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A era dos podcasts

Com linguagem fácil, o formato é uma das tendências para 2022, atingindo cada vez mais pessoas, avalia o jornalista Flávio Resende

atualizado

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1 de 1 podcast - Foto: Halfpoint Images/GettyImages

Atire a primeira pedra quem, nos dias de hoje, não busca alternativas de otimização do tempo para ficar bem informado. Neste contexto, o podcast é uma “mão na roda” uma vez que facilita o acesso à informação e segmenta os temas abordados, possibilitando uma verticalização do conteúdo.
Tudo isso para provar que o mundo realmente dá voltas já que o áudio – mídia que havia sido renegada basicamente à música e à inclusão de pessoas com deficiências auditivas – voltou a conquistar espaço, de uns tempos para cá.

Com a pandemia, o hábito de acompanhá-los ficou tão frequente que o Brasil ocupou o quinto lugar no ranking mundial de crescimento da produção de podcasts.

E há programas para todos os gostos: de cultura pop, passando por autoajuda, esporte, política até dicas de maquiagem e alimentação saudável. Mas é possível ser mais criativo usando essa ferramenta de comunicação? Ou a tendência é fazerem um pouco mais do mesmo?

Hoje, até as rádios aderiram ao modelo: se antes o formato era fixo, configurado no jornalismo radiofônico, hoje se ouve reportagens pautadas no formato podcast. A linguagem mais simples, disposta em diálogo, com música e em formato compacto, foi além da audiência. Ela se tornou um hábito de consumo, algo que tem chamado a atenção das marcas.

A propósito, um estudo realizado pela Globo, em parceria com o Ibope, mostra que 57% dos brasileiros começaram a ouvir podcasts durante a pandemia. A pesquisa ouviu mais de mil entrevistados para traçar um mapeamento dos fatores que potencializam o consumo do produto.

No frigir dos ovos, o que se percebe é que esse recurso da comunicação fala ao pé do ouvido, criando uma relação mais íntima com o público. Além disso, são comuns os relatos de pessoas que dizem se sentir parte da conversa dos programas e, assim, têm a sensação de estarem menos sozinhas. Só para se ter uma ideia, dos quase 100 milhões de brasileiros que consomem alguma forma de áudio digital, 28 milhões já declaram ouvir podcasts.

Ao olhar para os dados da pesquisa, é possível notar que os consumidores de podcasts estão se expandindo mais do que antes, quando o perfil era mais nichado. O estudo mostra que a maior parte dos ouvintes são homens (51%) de 25 a 34 anos (28%), enquadrados na classe média (51%).

Outra curiosidade é que, no período de um ano – de 2019 para 2020 -, o Brasil ganhou mais 7 milhões de ouvintes acima dos 16 anos, que escutam o conteúdo principalmente pelo smartphone. Vale destacar que os podcasts também têm mais penetração na vida de pessoas que já estão habituadas a ouvir música (45%), se comparado aos internautas de maneira geral (32%).

O levantamento aponta, ainda, que a porta de entrada no mundo do áudio tem algumas motivações em comum. A maior parte dos ouvintes escuta podcasts para buscar entretenimento em assuntos de interesse pessoal (41%). Outra grande parcela (27%) escuta por ter curiosidade sobre o formato do modelo de áudio, ao passo que 26% são influenciados a consumir podcasts por indicação de amigos ou familiares.

Os brasileiros, segundo a pesquisa, ouvem podcasts de forma simultânea com a realização de outra tarefa. Além disso, 48% acompanham os programas enquanto realizam atividades domésticas, 38% enquanto navegam na internet, 25% aproveitam o momento antes de dormir, 24% colocam os fones durante o trabalho ou estudo – a mesma porcentagem o faz durante o transporte entre casa e trabalho ou casa e estudo -, 20% escutam durante a realização de atividades físicas e 18% têm o hábito de ouvir enquanto realizam uma rotina de auto cuidado.

É neste contexto que os podcasts têm ganhado a preferência do público e, consequentemente, conquistado cada vez mais as marcas. Afinal, trata-se de um conteúdo de fácil consumo, que pode ser ouvido a qualquer hora do dia, de qualquer lugar do mundo.

De modo geral, podemos dizer que a criação de um podcast precisa ser dividida em cinco grandes etapas: planejamento, produção, edição, publicação e divulgação.

Sem sombra de dúvidas, o podcast é uma tendência para o ano de 2022. Entrevistas, conversas com especialistas, análises… A diversidade de formatos é um de seus pontos positivos. Na perspectiva da criação de conteúdo, construir instrumentos capazes de ouvir o público pode ajudar a estabelecer um relacionamento com a audiência, adaptando a informação, de modo mais criativo, para o que as pessoas, de fato, desejam e têm interesse em ouvir. Nós, consumidores vorazes de podcasts, agradeceremos!

Flávio Resende é jornalista, colunista de Negócios e Impacto Social, empreendedor social e diretor-executivo da Proativa Comunicação.

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