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Bolsonaro volta a atacar Moro e admite haver corrupção em seu governo

Presidente promete indicar mais evangélicos ao STF e derrete pela boca enquanto faz campanha eleitoral antecipada

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro e Sergio Moro
1 de 1 Jair Bolsonaro e Sergio Moro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Que Jair Bolsonaro está em campanha, todo mundo sabe. Dar fim à reeleição foi uma das promessas mentirosas que o levou a vencer nas urnas em 2018. Três meses depois de tomar posse já era candidato a se eleger de novo.

Por mais que finja desprezar pesquisas eleitorais, Bolsonaro acredita nelas. Ao derreter sua popularidade e esgotar a cota de bravatas contra a eleição de 2022, viu-se obrigado a entregar-se de corpo e alma ao Centrão.

O que poderá salvá-lo de uma derrota humilhante e inédita para um presidente em reeleição é a força, a grana e o tempo de televisão que partidos, como PP, PL e PRB, empregarão na campanha dele. E ai de Bolsonaro se perder o apoio dessa turma.

Ao filiar-se ao PL, Bolsonaro virou aquilo que sempre foi: um político fisiológico em busca de sobreviver a qualquer custo. Só que agora ele saiu do armário de onde estava escondido nos últimos anos para fingir que era o diferentão, a nova política.

A semana começou com a campanha do candidato à reeleição Jair Bolsonaro a todo vapor. Na segunda-feira, ele aproveitou o cercadinho com seus eleitores fiéis e uma mídia escolhida a dedo para fazer ataques ao concorrente Sergio Moro e promessas ao eleitor evangélico.

“Para tentar copiar meu [slogan de campanha] ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’, ele [Moro] botou ‘o povo acima de tudo’. Esse não aguenta 10 segundos de debate”, resmungou um Bolsonaro que teme perder votos para seu ex-empregado.

Ao ser perguntado se indicaria mais evangélicos para o Supremo Tribunal Federal, não perdeu a chance de fazer campanha: “Se eu for candidato e for reeleito, a gente bota mais dois no início de 2023 lá [no STF]”.

Sobre reportagem que trazia nomes do Centrão como seu vice, Bolsonaro irritou-se: “Aí tem gente que bota o nome lá, que passa a matéria… Os nomes estão lá, a princípio é alguém que passou a matéria, né, para se cacifar. Quem aparecer como se cacifando já está cortado”.

A campanha escancarada de um presidente que jamais governou e usa a máquina pública para se proteger e tentar a reeleição não foi feita apenas na porta do Palácio do Alvorada. Uma fala de Bolsonaro, no domingo, sobre a queda no preço da gasolina também mirou os eleitores.

A Petrobras precisou soltar, ontem, um comunicado para explicar que não antecipa decisões sobre reajustes de preços. E a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, uma espécie de xerife do mercado financeiro, investigará se vazaram informações para Bolsonaro.

Pelo menos dessa vez a fala irresponsável do presidente não trouxe consequências graves para o mercado, que parou de dar ouvidos a ele e passou a tratá-lo como bravateiro ou piadista. Não levar o Bolsonaro a sério é melhor para os interesses do Brasil.

Hoje, terça-feira, Bolsonaro voltará a fazer campanha. É o que faz há três anos. Que volte a dizer, como na segunda-feira, que não pode garantir “não haver corrupção” em seu governo. O Brasil está rachado de vergonha com Bolsonaro. Que ele derreta pela boca!

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