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Alunos de medicina da UnB acusam professor de assédio e preconceito

Segundo estudantes, docente teria desqualificado alunos cotistas. Protesto chegou a ser realizado na quarta-feira (22/3) em sala de aula

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Ocupação Unb – Faculdade de Medicina
1 de 1 Ocupação Unb – Faculdade de Medicina - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Mais uma denúncia de assédio moral nos corredores da Universidade de Brasília (UnB) tem causado polêmica entre a comunidade acadêmica. Desta vez, são estudantes de medicina que fazem uma acusação contra o professor João Alexandre Gonçalves, do Instituto de Biologia. Os alunos alegam que o docente segrega cotistas e indígenas, colocando em xeque a capacidade deles.

Na quarta-feira (22/3), estudantes fizeram um protesto silencioso na sala onde o professor daria aula. Um grupo colou cartazes na porta de entrada e no interior do local com dizeres como: “A casa grande surta quando a senzala vira médica” e “Vai ter cotista, sim”. João Gonçalves, no entanto, não compareceu ao local.

Uma ex-aluna do professor conversou com o Metrópoles sob a condição de anonimato. Ela assistiu à disciplina bioquímica e biofísica médica com o docente, matéria obrigatória aos estudantes de medicina, e conta que os supostos abusos já ocorrem há algum tempo.

Desde que ele começou a lecionar a cadeira, há uns três anos, faz essa separação entre os cotistas e os demais

Ex-aluna do professor

De acordo com a estudante, no início do semestre, o docente teria o hábito de perguntar na sala de aula quais estudantes chegaram à UnB por meio de cotas e vagas concedidas. “Depois, ele diz que esses alunos iriam ter um desempenho bem pior que os demais porque não estariam à altura do curso e dos outros estudantes”, garante a jovem.

As denúncias foram reforçadas pelo Coletivo NegreX-UnB, formado por estudantes de medicina negros da instituição. Em nota de repúdio divulgada contra o professor, a entidade afirma que, além de fazer uma separação entre os cotistas e os demais, ele “já constrangeu estudantes pessoalmente em conversas particulares, dizendo que não estavam à altura do curso de medicina e de um suposto ‘padrão’ seguido pelos demais estudantes, e que sugeria que procurassem cursos mais fáceis”.

 

 

Ainda segundo os alunos e o Centro Acadêmico de Medicina da UnB (Camed-UnB), o professor foi denunciado ao Conselho de Ética da instituição. Além disso, afirmam que, no último semestre, a Faculdade de Medicina chegou a pedir ao Instituto de Ciências Biológicas para que o docente não lecionasse mais aulas aos estudantes do curso. No entanto, os estudantes ficaram surpresos ao descobrirem que ele continuava atuando neste semestre.

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O Camed-UnB destacou que “apoia totalmente os estudantes que sofreram o assédio moral e racismo por parte do professor”. Os integrantes do Centro Acadêmico informaram ainda que, em reunião ordinária, decidiram assinar a nota divulgada pelo Negrex-UnB.

Outro lado
Na tarde desta quinta-feira (23/3), a assessoria de imprensa da universidade divulgou nota elaborada pelo Instituto de Biologia (IB). O texto afirma que não existem denúncias de supostos casos de racismo ou assédio moral protocolados no IB. Segundo a instituição, caso sejam feitas, elas serão apuradas, seguindo os trâmites já adotados pela UnB.

Por fim, o IB afirma que “respeita a autonomia de cátedra de seus docentes, altamente qualificados, que ministram disciplinas para 19 cursos de graduação da universidade. O instituto repudia acusações infundadas, que busquem difamar, assediar ou prejulgar professores ou o instituto, sem a apresentação de provas nem o respeito ao contraditório e à ampla defesa”.

Apesar de negar as denúncias, o IB confirma que, após a repercussão do caso na faculdade, a participação de docentes do instituto na disciplina bioquímica e biofísica médica foi suspensa. O Metrópoles não conseguiu contato com o professor João Alexandre Gonçalves.

A reportagem procurou o docente, por meio de telefonemas ao Instituto de Biologia e email profissional, mas, até a última atualização desta reportagem, ele não havia sido localizado. O celular dele foi fornecido pela faculdade.

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