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Marido de Noélia desabafa: “Estão difamando a imagem dela”

Vendedora foi assassinada com um tiro no rosto, no último dia 17. Principal suspeito é o operário de máquinas Almir Evaristo

atualizado

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MYKE SENA/ESPECIAL PARA O METRÓPOLES
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1 de 1 Marcos-Paulo-marido-de-Noélia - Foto: MYKE SENA/ESPECIAL PARA O METRÓPOLES

A descoberta do assassino de Noélia Rodrigues de Oliveira, 38 anos, provocou reações distintas no marido da vendedora, Marcos Paulo Mendes Santana: surpresa, decepção e alívio. Oito dias após a morte da esposa, ainda em luto, ele tenta consolar os filhos e diz estar empenhado em defender a reputação da mulher: “Estão difamando a imagem dela. Era uma ótima esposa e excelente mãe. Vejo comentários horrorosos de pessoas que parecem não ter humanidade alguma”, desabafou.

O vigilante se refere aos comentários em redes sociais após investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) sugerirem que Noélia mantinha um relacionamento extraconjugal com o suposto autor do feminicídio, o operário de máquinas Almir Evaristo Ribeiro, 43 anos. “Primeiro, não acredito que os dois tivessem um caso. Quem a conhece sabe que ela não seria capaz. Segundo, mesmo que essa hipótese se confirme, nada justifica tamanha maldade contra ela”, disse.

Marcos Paulo (foto em destaque) ressalta que o processo todo tem sido doloroso e difícil, e que o filho mais velho, de 16 anos, é o que mais tem sentido a barbárie cometida contra a mãe. “Ele já entende mais e está desolado, sofrendo muito. A família está unida e se ajudando para que os filhos não cresçam traumatizados.” Os outros dois filhos do casal têm 9 e 5 anos.

Assassino desejou pêsames

Ao tomar conhecimento da prisão de Almir como principal suspeito, Marcos Paulo diz ter ficado sem reação. “Fiquei muito surpreso, porque era uma pessoa que sempre estava ali na rua. Não éramos amigos, mas sempre dava bom-dia, boa-tarde, encontrava em alguma festa de fim de ano. Nunca imaginei que alguém tão próximo fosse capaz de fazer isso”, contou o vigilante, que relembrou a dissimulação de Almir Evaristo quando a polícia confirmou a morte de Noélia: “Ele me desejou os pêsames”.

Chefe da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), a delegada Adriana Romana disse, no começo da tarde desta sexta-feira (25/10/2019), acreditar, com base nos elementos recolhidos até agora, que o operário de máquinas planejou assassinar Noélia provavelmente porque ela teria tentado colocar fim ao suposto relacionamento.

Almir foi preso nessa quinta-feira (24/10/2019). Ele não confessa o feminicídio. No entanto, segundo a PCDF, as investigações o colocam na cena onde Noélia foi achada morta com um tiro no rosto, no Assentamento 26 de Setembro, em Vicente Pires. De acordo com a delegada, antes de ser encontrado pela polícia, o operador de máquinas apagou todas as mensagens de seu celular, que foi apreendido. Mas os registros de ligações trazem evidências claras, segundo as investigações: o último contato telefônico de Noélia foi com o suspeito.

Adriana Romana ressalta ainda que Almir foi o último a ver Noélia com vida, na quinta-feira da semana passada (17/10/2019). A polícia faz uma varredura para tentar achar o celular, a bolsa da vítima e a arma usada no crime, inclusive na área onde a comerciária foi achada morta. Almir está em prisão temporária de 15 dias, e a polícia tenta revertê-la para preventiva. Adriana destaca que os policiais querem ouvi-lo novamente, para entender a motivação do crime. “Até agora, o investigado decidiu usar o direito de permanecer calado”, comentou a delegada.

De acordo com Adriana, o depoimento inicial de Almir foi de total negação. Em um segundo momento, ele chorou muito. Ao contrário da polícia, a família de Noélia suspeita que Almir tenha premeditado o crime. Sobrinho da vítima, Marcus Aurélio Silva de Oliveira, 27, crê que o vizinho foi encontrá-la com a intenção de matá-la.

“Temos a certeza que ele saiu brutalmente preparado para ceifar a vida dela”, ressaltou Marcus, um dia após a prisão de Almir. O sobrinho também rebateu comentários de pessoas nas redes sociais que criticam a hipótese de Noélia ter se relacionado com o suspeito, mesmo sendo casada. “Desonram a imagem da minha tia. Ela faleceu, não tem mais poder de voz. Então, pedimos para que pelo menos respeitem a memória dela.”

O sobrinho de Noélia ressalta que “nada justifica” a morte de sua tia. “Foi um crime banal. Os comentários machistas a respeito da vida íntima dela, o que tinha, o que não tinha. O que sei é que ela foi calada da forma mais cruel e que a gente não poderia esperar”, lamentou.

 

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Segundo relatos de vizinhos da QNO 15, Noélia tinha uma rotina normal, voltada para o marido e para os filhos. Eles afirmam que nunca viram o suspeito pela região. De acordo com Antônio José Nunes, 56, o desfecho do caso chocou a todos. “Ela era conterrânea minha, também vim do Ceará para cá. Era muito gente boa, alegre com todo mundo”, comentou.

Outra vizinha, que compareceu à missa do sétimo dia de Noélia, disse que a vítima era uma pessoa muito batalhadora. “Fiquei chocada. Ela ajudava todo mundo”, afirmou. Após a prisão de Almir, a PCDF busca descortinar detalhes da bárbara execução, como saber se a vítima foi assassinada ainda dentro do carro, e procurar a arma usada pelo suspeito. Já se sabe que o veículo foi lavado após o crime.

Ligações telefônicas

Segundo a delegada, vítima e criminoso se conheciam: “A gente conseguiu identificar que ela e o autor tinham um relacionamento extraconjugal e mantinham contatos diários e frequentes há quatro meses. Ele buscou Noélia na via do Eixo Monumental, próximo ao Brasília Shopping, e depois seguiu para o assentamento. Ainda não soubemos se ela foi morta no veículo”, explicou Adriana Romana.

“Tivemos acesso aos extratos das ligações telefônicas dela. Nesses documentos tinha ligações entre ela e o autor por quatro meses”, pontuou a investigadora. “Eram ligações que duravam mais de uma hora”, completou. Ainda de acordo com a delegada, a mulher do suspeito, após muita insistência, acabou admitindo que desconfiava da relação entre o marido e a vítima.

Outra linha de apuração que reforçou o nome de Almir Evaristo como assassino da vendedora foi o fato de os investigadores terem refeito o caminho percorrido por Noélia. “A gente conseguiu refazer todo o trajeto dela. Ela vai pelo Setor Hoteleiro e para em um arbusto. Essa foi a última imagem que conseguimos dela, bem próximo à parada.”

 

Confira os últimos momentos de Noélia com vida no Setor Hoteleiro Norte:

 

 

Um GM Cruze prata usado pelo suposto autor acabou apreendido para perícia do Instituto de Criminalística (IC). A polícia disse que o homem lavou o automóvel depois do crime e agiu normalmente, como se nada tivesse ocorrido. Um outro carro, o do filho de Almir, também foi levado para análise da PCDF. Ambos os veículos estão registrados no nome da esposa do suspeito.

Reprodução/Facebook
Almir Evaristo é suspeito de ser o autor do feminicídio contra Noélia

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