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Psicólogos duvidam que coaches preparem campeão para A Fazenda

Profissionais revelam ser impossível fazer um pré-treinamento para programas como o reality show da Record TV

atualizado

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A Fazenda 13
1 de 1 A Fazenda 13 - Foto: Reprodução

A Fazenda 13 estreou e as apostas de quem se sairá melhor no jogo já começaram. Com 20 famosos confinados, as estratégias são inúmeras, mas o que se tornou uma ação em comum dentre os peões do reality show é a contratação de coaches para que eles os orientem como agir sob pressão. A coluna Leo Dias conversou com psicanalistas e psicólogos, que nos contaram sobre o processo de treinamento para uma celebridade que decide se arriscar em um programa de confinamento.

“Tem que ter uma análise psicológica de personalidade que vai além do que é dito. O não-dito pesa mais na decisão para uma melhor orientação. O não-dito é aquilo que o paciente não diz e enxergamos. O que acontece é que, muitas vezes, o que dizem, não é a realidade e sim o que querem que acreditamos. Por exemplo, pessoas que vão para um reality geralmente são narcisistas, e pessoas narcisistas não se reconhecem como narcisistas. A questão é que, muitas vezes, criamos uma ideia de mundo que acreditamos, mas que pode não ser real e, sim, uma criação que nos convence de estar de acordo com os padrões. E é por isso que as pessoas mais sinceras sobressaem no confinamento porque são mais inteligentes, logo, mais coerentes. Sabem o que falam”, garante disse Fabiano de Abreu, neurocientista com formação em psicologia e psicanálise.

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Para ele, não há coach capaz de formar um vencedor de reality: “Pode colocar mil coaches, mas a essência é percebida. Personalidades como as derivadas do ego, por exemplo, dificultam mais o trabalho já que a pessoa pode não seguir o que foi dito, tomando assim decisões impulsivas e incoerentes. Portanto, o trabalho tem que ser de acordo com a personalidade do indivíduo, como uma terapia cognitiva, mas mediante a uma consultoria para que, em pouco tempo, sejam determinados os hábitos e comportamentos, já que ambos têm relação”, afirma.

Psicóloga explica por que participantes odiados dentro do confinamento geralmente despertam amor no público

A psicóloga clínica Daniela de Toledo Garcia concorda: “Não tem como treinar para um reality show. O bom mesmo é a pessoa ter consciência do porquê dela estar ali. Um coach, como a palavra já diz, é apenas um treinador. Você pode se mascarar para alguma situação por um tempo, apenas. O movimento de saber como devo me portar é igual às minhas bases, com a família, amigos e amores, são esses nossos espelhos que vão lapidando a nossa personalidade”, alerta a psicóloga, que tem 25 anos de experiência..

Ainda segundo Daniela, dentro de um reality show não há lugar ou gesto que se possa fingir sem ser observado e, com isso, tudo será desvendado em algum momento: “Inúmeras vezes, para não dizer na maioria, as pessoas mais odiadas e massacradas dentro de um programa de confinamento saem amadas pelo público. E isso acontece porque a visão que os colegas de confinamento têm dos acontecimentos é finita, direcionada e avaliada dentro de uma ótica coletiva subjetiva. O ambiente interno da casa se faz um universo controlado pois não se pode ter acesso nem ambientação do que acontece do lado de fora”.

“O melhor é ser você mesmo, com os seus defeitos, vícios e bondades. Máscaras caem, pessoas se desvendam e a todo momento se faz conluios, pois ninguém consegue fingir o tempo inteiro. O melhor treino é saber o que se quer, o porque quer e nunca perder a visão de que está num jogo com começo e fim, e que o objetivo é o meio, ao se garantir a permanência”, concluiu.

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