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Líder do MST: “Não vão entregar fácil para o Lula, será uma guerra”

João Paulo Rodrigues, liderança do movimento mais próximo ao petista, diz ainda que Bolsonaro e seus filhos sairão presos do governo

atualizado

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Crédito: Ricardo Stuckert
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST
1 de 1 João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST - Foto: Crédito: Ricardo Stuckert

Liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mais próxima a Luiz Inácio Lula da Silva, o coordenador nacional João Paulo Rodrigues (foto em destaque) está engajado na campanha do petista e diz que a eleição deste ano será superdifícil e que será uma guerra. Ele não acredita que Jair Bolsonaro entregará fácil o poder, numa eleição democrática, depois do que ocorreu com Dilma Rousseff – afastada pelo impeachment – e com Lula – sua prisão pela Lava Jato. Ele conversou com o Blog do Noblat.

“Essa eleição vai ser superdifícil, para não dizer uma guerra. Guerra do lado de lá. Não vão topar entregar de volta para o Lula numa eleição democrática. Não vão entregar fácil. Será uma eleição muito dura.”

Rodrigues esteve presente ao lado de Lula em momentos capitais dos últimos anos do petista: de sua prisão em São Bernardo a presença constante em Curitiba nos quase 600 dias que ficou na cadeia, nas discussões com o comando da campanha a encontros com lideranças de outros movimentos.

Para Rodrigues, Bolsonaro e seus filhos terminarão presos. “Bolsonaro será um derrotado, e vai sair preso. Ele e toda sua família.”

O líder do MST não tem objeções à indicação de Geraldo Alckmin como vice na chapa, desde que o ex-tucano concorde com um programa de reformas. “Nunca nos ajudou [quando governador], mas também nunca nos perseguiu.”

A entrevista completa.

Qual a expectativa do MST para as eleições de 2022?

João Paulo Rodrigues – Acho que essa eleição vai ser superdifícil, para dizer uma guerra. Guerra organizada pelo lado de lá. Eles não vão dar um golpe no país, na Dilma, fazer o que fizeram com o Lula, na Lava Jato, e topar entregar de volta para o Lula apor meio de uma eleição democrática. Não vão entregar fácil. Por isso, uma eleição muito dura, não tem nada ganho. Uma situação difícil, que vai exigir muito do conjunto do campo progressista e da luta ‘Fora, Bolsonaro!’. Mesmo porque os interesses que estão colocados numa campanha dessas não é só o Brasil. Como sempre, os americanos vão operacionalizar, tem interesses internacionais por trás. E o mesmo grupo que financiou e bancou o golpe [da Dilma] vai fazer o mesmo agora na eleição. Ora para apoiar Bolsonaro, ora para apoiar outro candidato. Estou confiante numa vitória do Lula, será uma eleição difícil. Temos que nos preparar para um jogo, um clássico de final de Copa do Mundo.

O movimento pretende lançar candidatos? Pode ser a eleição com o maior número de candidatos vinculados ao MST?

Rodrigues – O MST sempre participa das eleições com o devido cuidado, sem colocar muita força, até porque não a temos para uma eleição. Nossa força é para organizar os assentados da reforma agrária. Acho que este ano terá mais candidaturas a deputados estadual e federal do movimento, mas nada muito relevante. Até para não criar uma expectativa que o MST tem uma força eleitoral e vai lançar muitos candidatos. Vamos ter quadros em algumas capitais, em alguns estados, mas a pauta central do MST continua sendo a reforma agrária.

Você, que é um dos líderes do MST mais próximos de Lula, como avalia a caminhada até agora da candidatura do petista? 

Rodrigues – O Lula está no melhor momento de sua luta política. Um amadurecimento, uma força, uma energia, está mais à esquerda inclusive, em temas centrais. O Lula hoje debate a reforma agrária, a questão racial, a questão das pautas identitárias com muito mais propriedade do que fazia antes. E o motivo é sua experiência de governo. O Lula está muito bem. A campanha está muito bem sob o comando da Gleisi. Tanto o Lula como o PT estão muito bem para essa eleição.

O que pensa de uma chapa entre Lula e Alckmin? Teria o apoio de vocês?

Rodrigues – A opinião do MST sobre aliança não é moral, vale tanto para o Alckmin, como valeu para o Temer [vice de Dilma] e para o José Alencar [vice de Lula]. O problema nosso é o programa. Se o Alckmin topar o programa que seja discussão sobre mudança importante na economia, na reforma trabalhista, previdenciária, que discute fazer reforma agrária, avançar na política de distribuição de renda, não distribuição de riqueza. Não teremos nenhum  problema com o Alckmin. Agora, não podemos aceitar o Alckmin que foi no governo de São Paulo, que vem com a marca de um governo que só pensa em ajuste fiscal ou mesmo da repressão em alguns setores, como no caso dos professores. Verdade seja dita, nunca tivemos maiores problemas com o governo Alckmin em São Paulo. Ele nunca nos ajudou, mas também nunca nos perseguiu. Sempre teve um comportamento democrata com o MST.  É questão de programa. Já teve setores do governo Lula que defenderam mudança do Código Florestal, que defenderam transgênico. Então, a questão não é ter um carimbo na testa. É de programa.

As eleições de 2022 prometem ser a mais virulenta desde a redemocratização do país. Qual sua opinião sobre isso?

Rodrigues – Acho que será uma eleição difícil. Não sei quais enfrentamentos serão feitos de lá para cá. Acho que eles vão apostar em três linhas: o uso da rede social é um; vão pegar o componente dos programas sociais que o Bolsonaro vai tentar bombar até lá, de como vai lidar com o tema dos pobres; e a terceira é que vão tentar polarizar ao máximo a sociedade para quem está justamente em cima do muro votar no Bolsonaro, para não ter terceira via. Então vai ser polarizada.

Há uma preocupação em relação ao clima beligerante que pode ser criado na campanha, na eleição e, em especial, numa eventual derrota de Jair Bolsonaro. Vocês consideram isso? O MST pode adotar alguma ação para reagir a uma possível reação dessas? Se precisar, o movimento pode ir para o confronto?

Rodrigues – O MST não está nessa pilha, nessa paranoia de fim do mundo. Nem acredita que o Bolsonaro vai ter força de criar agrupamentos militares e assim por diante. Se nós criarmos essa narrativa, isso pode virar verdade. Bolsonaro será um derrotado e ele vai sair preso. Ele e toda a sua família. Ponto. É isso. Não tem resistência para derrotados. Não é só a derrota da saída da Presidência, é uma derrota na sociedade. Portanto, queremos ver o Bolsonaro, os bolsonaristas loucos e os seus filhos atrás das grades. Ponto. À Justiça vai caber lidar com eles, não a política.

Há o receio até mesmo de o Congresso Nacional, se Bolsonaro perder, virar um Capitólio, ser invadido, ocupado por bolsonaristas mais radicais. Acredita nesse risco? 

Rodrigues – Volto a dizer, os bolsonaristas serão derrotados. E com derrotados, aqui, será  diferente do que ocorreu nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, o Alexandre de Moraes [ministro do STF e que estará à frente do TSE nas eleições] vai dar conta sozinho, com parte da polícia, de lidar com essas loucurinhas por parte do bolsonarismo. E sobre o Congresso, quando chegar junho, metade  já vai virar lulista. E quando chegar novembro, o Lula já terá maioria na Câmara e no Senado. Significa que é uma maioria para garantir os direitos e a luta do povo pobre? Não! Significa que o Lula vai poder fazer o que quiser com esse Congresso? Não. Mas não tenho dúvida na capacidade do Lula em construir pontes com esse Congresso e com o próprio Judiciário. A  maior dificuldade da esquerda é eleger uma bancada superior a 200 deputados. Isso é difícil. Podemos chegar perto, talvez com as alianças e com a onda lulista isso pode avançar. Mas se preocupar em fazer aliança com o Congresso é ter nossa bancada própria com, no mínimo, 180 a 220 deputados. É o que vai nos dar força e segurança.

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