notícia boa mais por conta do cuidado com eles do que por mim, porque eu sei que ainda vai demorar muito para que a vacina chegue para todos”, acredita.

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Luz no fim do túnel

O início da imunização pode trazer, a curto prazo, uma sensação de tranquilidade, de acordo com o psiquiatra Alisson Marques. “Afinal, a ansiedade é, principalmente, um medo do desconhecido e da vulnerabilidade”, explica. A distribuição das primeiras doses é a representação de um caminho e um pouco de segurança em tempos tão incertos.

Por isso, a novidade pode, e deve, ser vista como “uma luz no fim do túnel”. No entanto, é fundamental relembrar que “não é porque as pessoas estão sendo vacinadas que acabou a pandemia e que não precisamos nos cuidar”, alerta a professora do Instituto de Psicologia da UnB, Larissa Polejack.

Todas essas etapas fazem parte de um processo. Relembrando o surgimento da doença, “todo mundo achava que a pandemia seria mais rápida”, pondera a professora e presidente do Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 (COES) da universidade.

“Vemos que a questão da saúde mental na pandemia se desenvolve em diferentes fases. Medo, cansaço, conflitos e, por fim, negação — em uma situação muito perigosa que estamos vivendo”. Após uma queda acentuada no número de casos no país, a curva voltou a crescer, especialmente durante as festas de fim de ano.

Dias em isolamento ainda estão por vir

Então, como se preparar para os dias de isolamento que vêm pela frente? O primeiro passo, segundo Alisson Marques, é se apegar à possibilidade real e concreta da existência de um imunizante. Também é essencial ver o quanto o processo foi mais rápido do que em anos anteriores e enxergar o futuro com otimismo.

Além disso, entender que uma pessoa que ainda demora a se vacinar, provavelmente, não participa do grupo de risco, e está de alguma forma menos vulnerável às preocupações do adoecimento. “Já conseguimos a vacina, e essa primeira etapa é bastante importante”, reitera.

Procurar terapia para passar pelos dias difíceis também é essencial. Ana Carolina Novelli, de 25 anos, percebeu a importância de um atendimento profissional com a chegada de 2021. Os sinais começaram a surgir ainda no ano passado, mascarados em forma de infecções nas amígdalas — era o corpo se manifestando.

“As amigdalites eram emocionais: toda vez que eu ficava meio pra baixo, a minha imunidade caía e a amígdala infeccionava. Comecei a achar isso estranho, e passei a me isolar ainda mais. Não tinha vontade de manter interações pequenas, como responder perguntas simples de amigos no WhatsApp”, relata.

Com a chegada de 2021, ela percebeu que não poderia passar mais um ano como foi o último. “Durante a terapia, passei a lidar melhor com as minhas questões e deixei de passar noites em claro me preocupando com as pessoas que eu amo, especialmente a minha avó”.

Novas atividades, para cuidar do corpo e da mente, foram incluídas na rotina. “Passei a cuidar de mim, voltar a praticar exercícios físicos, investir na meditação e praticar yoga — a atividade que mais me ajuda nesse sentido, especialmente a descansar a minha mente, que estava muito ligada em telas”, afirma Ana Carolina.

Dicas práticas

Em abril e maio, o termo “insônia” foi o mais pesquisado no Google. Além disso, as vendas de calmantes, antidepressivos e estabilizadores de humor aumentaram, em média, 80%. Para tentar acalmar os incômodos com as incertezas no futuro, os especialistas elencaram atitudes saudáveis.

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“Precisamos manter sempre a esperança, a crença na ciência e no quanto o ser humano tem o potencial de se reinventar e achar respostas pras dificuldades. Porém, também acreditar na importância da gente se cuidar pelo outro e reafirmar o nosso sentido de responsabilidade”, reitera a psicóloga Larissa Polejack.

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