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Fila de pessoas à espera de transplante subiu quase 10 mil desde 2020

Número de pessoas que aguardam transplante cresceu de 49 mil no início de 2020 para 58 mil em maio de 2022

atualizado

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Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
ICDF comemora o 300° transplante de coração realizado no instituto, o coração do doador chegou na base aérea de brasília 2
1 de 1 ICDF comemora o 300° transplante de coração realizado no instituto, o coração do doador chegou na base aérea de brasília 2 - Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

A lista de espera para transplante de órgãos teve um aumento de mais de 15% nos últimos dois anos. Em maio deste ano, 58 mil pessoas aguardavam uma doação, segundo dados do Ministério da Saúde. No fim de 2020, eram 49 mil na fila da angústia.

O crescimento é de 27% em relação a agosto de 2019, quando 44.689 pessoas esperavam cirurgia.

Mais da metade das pessoas aguarda um transplante de rim. São 33 mil na fila para conseguir o órgão, um aumento de 9% na comparação com 2020. Veja a lista completa:

O total de doadores caiu 8,6% desde 2021. Quando são considerados os órgãos doados, a maior queda ocorreu no transplante de pâncreas (37,5%). Em seguida estão pulmão (25%), rim (13,8%), coração (12,5%), células hematopoiéticas (12,2%) e córneas (7,1%). Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

“Esperávamos uma recuperação em virtude ao arrefecimento da pandemia, mas essa recuperação não ocorreu”, disse a vice-presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Luciana Haddad, durante o lançamento do programa do Ministério da Saúde QualiDot, na última segunda-feira (6/6).

O objetivo da iniciativa é reclassificar todos os centros transplantadores do país, para aperfeiçoar os mecanismos de controle relativos aos resultados dos transplantes. No total, são 27 centros estaduais e 648 hospitais habilitados.

Espera dolorosa

Entre as 238 pessoas na lista por um pulmão, está Edelbert Lörsch, 67 anos.

“A espera é dolorosa. É muito difícil”, relata. “É uma espera diferente do que se imagina. Temos que aguardar o milagre da doação”.

O professor aguarda há um ano na fila. “Os meses passam e o órgão não vem porque não tem doador. A gente vive em cima de uma angústia terrível, porque você fica impossibilitado de qualquer ação”, relata ele.

O professor conta que foi diagnosticado com fibrose pulmonar há 5 anos. Sofrendo de constante falta de ar, ele precisa estar conectado a um cilindro de oxigênio durante as 24 horas do dia para sobreviver. Os custos tampouco são fáceis. Edelbert conta que gasta R$ 21 mil por mês com os medicamentos necessários.

“É um momento em que estou aqui hoje, mas amanhã não sei se estarei”, desabafa.

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Para Edelbert, a demora é resultado de um descaso do governo com campanhas de conscientização, que permitiriam que familiares entendessem a importância da doação de órgãos de parentes falecidos.

A taxa de notificação dos potenciais doadores (56,7 pmp) caiu apenas 1,7%, enquanto a taxa de efetivação da doação (24,4%) teve queda de 6,9% em um ano, segundo dados da ABTO. A queda de doações ocorreu devido ao aumento de 9,5% na taxa de não autorização familiar para o uso de órgãos.

A taxa de contraindicação médica (21%), por outro lado, embora esteja bem acima dos anos pré-pandemia, quando ficava em torno de 14%, caiu 8,7% em relação ao ano passado. Especialistas apontam que o número pode ser reflexo da autorização para que pessoas que morreram após contrair a Covid-19 possam ter os órgão doados em alguns casos.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, citou a judicialização como um dos empecilhos para a realização de mais transplantes. “Ações de judicialização da saúde na área de transplante não ajudam o programa nacional. Muito pelo contrário, atrapalham. Destroem a priorização da saúde”, disse nesta semana.

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