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Vaquinha on-line: fãs pedem ajuda para vir à posse de Bolsonaro

Apoiadores do presidente eleito recorrem ao crowdfunding para custear viagem a Brasília e ver de perto “mito” recebendo a faixa presidencial

atualizado

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IGO ESTRELA/METRÓPOLES
bolsonaro e jovens
1 de 1 bolsonaro e jovens - Foto: IGO ESTRELA/METRÓPOLES

Apoiadores que acompanham Jair Bolsonaro (PSL) desde a pré-campanha eleitoral estão determinados a celebrar, em Brasília, a posse do capitão da reserva do Exército brasileiro como o 38º presidente da República. Em 1º de janeiro de 2019, integrantes de movimentos sociais de direita e seguidores do político em todas as regiões do país querem estar na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes para ver o “mito” desfilar ao lado da mulher, Michelle, subir as rampas do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, receber a faixa de seu antecessor, Michel Temer (MDB), e, enfim, fazer seu primeiro discurso presidencial à nação.

Nem os fãs menos abastados estão dispostos a perder a “festa da democracia” que Bolsonaro e sua equipe de transição planejam promover no coração da capital federal, ao custo de R$ 1 milhão: é esperado público de 500 mil pessoas. Para garantir lugar na posse, vencendo a distância entre a cidade onde vive e Brasília, tem gente pedindo para milhares de internautas ajuda financeira por meio de crowdfunding – as famosas vaquinhas virtuais. A meta é angariar fundos para custear a viagem.

Grande parte dos pedidos de doação são sustentados pelos admiradores do militar com a seguinte justificativa: a quantia auxiliará na realização de um sonho. No entanto, apesar de as campanhas terem começado em novembro, com prazo de contribuição até meados de dezembro, uma parcela de apoiadores ainda está com o fundo da conta on-line zerado.

O representante do Movimento Direita Lagos (RJ), Leonam Oliveira, 18 anos, é um dos militantes pró-Bolsonaro que planeja assistir a posse do sucessor de Michel Temer na capital. O universitário disse ao Metrópoles que tenta desde o início de novembro arrecadar recursos por meio da vaquinha virtual para conseguir participar do evento com dois amigos.

Tivemos a ideia de fazer a vaquinha virtual para dar mais formalidade ao pedido, pois as pessoas podiam desconfiar ser um golpe. A minha ideia era [irmos] eu e mais dois colegas. Mas, chegaram pessoas que pretendem ir para Brasília e se mostraram voluntárias. Então, caso a gente consiga mais apoio da população, de mais pessoas interessadas em ajudar, pretendo levar mais gente

Leonam Oliveira, 18 anos, com crowdfunding aberto desde novembro

Conforme descrição da campanha de Leonam, as contribuições financeiras poderiam ser feitas entre 3 de novembro e 12 de dezembro. A meta estabelecida pelo jovem na plataforma foi angariar R$ 1 mil. Contudo, até o início da tarde dessa sexta-feira (21), constava na página saldo arrecadado de R$ 0. Ele explicou que, apesar do registro estar zerado na vaquinha, doadores têm repassado diferentes quantias diretamente para sua conta bancária.

“A vaquinha é para dar formalidade. As doações de maior valor estão sendo passadas diretamente para a minha conta. A ideia inicial era chegar [em Brasília] no dia 30 deste mês e voltar [ao Rio] em 2 de janeiro. Mas tudo depende do recurso que a gente conseguir e da quantidade de pessoas que estiverem conosco”, disse.

Segundo o militante, são necessários R$ 2 mil para tornar a viagem realidade, e não os R$ 1 mil declarados na descrição da campanha. A arrecadação continua. “Até agora, conseguimos R$ 1,5 mil. No caso, faltam R$ 500 para finalizar. De início, colocamos o prazo para 20 de dezembro, mas como apareceu mais uma pessoa para ir com a gente, estendemos até o dia 25 para ver se completamos a quantia”, disse.

Sonho frustrado
Outro admirador do militar da reserva que pretendia se somar à multidão em Brasília no dia da posse era Victor da Silva Pacheco, 18 anos. O estudante do Instituto Federal Fluminense (IFF) de Cabo Frio (RJ) também optou pelo crowdfunding para tentar viabilizar a viagem. Porém, com o esgotamento do prazo e a ausência de doações, o jovem já admite a possibilidade de acompanhar o evento na cidade onde mora.

“Fiz a vaquinha para tentar viajar com minha noiva, mas não dá mais. Talvez receba um dinheiro e possamos ir”, disse, esperançoso. Durante a campanha on-line, ele diz ter arrecadado apenas R$ 25 dos R$ 1 mil solicitados aos internautas na plataforma de doações. “Mesmo com o resultado, queremos assistir à posse. Mas, está difícil. Seria uma oportunidade de representar a população da Região dos Lagos”, finalizou.

 

ARTE/METRÓPOLES


Ajuda de empresas

Para chegar à capital federal em tempo de assistir à posse de Jair Bolsonaro, Leonam tenta conseguir apoio de empresas de ônibus para realizar o transporte dos militantes. “A nossa ida para Brasília está quase concluída. Só faltam alguns ajustes quanto ao período que vamos ficar lá e a quantidade de pessoas que estarão conosco. Estamos vendo se conseguimos parceria com algum empresário que possa reduzir o valor do fretamento para ajudar mais pessoas”, afirmou.

Além de participar da solenidade que marcará o início da gestão Bolsonaro, o jovem pretende estar em outros atos de apoio ao próximo presidente da República. “Quanto a possíveis manifestações antes ou depois da posse, sei que, quando a direita se une, há festa”, declarou. “Assim era quando o então pré-candidato Jair Bolsonaro chegava aos aeroportos. Eles ficavam lotados. Então, tenho certeza que haverá manifestação. Não sei o nível, o local, como vai ser feita. Mas, muito provavelmente, vai ter festa”, completou.

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