Bolsonaro chama mercado de “nervosinho” e diz que não vai furar teto

O presidente ironizou a reação do mercado diante da criação de despesas como o Auxílio Brasil e a proposta de ajuda a caminhoneiros

atualizado 22/10/2021 0:11

Jair Bolsonaro Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizou, durante a live desta quinta-feira (21/10), a reação do mercado à criação de despesas que ameaçam o teto de gastos. Ao comentar sobre o Auxílio Brasil e a proposta de oferecer R$ 400 a cerca de 750 mil caminhoneiros para compensar a alta no preço dos combustíveis, o mandatário disse que o mercado ficou “nervosinho”.

“Vão ter novos reajustes dos combustíveis? Por que vou negar isso daí? Estamos buscando solução. O auxílio de R$ 400 para caminhoneiros, que vai estar abaixo de R$ 4 bilhões por ano, dentro do Orçamento. Daí o mercado fica nervosinho”, afirmou. “Por que buscamos cumprir o teto de gastos? Porque não queremos o desequilíbrio das finanças no Brasil. Vem o desequilíbrio, a inflação explode, todo mundo perde com isso. Tem gente botando fogo, lenha na fogueira. Quer resolver o problema do Brasil ou quer derrubar o presidente? Você que está botando lenha na fogueira: diga o que tem que fazer”, continuou.

Durante a fala, o chefe do Executivo federal evitou se aprofundar no assunto e fez apenas referências laterais à demissão do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e de outros auxiliares do Ministério da Economia.

“Tem secretário que quer fazer valer sua vontade”, disse, ao falar sobre decisões que dividiram os economistas do governo. “Então, ministro deu decisão, vamos gastar dentro do teto [de gastos], as reformas continuam, a Administrativa, a Tributária”, assinalou, num pequeno aceno ao mercado, que respondeu à crise com números bem negativos: o dólar subiu a R$ 5,66, e a Bolsa de Valores caiu 2,75%.

Debandada na Economia

O presidente afirmou mais cedo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, seguirá no cargo mesmo após a debandada de secretários do governo, causada por desentendimentos sobre a possibilidade de furar o teto de gastos.

À CNN Brasil, Bolsonaro afirmou que gostaria que o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, permanecessem na equipe econômica e também defendeu a manutenção de Guedes. “Paulo Guedes continua no governo e o governo segue na política de reformas. Defendemos as reformas que estão andando no Congresso Nacional, esse é o objetivo”, disse.

Após Funchal e Bitterncourt, a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araújo, também pediram exoneração de seus cargos, por razões pessoais.

Além do desfalque na equipe econômica, outra demissão surpreendeu o mercado: a saída do secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho.

Sobre o auxílio-diesel, anunciado mais cedo e mal recebido pelo mercado e pelos próprios representantes dos caminhoneiros, ele afirmou que “pior pode ficar, se o governo não fizer nada”.

Mais lidas
Últimas notícias