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Pai comprou roupas que Bernardo vestia quando foi achado morto

Polícia acredita que o motivo seria dificultar a identificação do menino. Avó não reconheceu calça e blusa

atualizado

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Reprodução/Facebook
Bernardo-2
1 de 1 Bernardo-2 - Foto: Reprodução/Facebook

Com a conclusão do exame de DNA, que confirmou ser de Bernardo (foto em destaque) o corpo encontrado na Bahia, a Polícia Civil dá as investigações por encerradas. A Divisão Especial de Repressão a Sequestros (DRS) tem certeza de que o pai do garoto, Paulo Roberto de Caldas Osório, 45 anos, planejou o crime. Chegou a comprar roupas novas para o menino, possivelmente para dificultar a identificação da vítima, achada às margens da BR-242, no povoado de Campos de São João, zona rural do município de Palmeiras (BA).

A avó de Bernardo não reconheceu a calça listrada e a blusa branca que o menino usava no momento em que foi encontrado morto por um morador da região. A criança faria 2 anos no próximo dia 31.

O delegado Leandro Ritt, chefe da DRS, concluiu que o pai agiu sozinho. Ele acredita que Paulo saiu com o garoto morto da casa na 712 Sul. O homem não levou roupas para Bernardo nem mala, a TV ficou ligada, assim como outros aparelhos eletroeletrônicos. O servidor do Metrô também não carregou o tablet que o pequeno tanto gostava.

As investigações apontam que Paulo deixou a casa às 20h52 de sexta-feira (29/11/2019). Às 21h20, passou em um radar na Ponte do Bragueto, na Asa Norte. Dirigiu pela BR-020 até Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. “Lá, pernoitou com o menino morto no carro”, disse o delegado. O corpo foi desovado na região de Palmeiras. No sábado (30/11/2019), o homem foi até Salvador. Depois, acabou preso em Alagoinhas.

Em tempo recorde, o Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA) da Polícia Civil do DF concluiu nesse sábado (07/12/2019), por meio de exames genéticos, a identificação do corpo encontrado na Bahia. Com técnicas avançadas, o trabalho foi realizado em 5 horas e 30 minutos.

Amostras biológicas colhidas em Itaberaba (BA), onde o corpo está, chegaram a Brasília na aeronave da PCDF por volta das 12h30 de sábado. O material foi trazido pela equipe da DRS e entregue ao médico-legista e diretor do IPDNA, Samuel Ferreira.

 

 

 

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A agilidade na análise foi motivada pela resposta humanitária que os peritos da Polícia Civil queriam dar à família da criança. “Quando a avó desceu do avião em Brasília (no sábado), ao lado da equipe policial, ela me fez um apelo emocionado pedindo para que identificássemos o corpo do neto. Temos experiência em situações como essa e entendemos a angústia da família”, explicou o diretor do IPDNA.

O especialista detalha que os exames foram feitos com base em tecidos moles do corpo, que já estava em estado avançado de decomposição. Os peritos compararam uma amostra da cartilagem do joelho de Bernardo com a saliva da mãe e do pai. “Não temos dúvidas sobre a identidade”, destacou Samuel.

A técnica faz parte de um protocolo desenvolvido pela PCDF. O mesmo procedimento foi empregado na identificação das vítimas do avião da Gol 1907 e na identificação dos corpos na tragédia de Brumadinho, em Minas. “O diferencial da análise dos tecidos moles é que o teste é mais simplificado e o resultado, mais rápido. No entanto, é preciso buscar locais que ainda não foram degradados e que as células ficaram preservadas. A coleta do material, no caso do Bernardo, foi feita pelos policiais da Bahia com a nossa orientação. O trabalho realizado por eles foi fundamental para a eficácia dos testes”, completou Samuel.

O laudo que vai determinar as causas da morte de Bernardo, assim como a perícia no local onde o corpo foi encontrado, será feito pela polícia da Bahia. Porém, a DRS informou que vai relatar o inquérito até esta quarta-feira (11/12/2019) e encaminhar à Justiça.

Sequestro e morte
No dia 29 de novembro, Bernardo foi levado pelo pai ao sair da creche na Asa Sul. Preso dois dias depois, na Bahia, o servidor do Metrô-DF Paulo Roberto de Caldas Osório disse à polícia ter matado o filho.

Muito abalada após ter seu filho sequestrado pelo próprio pai, a advogada Tatiana da Silva, 30, mãe de Bernardo, disse que estava preparando a festinha para comemorar os dois anos do menino, na véspera do Ano-Novo. O tema havia sido escolhido: Mundo Bita. “Mas ele era apaixonado pela Masha e o Urso”, disse Tatiana ao Metrópoles, neste sábado (07/12/2019).

Medicamentos controlados
Paulo Osório usava medicamentos controlados. Para insônia, tomava hemitartarato de zolpidem: remédio que ajuda pacientes com insônia a adormecerem. Aos investigadores da DRS, o homem afirmou ter dopado o pequeno Bernardo com o sonífero usado em seu tratamento. A morte, conforme contou, teria sido provocada por uma superdosagem da substância.

Confira fotos do caso:

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Em seu relato à polícia, o homem disse ter diluído três comprimidos no suco de uva que deu ao filho. Um copo infantil foi achado na casa de Paulo, na 712 Sul. Dentro do carro dele, havia pacote de biscoito e uma faca.

Depois de descobrir que o filho tinha morrido, Paulo Osório disse ter deixado o corpo às margens de uma rodovia na Bahia com a cadeirinha e fugiu. O município de Palmeiras, onde o cadáver foi localizado, fica a 1.055 km do Distrito Federal.

 

Veja vídeo em que Paulo fala sobre o crime:

 

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