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E-mails mostram que governo negociou vacina com empresa que denunciou propina

Mensagens foram trocadas com Roberto Dias, diretor acusado de pedir propina por imunizante e exonerado do Ministério da Saúde

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Fotografia colorida do Ministério da Saúde
1 de 1 Fotografia colorida do Ministério da Saúde - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

E-mails obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo mostram que o Ministério da Saúde negociou oficialmente venda de vacinas com representantes da Davati Medical Supply. Um deles afirmou à Folha que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de assinar contrato.

De acordo com o jornal, as mensagens da negociação foram trocadas entre Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do ministério recém-exonerado, Herman Cardenas, que aparece como CEO da empresa, e Cristiano Alberto Carvalho, que se apresenta como procurador.

O próprio Dias envia um e-mail em que menciona uma reunião ocorrida sobre o tema. Ele é apontado como o autor do pedido de propina — sua exoneração do Ministério da Saúde foi anunciada na noite de terça (29/6) após as revelações.

Um dos e-mails foi trocado às 8h50 do dia 26 de fevereiro deste ano, por meio do endereço funcional de Dias, “roberto.dias@saude.gov.br”, e “dlog@saude.gov.br” —”dlog” é como o departamento de logística é chamado.

Na conversa, o CEO da Davati informa da oferta de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, citando Luiz Paulo Dominguetti Pereira como representante da empresa. “Fico no aguardo para ajudar a obter vacinas para seu país”, diz.

Na noite anterior, Dominguetti informou ter jantado com Roberto Dias no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, em Brasília, quando ouviu, segundo ele, o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina negociada.

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​”Ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”, afirmou à Folha o representante da empresa.

O contrato não foi assinado, segundo ele, porque a empresa se recusou a pagar a propina.

Uma segunda mensagem reforça a versão de Dominguetti. Segundo ele, uma agenda oficial foi marcada na tarde do dia 26 no Ministério da Saúde com Dias para discutir a compra. O e-mail foi enviado pelo departamento de Logística agendando o encontro às 10h50, pouco depois do e-mail com a oferta feita.

“Este ministério manifesta total interesse na aquisição das vacinas desde que atendidos todos os requisitos exigidos. Para tanto, gostaríamos de verificar a possibilidade de agendar uma reunião hoje às 15h, no Departamento de Logística em Saúde.”

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