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COP-25: qual a importância e o que está em jogo para o Brasil?

País tentará mudar imagem internacional para angariar recursos para projetos ambientais

atualizado

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Antonio Cruz/Agência Brasil
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1 de 1 antcrz_abr_09071918558 - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Começa nesta segunda-feira (02/12/2019) a  25ª Conferência Internacional sobre Mudança Climática (COP-25). Em Madri, até o próximo dia 13, dezenas de países irão expor as medidas que tomaram para atender o Acordo de Paris e como a preservação ambiental tem avançado em suas nações. O Brasil irá ao evento sob forte tensão: queimadas e desmatamento recordes na Amazônia, embates com financiadores internacionais de projetos da área, mudança política no entendimento da proteção de índios e florestas e, mais recentemente, um vazamento de petróleo em praias.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), antes mesmo de tomar posse, abriu mão de sediar o evento ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). O evento aconteceria, então, em Santiago, no Chile. Devido aos recentes protestos, o grupo se reunirá na Europa. Bolsonaro não vai. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, representará o país.

O principal objetivo do governo brasileiro é mudar a imagem internacional frente à crise do ambiente. Salles dirá que o país avançou na redução do desmatamento e cobrará US$ 100 bilhões por ano dos países ricos para preservação de biomas, como a Floresta Amazônica.

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O Brasil comprometeu-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% em relação aos níveis de 2005, até 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030.

A própria ONU, no entanto, deu indícios de que a meta pode não ser atingida. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou recentemente um relatório em que mostra que o dióxido de carbono (CO2) bateu um novo recorde de concentração em 2018, de 407,8 partes por milhão (ppm). Ou seja, nível 147% maior do que o pré-industrial de 1750.

Bolsonaro se autointitula sarcasticamente “Capitão Motosserra”. A forma com que o chefe do Palácio do Planalto trata as questões ambientais gerou uma série de reações. Houve demissões no governo, como no caso do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Depois, rupturas de parcerias externas. As mais fortes, até o momento, são os cortes de recursos da Alemanha e da Noruega. O Brasil perdeu ao menos R$ 287,6 milhões.

O presidente ainda protagonizou embates internacionais com a França, com direito a troca de ofensas pessoais com o presidente francês, Emannuel Macron, e acusou a União Europeia (UE) de querer “comprar a Amazônia” em troca de “migalhas”. O chefe do Palácio do Planalto se posicionou reiteradas vezes que é favorável à diminuição da demarcação de terras indígenas em favor do agronegócio e da área da mineração.

A comitiva brasileira sabe dos desafios. Nas últimas semanas, os principais integrantes da equipe se reuniram para afinar o discurso, que não pode desgrudar do de Bolsonaro, mas que tem de soar mais agradavelmente aos ouvidos internacionais. “Participaremos das reuniões técnicas preparatórias e de encaminhamento dos temas que sejam pertinentes ao Acordo de Paris, sobretudo das tratativas para a regulamentação do artigo 6º, que diz respeito à monetização, à parte financeira, que é tão importante para os países em desenvolvimento, e em especial para o Brasil”, adianta o governo brasileiro, em nota enviada ao Metrópoles

 O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países para reduzir emissões de gases de efeito estufa. O compromisso ocorreu para frear o aumento da temperatura média global em até 2°C acima dos níveis pré-industriais.

“Temos o trabalho que já fazemos de preservação ambiental, temos muito para mostrar na parte da agricultura, energia renovável, reciclagem. O Brasil tem feito muito e levará para a COP todo esse acervo de temas ambientais. Por outro lado, esperamos receber a sinalização, finalmente, de que a promessa de recursos vultosos dos países ricos para os países em desenvolvimento, já a partir do ano que vem, se concretize”, conclui o governo.

A empreitada não será fácil. Salles enfrenta um pedido de abertura de impeachment por não responder questionamentos de deputados. Além disso, foi convocado duas vezes para a CPI do Óleo. Entidades e ONGs criticam o governo e também são alvo de acusações. Até 13 de dezembro, o Brasil terá que apaziguar os ânimos.

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