metropoles.com

Bolsonaro faz desagravo a Salles em São Paulo: “Excelente trabalho”

O presidente uniu as posições negacionistas de seus aliados em um único discurso, que buscou apresentar uma versão diferente para pandemia

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
Ricardo Salles
1 de 1 Ricardo Salles - Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro liderou ontem, em São Paulo, uma manifestação de motociclistas a favor de seu governo. A “motociata” levou ao fechamento da pista central da Marginal do Tietê, principal artéria da cidade, e da Rodovia dos Bandeirantes, entre a capital e Jundiaí, no interior, em um trecho de pouco mais de 50 quilômetros, até retornar e acabar na região do Parque do Ibirapuera.

Ao fim da manifestação, em um caminhão de som, o presidente fez um discurso de cunho eleitoral, por meio do qual reforçou suas posições contrárias aos procedimentos recomendados pelos cientistas para evitar a proliferação do novo coronavírus. O chefe do Executivo federal também aproveitou o ato para fazer um desagravo ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que é alvo de investigações, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, por suspeita de atuar a favor de madeireiros na Amazônia e por obstruir uma apuração da Polícia Federal que culminou na maior apreensão de madeira ilegal da história do país.

Bolsonaro voltou a contestar o uso de máscaras, criticou ações para garantir distanciamento social e fez nova defesa do “tratamento precoce” contra a Covid-19, que inclui a administração de cloroquina – fármaco apontado pela comunidade científica como ineficaz para o combate à doença do novo coronavírus. O presidente esteve sem máscara durante todo o ato e, por este motivo, foi multado pelo governo de São Paulo.

Os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli (ambos PSL-SP), e os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, compareceram ao evento e também foram autuados.

Tarcísio discursou na manifestação, e foi aclamado pelo público como “governador”. Ele é tido como possível candidato do presidente ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.

Os motociclistas que acompanharam o presidente, vindo especialmente de motoclubes da capital, do interior de São Paulo e dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, estavam em um número suficiente para circular o complexo do Anhembi, na zona norte, onde ocorreu a concentração, em uma fila de 5 quilômetros de extensão. Segundo a Polícia Militar, 12 mil motociclistas participaram do ato. Muitos deles portavam bandeiras do Brasil e não usavam máscaras. No Ibirapuera, havia ainda faixas contra o Supremo Tribunal Federal, a favor do “voto impresso auditável” e pedindo “intervenção militar”.

“Excelente trabalho”

Salles permaneceu no carro de som ao lado do presidente. “O Ministério do Meio Ambiente era aparelhado e (Salles) fez um excelente trabalho”, afirmou Bolsonaro. O ministro discursou por cerca de um minuto, e repetiu o slogan do presidente “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

Ao agradecer os motociclistas pelo evento, Bolsonaro voltou a comentar um benefício já prometido para a categoria, de isenção de tarifas de pedágios em novas concessões rodoviárias executadas pelo governo.

O mandatário do país participou da “motociata” vestindo um colete do representante de uma associação de proprietários de motocicletas Harley Davidson, do Espírito Santo, recebido durante a visita ao estado anteontem. “Acho que ele ficou satisfeito”, disse Marcus Fly, que não viajou a São Paulo para acompanhar o evento.

Capacete

Durante o trajeto de moto, Bolsonaro utilizou um capacete do tipo coquinho, que não protege o maxilar nem possui viseira. O uso desse equipamento é proibido pela Resolução nº 453, de 2013, do Conselho Nacional de Trânsito, e é considerado uma infração grave, sujeita a multa.

A Polícia Militar registrou ao menos um acidente no comboio, no km 30 da Rodovia dos Bandeirantes. Imagens da Band News mostram o momento em que motociclistas caem. As vítimas não sofreram ferimentos graves.

O presidente uniu uma série de posições negacionistas de seus aliados em um único discurso, que buscou negar a versão de que o Brasil é um dos lugares com mais mortes por Covid-19 no mundo. Até agora, 482 mil pessoas já morreram por causa do coronavírus no país.

TCU

Essa junção de teses afirma que o número de mortes no Brasil é superestimado e, caso fosse correto, o País teria, proporcionalmente, menos mortes que outros países. Esse índice, supostamente inferior, seria resultado do tratamento precoce, com uso de cloroquina, defendido por ele e seus aliados. O discurso durou 28 minutos.

“O documento produzido pelo Tribunal de Contas União (TCU) que, apesar de não ser conclusivo, é bastante objetivo. O critério usado para governadores buscarem recursos era o número de óbitos por Covid. Houve sim, pelo que tudo indica, a supernotificação de casos de Covid”, afirmou. “Quem aqui nunca ouviu de pessoas que reclamaram que seu ente querido faleceu de outra doença, e que colocaram como Covid?”, questionou.

Citado pelo presidente, o documento do TCU sobre supernotificação foi questionado pelo órgão, que apura a conduta do servidor que produziu o texto.

Bolsonaro também voltou a criticar o uso de máscaras. “Eu propus ao ministro da Saúde que, levando-se em conta a ciência, estude a possibilidade de podermos ou não sugerir a não obrigatoriedade de máscaras para quem já contraiu o vírus ou já foi vacinado”, afirmou o chefe do Executivo federal. “O vacinado não tem como transmitir o vírus”, disse o presidente. Vale ressaltar que, na verdade, mesmo quem já tomou a segunda dose pode ser infectado e transmitir a doença, mas tem reduzidas as chances de precisar de internação e, consequentemente, morrer.

5 imagens
Bolsonaro fez um trajeto de mais de 100 km na Grande São Paulo
Cerca de 6,3 mil policiais participam de um forte esquema para garantir a segurança e a fluidez no trânsito, durante a manifestação
O ato começou na Praça Campos de Bagatelle, em Santana, na zona norte de São Paulo
A motociata ocorreu na manhã de sábado (12/6), em São Paulo
1 de 5

Presidente Jair Bolsonaro participa de "motociata" em SP

Rodrigo Zaim/Especial Metrópoles
2 de 5

Bolsonaro fez um trajeto de mais de 100 km na Grande São Paulo

Rodrigo Zaim/Especial Metrópoles
3 de 5

Cerca de 6,3 mil policiais participam de um forte esquema para garantir a segurança e a fluidez no trânsito, durante a manifestação

Rodrigo Zaim/Especial Metrópoles
4 de 5

O ato começou na Praça Campos de Bagatelle, em Santana, na zona norte de São Paulo

Rodrigo Zaim/Especial Metrópoles
5 de 5

A motociata ocorreu na manhã de sábado (12/6), em São Paulo

Rodrigo Zaim/Especial para o Metrópoles

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?