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PGR pede mais 60 dias para inquérito sobre Aécio e hidrelétricas

Senador é suspeito de ter recebido propina da Odebrecht e Andrade Gutierrez

atualizado

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO
MICHEL TEMER/ENSINO MÉDIO
1 de 1 MICHEL TEMER/ENSINO MÉDIO - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal ( STF ) a prorrogação por 60 dias do inquérito que investiga o senador Aécio Neves (PSDB-MG) por suspeita de receber propina de R$ 50 milhões das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez referentes às obras das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia. As informações estão no jornal O Globo.

Na manifestação, encaminhada nessa segunda-feira (1º/10) ao relator do caso, ministro Edson Fachin, a procuradora-geral aponta que é necessário ouvir um ex-funcionário da Odebrecht, além de concluir as perícias da Polícia Federal (PF) no sistema de contabilidade do departamento de propinas da empreiteira referentes ao codinome “mineirinho” que era utilizado, segundo os delatores, para se referir a Aécio.

Raquel Dodge ainda pontuou no pedido que é necessário concluir as análises dos materiais apreendidos ao longo da Operação Lava Jato que tenham relação com o caso do tucano.

“A análise de tais bases de dados (os sistemas Drousys e MyWeb Day, utilizados pelo departamento de propinas da Odebrecht) se revela imprescindível para a formação da opinio delicti pelo Ministério Público Federal, razão pela qual se impõe a prorrogação do prazo para cumprimento desta diligência”, assinala a Dodge na solicitação encaminhada ao Supremo. Cabe a Fachin decidir sobre a continuidade das investigações.

Além das perícias e análises de material, os investigadores querem ouvir o ex-funcionário da Odebrecht Enio Augusto Pereira e Silva. Ele era assessor diretor do diretor da Odebrecht Henrique Valladares, um dos que delataram o envolvimento de Aécio no caso de Santo Antônio.

Ele já foi chamado pela PF para depor, mas disse que só iria se manifestar depois de homologada sua leniência. Enio Silva tenta aderir, assim como outros ex-funcionários da empreiteira, ao acordo da Odebrecht para conseguir benefícios em troca de sua colaboração.

De acordo com o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, o pagamento de propina a Aécio foi acertado durante um encontro entre ele e o tucano em Belo Horizonte (MG), em 2008, quando este era governador de Minas Gerais. Segundo os delatores, o repasse de R$ 50 milhões foi dividido entre a Andrade Gutierrez (R$ 20 milhões) e a Odebrecht (R$ 30 milhões).

Objetivo dos pagamentos
De acordo com Marcelo Odebrecht, o objetivo dos pagamentos a Aécio era influenciar decisões da Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig), estatal de energia mineira, e Furnas, estatal federal, a favor da empreiteira baiana e da Andrade Gutierrez.

Na época do suposto pedido, Aécio exercia seu segundo mandato como governador de Minas Gerais e integrava a oposição ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), responsável por licitar Santo Antônio.

Apesar disso, o tucano tinha influência no setor elétrico devido à sua relação com Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas, umas das empresas sócias da usina, além de estar à frente do estado que comanda a Cemig, outra sócia do empreendimento.

Com o avanço das investigações, os executivos da Andrade Gutierrez foram chamados para depor e o ex-presidente da AG Energia e também colaborador Flávio David Barra afirmou que a empreiteira repassou R$ 20 milhões ao tucano por meio de uma transferência para a empresa Aalu Participações e Investimentos, controladora da rede de academias Bodytech, que pertence ao empresário carioca Alexandre Accioly.

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