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“Nada justifica a morte dela”, desabafa sobrinho de Noélia

Marcus de Oliveira rebate comentários machistas após prisão de vizinho suspeito, que, segundo a polícia, se relacionava com a vítima

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
Marcos-sobrinho-de-Noélia
1 de 1 Marcos-sobrinho-de-Noélia - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

A família de Noélia Rodrigues de Oliveira, 38 anos, acredita que o operador de máquinas Almir Evaristo Ribeiro, 43, tenha planejado o assassinato da comerciária. Sobrinho da vítima, Marcus Aurélio Silva de Oliveira (foto em destaque), 27, crê que o vizinho foi buscá-la no dia do crime com a intenção de matá-la.

“Temos a certeza que ele saiu brutalmente preparado para ceifar a vida dela”, ressaltou Marcus, um dia após a prisão de Almir. O sobrinho também rebateu comentários de pessoas nas redes sociais que criticam o fato de Noélia ter supostamente se relacionado com o suspeito, mesmo sendo casada. “Desonram a imagem da minha tia. Ela faleceu, não tem mais poder de voz. Então, pedimos para que pelo menos respeitem a memória dela”, desabafou.

O sobrinho de Noélia ressalta que “nada justifica” a morte de sua tia. “Foi um crime banal. Os comentários machistas a respeito da vida íntima dela, o que tinha o que não tinha. O que sei é que ela foi calada da forma mais cruel que a gente não poderia esperar”, lamentou.

Antes de se mudar para o Sol Nascente, em Ceilândia, Noélia morou na QNO 15 da mesma região administrativa. Lá, teria conhecido Almir. Ele está preso temporariamente. Não confessou o crime, mas a polícia tem convicção de que ele levou a vítima do Setor Hoteleiro Norte na noite de quinta-feira (17/10/2019) e a matou com um tiro à queima-roupa. O corpo da vendedora, que trabalhava em uma loja no Brasília Shopping, foi encontrado no dia seguinte, no Assentamento 26 de Setembro, em Vicente Pires.

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De acordo com vizinhos da QNO 15, Noélia tinha uma rotina normal, voltada para o marido e para os filhos. Eles afirmam que nunca viram o suspeito pela região. De acordo com Antônio José Nunes, 56, o desfecho do caso chocou a todos. “Ela era conterrânea minha, também vim do Ceará para cá. Era muito gente boa, alegre com todo mundo”, comentou.

Outra vizinha, que compareceu à missa do sétimo dia de Noélia, disse que a vítima era uma pessoa muito batalhadora. “Fiquei chocada. Ela ajudava todo mundo”, afirmou. Após a prisão de Almir, a PCDF busca descortinar detalhes da bárbara execução, como saber se a vítima foi assassinada ainda dentro do carro, e procurar a arma usada pelo suspeito. Já se sabe que o veículo foi lavado após o crime.

Ao Metrópoles, a delegada Adriana Romana, responsável pelo caso, informou que mesmo que Almir não tenha confessado o crime, ele será indiciado devido às provas reunidas. “Independentemente de confessar ou não, se temos a informação de que ele realmente é o autor, será preso preventivamente”, disse a chefe da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires).

Quando interrogado sobre o assassinato, Almir negou e ainda não confirmou se, de fato, mantinha relacionamento com a vítima. Nos próximos dias, porém, ele pode ser ouvido novamente.

Segundo Adriana Romana, os investigadores ainda aguardam alguns laudos para solicitar à Justiça a prisão preventiva de Almir. “Se a gente não concluir o inquérito dentro do prazo, vamos ver os próximos passos. Pode haver uma prorrogação dessa prisão (temporária) ou podemos fechar com as provas, encerrar o inquérito e pedir a prisão preventiva dele”, explicou.

Confira os últimos momentos de Noélia com vida no Setor Hoteleiro Norte:

 

 

Um GM Cruze prata usado pelo suposto autor acabou apreendido para perícia do Instituto de Criminalística (IC). Um outro carro, o do filho de Almir, também foi levado para análise da PCDF. Ambos os automóveis estão registrados no nome da esposa do suspeito.

Reprodução/Facebook
Almir Evaristo é suspeito de ser o autor do feminicídio contra Noélia

Além dos laudos da perícia que ainda será realizada nos veículos, a polícia espera por resultados das análises que descrevam a dinâmica do crime. “Dependemos das provas da perícia ficarem prontas. Ainda faltam muitas coisas para mandar ao Instituto de Criminalística. Então, é um caso complexo e estamos tomando todos os cuidados para termos os elementos que precisamos antes de encerrar o inquérito.”

Provas importantes ainda precisam ser reunidas pelos investigadores, como a arma utilizada no crime, o celular e a bolsa de Noélia. Os objetos foram procurados na casa do suposto assassino, mas não foram localizados.

Caso alguém tenha informações sobre os bens da vítima, a delegada pede para que entre em contato com a PCDF pelo número 197, ou procure o plantão da 38ª DP. A identidade do denunciante será mantida no mais absoluto sigilo.

Ligações telefônicas

De acordo com a investigadora, vítima e criminoso se conheciam: “A gente conseguiu identificar que ela e o autor tinham um relacionamento extraconjugal e mantinham contatos diários e frequentes há quatro meses. Ele buscou Noélia na via do Eixo Monumental, próximo ao Brasília Shopping, e depois seguiu para o assentamento. Ainda não soubemos se ela foi morta no veículo”, explicou a delegada.

“Tivemos acesso aos extratos das ligações telefônicas dela. Nesses documentos, tinham ligações entre ela e o autor por quatro meses”, pontuou a investigadora. “Eram ligações que duravam mais de uma hora”, completou. Ainda de acordo com a delegada, a mulher do suspeito, após muita insistência, acabou admitindo que desconfiava da relação entre o marido e a vítima.

Outra linha de apuração que reforçou o nome de Almir Evaristo como assassino da vendedora foi o fato de os investigadores terem refeito o caminho percorrido por Noélia. “A gente conseguiu refazer todo o trajeto dela. Ela vai pelo Setor Hoteleiro e para em um arbusto. Essa foi a última imagem que conseguimos dela, bem próximo à parada”.

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