metropoles.com

Carolinie Figueiredo revela violência obstétrica e estupro: “Dores vivas”

Atriz usou simbolismo da última quarta-feira para fazer um relato pessoal sobre a primeira relação sexual e o nascimento da filha Bruna

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
Carolinie Figueiredo
1 de 1 Carolinie Figueiredo - Foto: Reprodução

Carolinie Figueiredo aproveitou o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, celebrado na quarta-feira (25/11), para fazer um relato pessoal sobre abuso sexual e violência obstétrica no parto da filha Bruna Luz.

A atriz de 31 anos também é mãe de Theo, de 6. Em uma carta aberta, ela contou como a experiência de dar à luz à primogênita foi traumática.

“Minha história de compreensão e elaboração da violência começou há nove anos, na chegada da minha filha ao mundo. Por ter sido um parto vaginal e sem anestesia, eu não compreendia o que tinha acontecido, mas algo me parecia errado. Eu tinha 22 anos. Dois anos depois do nascimento dela, eu estava grávida do meu segundo filho. Ao repassar as experiências do primeiro parto com a médica, ela me disse: ‘O que aconteceu foi uma violência obstétrica e você precisa elaborar isso”, iniciou Carol.

0

“Um filme passou na minha cabeça: não só a privação de água e comida, o impedimento de movimentar meu corpo. Não só as palavras de descrédito e humilhação sobre meu processo de parir, mas também a manobra de Kristeller (prática antiga da obstetrícia, que consiste em empurrar a barriga da mulher com toda força para que o bebê saia mais rápido; superperigosa pro bebê e para a mãe, altamente violenta). Doem também as memórias de trazer minha filha ao mundo gritando: ‘Não, não, não’, enquanto eu tentava fechar as pernas pra me proteger da dor. Essas dores estão vivas nas nossas células, na sensação física de limites que foram atravessados. Fica a vontade de chorar, o nó na garganta, as memórias que estão gravadas e emergem nos registros do corpo”, continuou a atriz.

Ela também revelou ter demorado anos para perceber que sua primeira relação sexual foi, na verdade, um estupro: “A verdade é que todas nós já sofremos algum tipo de assédio, abuso ou violência. Se você não lembra é só uma questão de tempo até seu sistema nomear. São as fichas que vão caindo ao longo da vida. Eu demorei 15 anos pra compreender que a maneira que perdi minha virgindade também foi um estupro.”

Ela termina o relato dedicando sua luta por uma sociedade mais igualitária à filha, que tambem completou aniversário na quarta-feira.

“Filha, hoje é seu aniversário de 9 anos. Parte do meu trabalho de despertar é limpar o terreno para que você pise com mais segurança. Estamos abrindo espaço para que seu caminho seja mais livre e mais justo. Esse movimento não é só meu, mas de todas mulheres que vieram antes, são por nossas avós, bisas, tias, primas… Mulheres que atravessaram tudo isso sem ter espaço de fala e escuta. Quando você puder compreender toda essa história, minha filha, eu espero que você sinta orgulho e admiração por esse movimento.”

Compartilhar notícia