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Só não comemora a baixa inflação quem vive da miséria dos outros

Índices tão baixos como os de agora deixam prever, para logo mais adiante, uma nova queda na taxa de juros

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA, ficou em 0,1% em outubro. Isso é um décimo de 1% e o nível mais baixo a que o índice chegou nos últimos 21 anos. É certo que a inflação no Brasil, em 2019, vai ficar muito abaixo da meta que as autoridades econômicas esperavam alcançar – 4,25%, pelas contas feitas no início do ano.

Pelo que se viu nos últimos dez meses, deve bater em 2,5% e manter enterradas quaisquer dúvidas sobre a capacidade atual da economia em operar dentro de padrões mínimos de inflação, para os usos e costumes brasileiros.

Há uma porção de coisas que vão mal na economia brasileira. Outras não estão ruins, mas podem piorar. Outras, ainda, não estão indo tão bem quanto se esperava. Mas em matéria de inflação, as notícias só estão dando dor de cabeça para quem não tem nada a ver com a atividade de produzir alguma coisa – ao contrário, só prospera com a alta perene dos custos financeiros.

Índices tão baixos como os de agora deixam prever, para logo mais adiante, uma nova queda na taxa de juros. Ela está em 5% ao ano, seu nível mais baixo em 33 anos – desde 1986, quando começou a ser medida de forma permanente. Pode cair ainda mais na sua próxima revisão, o que ajuda a reduzir mais um tanto aquilo que o país desembolsa para pagar a sua dívida pública.

Em compensação, atrapalha quem vive de emprestar dinheiro a juro – para o governo, cheque especial, cartão de crédito, agiotagem real ou legalizada e por aí afora. Problema deles, não do Brasil.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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