“Menina forte”, diz mãe sobre recuperação de filha queimada em escola
Internada há mais de 50 dias, Annelise Lopes, de 16 anos, já passou por dois enxertos de pele. A mãe está com ela no hospital desde 23/12
atualizado
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Goiânia – A mãe da estudante que teve 60% do corpo queimado durante experimento químico na escola, em Anápolis, a 55 Km da capital goiana, precisou mudar toda a rotina de sua vida para acompanhar a filha no hospital. Internada há mais de 50 dias, Annelise Lopes, de 16 anos, já passou por dois enxertos de pele e aguarda, agora, a decisão sobre um terceiro procedimento para saber quando poderá receber alta.
A mãe dela, a cabeleireira Diolange Carneiro contou ao Metrópoles, na quinta-feira (20/1), que deixou o trabalho de lado e, praticamente, se mudou para o hospital em Goiânia para ficar ao lado de Annelise. Desde o dia 23/12, quando a jovem recebeu alta da UTI, a mãe a acompanha no quarto e em todos os procedimentos feitos.
Ela comemora cada dia a mais no processo de recuperação e sabe da força de vontade da filha. “Ela é uma menina muito forte”, diz. Mas Diolange reconhece que a experiência vivida pode ter reflexos para Annelise.
“Ela acabou de sofrer algo que mexeu muito com o físico e com o emocional. Temos que dar um tempinho agora para ela e ver como vai ser, mas não podemos deixar que tudo isso interfira na vida dela”, pondera.

A jovem, de 16 anos, teve melhora significativa, no decorrer do tratamento Reprodução

Annelise ao lado da mãe Diolange Diolange Lopes

Após sofrer queimadura em escola, Annelise Lopes de Andrade fez duas cirurgias de enxerto de pele, em Goiânia Reprodução

Annelise Lopes de Andrade passa bem após cirurgia de enxerto em Goiânia, Goiás Reprodução

Annelise Lopes de Andrade após cirurgia de enxerto em Goiânia, Goiás Reprodução

Adolescente queimada em experimento escolar ainda fala com dificuldade Diolange Lopes
Readaptação
A mãe se preocupa com a readaptação de Annelise após o momento atual. “Temos que mostrar que ela tem que continuar lutando para vencer mais essa batalha. A batalha mais forte que ela vai enfrentar não é só aqui dentro do hospital, mas é quando ela sair daqui para fora, que é a batalha de aceitação e retorno da vida normal. São muitas coisas que ela precisa enfrentar de agora para frente”, considera Diolange.
Pelo fato de Annelise ser menor de 18 anos, a presença de Diolange tornou-se uma obrigatoriedade junto à filha. A mãe é quem assina e autoriza todos os documentos dentro do hospital. Annelise já fez enxertos de pele no abdômen, na coxa e nos braços. O próximo, se a equipe médica avaliar como necessário, será feito nas costas e na região das costelas.
Diolange é mãe de três filhos, sendo dois garotos mais novos que Annelise. A mãe já se preocupa, agora, com o retorno da filha pra casa e todo o processo de adaptação e cuidados necessários. Os outros dois filhos retornam para a escola no próximo dia 24/1. A grande questão, agora, é sobre como será a vida escolar de Annelise.
Retorno às aulas
A jovem começará o terceiro ano colegial. As aulas na rede estadual de ensino, em Goiás, já foram retomadas, em regime 100% presencial. Em decorrência dos ferimentos e da recuperação em casa, além da rotina de retorno ao hospital, a jovem não poderá voltar às aulas, de início.
A mãe conta que tem discutido com a filha e com a escola sobre um possível auxílio diferenciado para que ela não deixe de estudar e corra o risco de perder o ano letivo. “Vai ser uma luta muito grande, um processo bem lento de recuperação para ela e ao mesmo tempo bem turbulento, mas a gente vai tentar ajudá-la o máximo possível para que ela não perca o ano de estudos”, diz a mãe.

Mãe e filha no hospital, em Goiânia

Annelise Lopes ficou internada por mais de 60 dias Arquivo Pessoal

Estudante tem se recuperado bem, segundo a mãe, e tem previsão de alta para as próximas semanas Arquivo Pessoal

Diolange Carneiro e a filha Annelise Lopes, que se recupera das queimaduras sofridas dentro da escola Arquivo Pessoal
A explosão
A estudante sofreu o acidente em 30 de novembro de 2021. Ela e mais três colegas se reuniram em uma sala do Colégio Heli Alves, em Anápolis, onde estuda, para fazer o experimento chamado de “fogo invisível“, segundo a mãe. A Polícia Civil de Goiás investiga o caso.
Coordenador do colégio, Marcos Gomes afirmou, à época do acidente, que os alunos do 2º ano do ensino médio estavam com aulas remotas e pediram para ir à escola para gravar o experimento de física e química.
Segundo ele, os estudantes foram autorizados a usar uma sala para gravação, mas, conforme acrescentou, não avisaram que usariam álcool e nenhum professor ou monitor acompanhava a situação.
“Eles disseram que iriam gravar uma apresentação, mas não explicaram o que iriam fazer. Eles disseram que colocaram fogo ao álcool, mas que acharam que não tinha pego. Por isso, foram colocar mais [álcool] e houve essa explosão”, disse Gomes.
Segundo o coordenador, Annelise foi a única que se machucou. Ele disse que funcionários da escola ouviram os gritos e levaram a estudante para o chuveiro até a chegada dos bombeiros.