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Veja cuidados para se prevenir da Covid-19 em bares e restaurantes

De álcool em gel a novas tecnologias, conheça as apostas da área para atender aos clientes com o máximo de segurança

atualizado

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Reprodução/ FreePik
Garçons com máscara servindo mesa
1 de 1 Garçons com máscara servindo mesa - Foto: Reprodução/ FreePik

Mais de 600 mil trabalhadores demitidos, cerca de 25% dos estabelecimentos fechados e faturamento médio menor que 80%. Os dados nacionais, nada animadores e divulgados por entidades setoriais como a Associação Nacional dos Restaurantes (ANR) e a Abrasel, mostram o quanto o setor gastronômico foi impactado com a crise ocasionada pela pandemia da Covid-19.

Após quase 120 dias de paralisação, bares e restaurantes do Distrito Federal voltam às atividades nesta quarta-feira (15/7). Apesar de ainda incerta, a retomada da economia nesse setor vai depender de várias mudanças, tanto por parte dos estabelecimentos, quanto por parte dos clientes. É o que explica Marcelo Ferri, CEO da plataforma ControleNaMão, que oferece um sistema de gestão para bares e restaurantes.

“Esse é um momento de adaptação para todos. Dificilmente voltaremos a ter a mesma relação entre empresas e clientes. Cada vez mais teremos que estar prontos para atender não só a expectativa dos usuários, mas também do mercado”, afirma.

Para reverter esse quadro, pequenos, médios e até grandes empresários tentam garantir vendas usando a criatividade. Com o futuro ainda incerto, a retomada da economia do setor pode depender das mudanças de comportamento dos consumidores.

Uma pesquisa elaborada pela Food Consulting aponta que 74% das pessoas pretendem voltar a consumir nos estabelecimentos mais vezes ou igual antes da crise; 26% disseram que irão consumidor menos do que antes. O estudo ouviu mil consumidores de todas as regiões do Brasil.

Segurança no consumo e capacidade de compra, no entanto, preocupam. Conforme o estudo, 65% dos consumidores afirmaram ter receio da contaminação com a Covid-19 ao voltar aos estabelecimentos; 45% se disseram preocupados com o poder aquisitivo, orçamento e endividamento; 29% se preocupam com outras questões de higiene e segurança alimentar; 13% estão receosos sobre o próprio emprego e a atividade profissional.

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Relacionados a essas preocupações estão os fatores que mais vão influenciar a decisão de onde comer. Entre múltiplas alternativas, a sensação de limpeza e higiene foi apontada em 79% das respostas; preço acessível, em 59%; distanciamento entre as mesas, em 44%; opções do cardápio, em 33%; preço justo pela experiência, 30%; sabor e aroma das comidas, 28%; cordialidade no atendimento, 27%; qualidade e confiabilidade do produto, em 26% das respostas.

Segundo Leonardo Almeida, fundador da Menustartup que abastece os restaurantes conectando os principais distribuidores e indústrias do mercado food service –, esse nicho terá que se adaptar para receber o público pós-pandemia. “Muitos negócios já se reinventaram durante a quarentena, seja no atendimento ou no tipo da venda de produto. O mercado vai voltar a faturar, mas algumas mudanças são essenciais para os negócios continuarem funcionando depois desse período”, afirma.

E algumas dessas mudanças já estão disponíveis, basta que os estabelecimentos estejam atentos à importância das ferramentas e de procedimentos que garantirão uma retomada segura e com retorno financeiro para os estabelecimentos.

Estratégia de protocolos de higiene e atendimento rigorosos

Este é o ponto central do mundo pós-pandemia. As relações não serão mais as mesmas, e os clientes estarão cada vez mais atentos às regras de higienização e segurança alimentar dos restaurantes. Como o inimigo com o qual estamos lutando é invisível, é preciso redobrar os cuidados não só no salão de atendimento, mas sobretudo na cozinha e com os funcionários.

“Não estamos falando apenas de higienização das mãos e disponibilização de álcool em gel, a partir de agora, o mundo estará muito mais ligado na maneira com a qual alimentos e utensílios como talheres, copos e pratos são disponibilizados. Aquele velho hábito de colocar todos os pratos e talheres em um balcão, por exemplo, não poderá mais acontecer”, diz Ferri, da ControleNaMão. Além disso, a limpeza do local deverá ser cada vez mais constante, assim como os ambientes deverão estar sempre arejados e o espaçamento entre as mesas deverá ser maior.

Uso de ferramentas tecnológicas para evitar contato

Pode aposentar aquele velho cardápio impresso que vai passando de mão em mão. Um ato simples mas que pode oferecer muito risco aos usuários já pode ser substituído por cardápios digitais que o cliente consegue acessar do próprio celular. “Estamos falando de um vírus que está presente em todas as superfícies. Um simples cardápio pode ser fonte de contaminação, e é dever dos bares e restaurantes oferecerem opções mais seguras para seus clientes”, complementa o especialista.

Minimizar custos

Como o momento é de incerteza, vale se resguardar quando o assunto é investimento. Para a reabertura, descarte toda e qualquer mudança que vá exigir grandes gastos, assim como aquela grande reforma – que deve ser deixada para depois. Este é um momento delicado e que deve ser de reestruturação do setor. “Agora não é a hora, por exemplo, de mudar a cara do ambiente. O ideal é seguir com aquilo que já dá certo e que poderá render receita”, frisa.

Estratégia de incrementar ainda mais o delivery

O delivery é a opção mais acertada durante todo esse processo, e não deve ser deixado de lado após o fim da quarentena. “Com a retomada das atividades, muitas pessoas ainda vão se sentir inseguras em frequentar ambientes com aglomeração de pessoas, por isso, o delivery e o take away são formatos que devem fazer parte do seu negócio”, finaliza Marcelo.

Cuidados redobrados na hora de abrir

O restaurante Nakombi foi um dos que trouxe novas adaptações para receber os comensais. A casa investiu no kit de rodízio individual – que contém miniálcool em gel, hashi, molhos, guardanapos, lápis individual e comanda de pedidos descartável. “Cada cliente receberá um zip lock com um kit. Além disso, estamos seguindo todas as recomendações de distanciamento e intensificamos a limpeza das mesas e dos balcões. Na entrada, colocamos um totem com álcool em gel para a limpeza das mãos”, explica a chef Catarina Freire.

De acordo com Catarina, o restaurante está preparado para receber os clientes com segurança. “Todos os cuidados foram redobrados, seguindo todos os protocolos, para reabertura”, ressalta.

Outra casa que promete estar pronta para receber os clientes é o Southside. Desde o início da pandemia, o restaurante teve que se reinventar para seguir atendendo o público. Além do distanciamento e de disponibilizar álcool em gel para os clientes, Gustavo Guedes, um dos sócios, afirma que a casa funcionará nas primeiras semanas com reservas para controlar a quantidade de clientes.

“Preferimos abrir, inicialmente, com agendamento. Assim, podemos definir a quantidade de pessoas que poderão estar conosco no restaurante. Também disponibilizamos álcool em gel, espaçamento adequado, máscaras, exame completo da equipe e termômetro para aferir a temperatura dos nossos clientes e colaboradores”, afirma o empresário e mixologista.

Thiago Lucena, um dos nomes à frente do Mandaka, afirma que a reabertura do restaurante especializado em comida brasileira vai cumprir todas as determinações do governo. “Teremos totens com álcool disponível para todos, e a higienização do local será constante”, ressalta.

“Eu escolhi esperar”

Na contramão da ansiedade e do desespero para abrir as portas, algumas operações da capital seguem fechadas, funcionando apenas com o delivery e o take out. O recém-inaugurado Marilda Café decidiu continuar apenas com os serviços a distância. “Só iremos abrir quando for 100% seguro para todos”, aponta Ana Letícia Brum, uma das sócias do estabelecimento.

Segundo ela, mesmo com o decreto do GDF, a situação em Brasília ainda merece atenção. “Não temos nem perspectiva de abertura do café para os clientes. Não é momento de fazer isso, sabe? Os números de contágio e mortes só aumentam. Então vamos manter o café ‘de quarentena’ até realmente ser um bom momento para abrir”, pontua.

O chef Paulo Tarso, sócio do Rubrio – Cozinha Autoral de Fogo e Brasa, também decidiu manter a operação presencial congelada. “Eu e meus sócios resolvemos esperar um pouco para ver como o mercado vai se comportar após a reaberturas dos restaurantes”, salientou.

Segundo ele, a dúvida é saber se as pessoas vão realmente querer sair de casa. “Acreditamos que ainda não é o melhor momento para reabrir a casa e preferimos manter apenas o delivery, por enquanto. Em algumas semanas, vamos ver como está a situação dos restaurantes reabertos e pensaremos uma data para reinaugurar o Rubrio, com todas as medidas de segurança e um serviço que funcione bem nesse momento”, conclui.

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