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Deputadas negras sobre atos antirracistas nos EUA: “Sentimos a mesma dor”

Além dos protestos, as parlamentares falaram ao Metrópoles sobre o genocídio da população negra e a fala do presidente da Fundação Palmares

atualizado

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Divulgação/Assessoria de Imprensa
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1 de 1 benedita-da-silva-2 - Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa

Em um momento em que todas as atenções do mundo estavam voltadas para a pandemia do coronavírus, vozes oprimidas gritaram para os quatro cantos do mundo: “Vidas negras importam”. A indignação causada pelo caso George Floyd, um homem negro de 46 anos que morreu ao ser asfixiado por um policial branco, foi capaz de quebrar a quarentena e dar vida e voz às ruas que estavam em silêncio.

No Brasil, a pauta antirracista também ganhou novamente espaço. Parlamentares falaram ao Metrópoles sobre a repercussão do caso George Floyd, sobre o episódio de João Pedro, menino de 14 anos morto durante operação policial no Rio de Janeiro, e  também repudiaram a fala do Presidente da Função Palmares, Sérgio Camargo, em que se refere ao movimento negro como “escória maldita”.

“Sentimos a mesma dor do negro e da negra norte-americana”, diz a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro, a respeito do “genocídio da população preta no Brasil”.

Para ela, “é preciso construir na sociedade uma concepção de segurança pública que veja o morador da favela como um cidadão que tem direitos, e não preceituosamente como bandido”.

A fala refere-se a mais uma dentre tantas mortes causadas por operações policiais dentro das comunidades cariocas, a exemplo de Jõao Pedro, um garoto de 14 anos que morava em São Gonçalo e morreu no dia 18 de maio. Os policiais teriam sido avisados que só tinha criança na casa, mas mesmo assim invadiram a residência.

Para a deputada estadual Andreia de Jesus (PSol-MG), não tem bala perdida. “Tem pessoas que o Estado autoriza a matar”. E ela acrescenta: “As operações policiais no Rio de Janeiro e nas periferias do Brasil visam a contenção e a repressão das pessoas pobres”.

“É a criminalização armada e letal da pobreza. O projeto que a nossa sociedade apresenta para as periferias e favelas do Brasil é de extermínio racial e genocídio”, desabafa Andreia de Jesus sobre as mortes de João Pedro e outros tantos jovens negros.

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Grito pela dor

Desde o dia 25 de maio, todas as etnias, raças e crenças que levantam a bandeira antirracismo protestam de forma presencial ou virtual, especialmente nos EUA. “É uma luta que tende a envolver a população branca antifascista e formar um amplo movimento democrático que possa impedir a reeleição de Donald Trump“, diz a deputada Benedita da Silva.

Para a parlamentar, a enorme proporção que os protestos estão atingindo nos Estados Unidos se dá por causa do “autoritário e assumidamente racista presidente Trump”.

“A onda de protestos nos Estados Unidos não é nova, vem acontecendo desde a chegada do Trump ao poder e a ascensão do neofascismo nos Estados Unidos”, concorda Andreia de Jesus.

Capitão do mato

Para Benedita da Silva, a figura de Sérgio Camargo à frente da Fundação Palmares se assemelha à de um “capitão do mato” — negro que, a serviço da casa grande, perseguia os escravizados que fugiam para a liberdade.

“Está a serviço do governo racista para desempenhar também um papel histórico, mas, dessa vez, de triste memória, que é a do ‘capitão do mato'”, enfatiza.

Andreia de Jesus ressalta que o presidente da Palmares é inadequado para o cargo que ocupa: “Ele foi escolhido justamente por não fazer oposição ao projeto de destruição do legado material e imaterial do povo negro que Bolsonaro representa”, desabafa.

Já chega

Nesse domingo (07/06), ocorreu uma manifestação contra o racismo: “Não são baderneiros. são democratas que defendem a vida e não aceitam um presidente que ameaça diariamente as instituições democráticas”, diz Benedita.

“Isolamento social não significa imobilismo político”, complementa a deputada. “Agora, estimulados pelas enormes mobilizações populares americanas, as torcidas antifascistas foram para as ruas para defender a democracia”.

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