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“Crueldade e covardia”, diz especialista sobre ataques a Lizi Gutierrez

Confinada em A Fazenda 13, ex-Miss Bumbum está sendo alvo de críticas cruéis na web por conta de sua aparência

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Reprodução/Botched
liziane influencer brasileira no botched cirurgias plásticas
1 de 1 liziane influencer brasileira no botched cirurgias plásticas - Foto: Reprodução/Botched

A modelo e influenciadora digital Liziane Gutierrez, participante de A Fazenda 13, da Record, virou alvo de cyberbullying nas redes sociais desde a estreia do programa, na noite de terça-feira (14/9). Lizi, como é chamada pelos peões, se submeteu a cirurgias plásticas e está sendo bastante criticada por sua aparência. As mensagens que circulam na web são bastante agressivas. Para falar sobre esse tema tão recorrente na atualidade, e que causa até suicídios, a coluna LeoDias procurou três especialistas para falarem sobre o assunto.

Muito se ouve falar sobre cyberbullying, mas poucas pessoas sabem o que é e como se dá. Trata-se de bullying realizado por meio das tecnologias digitais, ou seja, pode ocorrer por meio de plataformas de mensagens, de jogos e celulares, ou mesmo por meio de redes sociais. A principal característica é o comportamento repetido, com intenção de provocar reações, de envergonhar, assustar ou mesmo enfurecer aqueles que são vítimas.

No caso do reality rural da Record TV, além de Liziane, de 35 anos, a italiana Valentina Fracavilla, de 41, assistente de palco do Programa do Ratinho, do SBT, também está na mira dos internautas e vem recebendo comentários agressivos nas redes sociais.

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“Quem pratica o cyberbullying muitas vezes não sabe que existe punição para essa prática. Sendo uma forma de violência, precisa ser combatido. O cyberbullying ofende a dignidade da pessoa humana, que é um bem jurídico, protegido pela Constituição Federal. Tem-se visto efeitos drásticos do cyberbullying, como a morte ou suicídio de pessoas”, explica a advogada Ludimila Bravin.

Existem 6 tipos de cyberbullying: flaming, que é o envio de mensagens vulgares ou hostis com objetivo de provocar a vítima; ciberstalking (perseguição online); substituição da pessoa, que é o uso de perfil falso ou fake para difamar a vítima; outing, divulgação de informações que a vítima quer que permaneçam em sigilo, sejam características pessoais ou qualquer outro tipo; apartheid digital, que é a expulsão de alguém de grupo ou comunidade online; e sexting, que consiste em espalhar eletronicamente material de conteúdo sexual.

“O Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) foi instituído em 2015 pela Lei 13.185, de 2015, com o objetivo de tentar impedir as recorrentes agressões físicas, verbais, intimidação e humilhação que passam as vítimas. Todavia, a prática de cyberbullying nunca foi tipificada como crime na legislação brasileira, sendo necessário apurar os efeitos que ela trás para haver o crime”, informa Ludimila.

Assim, tanto o bullying quanto o cyberbullying podem gerar punições previstas no Código Penal, com enquadramentos nos crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria, com punições que podem chegar a quatro anos de reclusão.

“Também pode haver punições na esfera cível, onde os agressores podem ser condenados a pagar indenizações por dano moral. Se os crimes são cometidos por menores de idade, seus responsáveis podem ser condenados a pagar as indenizações à vítima e seus familiares”, completa.

Na psicologia

Para Alexander Bez, psicólogo e escritor, o cyberbullying é um dos tipos de “disseminação de ódio” e de bullying. “Assim como qualquer tipo de bullying é um “assédio hostil”, cuja principal intenção é praticar a hostilização associada com a desmoralização da pessoa em questão”, destaca.

“Em A Fazenda, podemos ver essa “expressão virtual preconceituosa”, tanto contra Liziane como em Valentina, motivadas principalmente pela aparência de ambas. Todas as nossas ações praticadas ao longo das nossas existências são constituídas pelas nossas “esferas mentais”. A prática do bullying não tem exceção para essas participantes”, afirma.

“O cyberbullying não respeita a opinião ou quaisquer modo de vida, o qual não agrada os seus autores que são os haters. Compreender que elas têm o direito de fazer o que bem entenderem com as suas vidas é o primeiro passo para se afastar de disseminar essa má prática intencional”, garante o psicólogo.

Alexander frisa que o objetivo do cyberbullying é provocar sentimentos de tristeza e pânico, como fazer a pessoa se sentir odiada. Por isso a importância da terapia, focada na elevação da autoestima.

“Além das questões do ódio, ele apresenta também a manipulação, controle, descrédito pessoal, depreciação e humilhação. Infelizmente todas essas sensações podem lograr êxito na vítima ou no caso das meninas da A Fazenda. Mas para muitas pessoas essa prática pode ser funcional, se confirmando pelas representações psicológicas negativas que irão aparecer”, emenda.

Sintomas severos psicossomáticos – sintomas que nasceram na mente e viraram físicos – podem ser bem significativos, de acordo com o especialista. “O cyberbullying opera pela crueldade e pela covardia, principalmente pela cobertura e proteção em estar no mundo virtual, não deixando a pessoa se defender, além de revelar a incapacidade de seus autores em conviver com qualquer conduta a qual não lhes agrada”, finaliza.

Vilão da autoestima

Autoestima é um conceito que vai bem além das aparências: é o quanto você vale, o quanto você acha que vale, e também, o quanto você acha que os outros valorizam você.

“Pensar na própria autoestima somente como resultado de sua aparência física (e de quanto ela agrada ou desagrada aos outros) é deixar de valorizar as próprias atitudes, os próprios valores, as boas ações e os caminhos que você percorreu para chegar aonde está”, alerta a psicóloga Maria Rafart.

“Contudo, numa sociedade que privilegia as aparências, a beleza toma um lugar de destaque para a composição da autoestima de alguém. E se torna uma moeda perfeita para os ataques virtuais, pois quem pratica o Cyberbullying, sabe bem que está cutucando um elemento importante da autoestima da pessoa atacada”, continua.

Maria Rafart explica que os danos psicológicos são estudados por uma área da Psicologia chamada de Psicologia da Violência e da Intimidação. É um tipo de prejuízo muito difícil de quantificar, e mais difícil ainda de sofrer.

“A violência psicológica causa danos emocionais profundos na vítima de ataques virtuais: é como se fosse uma hemorragia de emoções, que causa imediata diminuição da autoestima. Se se tratar de alguém que tem a vida profissional baseada em sua aparência física, o dano pode ser potencialmente maior”, afirma.

O constrangimento e a degradação de uma pessoa através de críticas à sua aparência, podem causar, imediatamente, crises de ansiedade e de depressão, e como danos a longo prazo, o desenvolvimento de fobias, como a fobia social.

“No caso de Liziane, as críticas foram particularmente cruéis, já que ela foi vítima de procedimentos estéticos malsucedidos e fez algumas cirurgias reparadoras. O caso de Valentina mostra que, além dos ataques à aparência, os internautas planejam uma espécie de “vingança” depois que ela viralizou destratando fiscais na pandemia: o argumento utilizado chama-se “ad hominem”: eu quero falar mal de uma atitude da pessoa. Eu não falo da atitude. Eu acabo falando mal da aparência da pessoa, visando atacá-la”, ressalta a especialista.

E continua: “Se você é vítima deste tipo de crueldade, para minimizar os impactos que esses ataques podem ter, recomendo que você tente ao máximo ter consciência de como você reage diante de cada emoção. Esse processo é fundamental para manter o equilíbrio emocional. Se você se conhece, pode amparar a sua autoestima em outros pilares, e aí os ataques passam a ter uma importância menor”.

Equipe de Liziane promete tomar providências contra haters

A equipe da modelo Liziane Gutierrez divulgou um comunicado oficial nas redes sociais nessa quarta-feira (15/09). No texto, os assessores da peoa se manifestam contra os ataques à aparência física dela.

Segundo a assessoria da ex-Miss Bumbum, todas as providências necessárias serão adotadas para acionar aqueles que atacaram e usaram a aparência física de Liziane para destilar ódio na internet.

“O ato de insultar, humilhar e praticar violência psicológica na internet também é considerado crime e fere a integridade moral da modelo. Estamos tomando as medidas legais cabíveis e recolhendo todas as informações necessárias sobre os usuários que praticam a ação. Não vamos tolerar mensagens de baixo calão ou humilhando nossa cliente”, escreveram.

Apesar do pronunciamento, internautas continuam compartilhando opiniões sobre a aparência da morena nas redes sociais, principalmente pelo Twitter. Do outro lado, fãs de Liziane começaram a escrever “Liziane merece respeito” em todos os tuítes e estão prestando solidariedade à equipe da modelo.

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