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Bolsonaro provoca Moro: “Esse não aguenta 10 segundos de debate”

Presidente comentou falas do ex-ministro contra armamento e indagou: “Como o cara aceita trabalhar comigo? Era só falar que era de esquerda”

atualizado

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1 de 1 Bolsonaro-Moro-venda-de-bens-de-traficantes - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (6/12) que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) tentou copiar o seu slogan de campanha, que tem os dizeres: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

“Para tentar copiar o meu ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’, ele botou ‘o povo acima de tudo’. Esse não aguenta 10 segundos de debate”, declarou Bolsonaro, aos risos, durante conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada.

Aos simpatizantes, o presidente ainda criticou o ex-juiz sobre declarações contra o armamento da população. Ao longo do governo, Bolsonaro facilitou a posse e o porte de armas. Em sua autobiografia, intitulada Contra o Sistema da Corrupção, lançada na semana passada, Sergio Moro disse que defendia os atos, mas se opôs ao aumento do número de armas que cada pessoa pode ter.

“A vagabundagem tem [arma], pô. Por que essa… O [ex-presidente] Lula falou que vai recolher as armas. O Moro também falou que ele podia ser mais rígido, né… Me peitar mais durante a questão das portarias de armamento dele. Como é que o cara aceita trabalhar comigo sabendo que eu sou armamentista? Tinha que ter caráter, né? Era só falar: ‘Não me interessa trabalhar porque sou de esquerda'”, prosseguiu o presidente.

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Bolsonaro x Moro

Em novembro de 2018, Sergio Moro aceitou o convite de Bolsonaro, que tinha acabado de ser eleito presidente do Brasil, para ser ministro. Para isso, abandonou a magistratura, após 22 anos de carreira, com o objetivo de assumir o posto no primeiro escalão do governo e, consequentemente, deixou o comando da Operação Lava Jato no Paraná.

Quando solicitou a exoneração do cargo no Ministério da Justiça, em 24 abril do ano passado, Moro acusou o presidente de interferir na Polícia Federal. A denúncia resultou na abertura de um inquérito, no Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar o caso.

A demissão do ex-ministro foi motivada pela exoneração de Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF. Valeixo era homem de confiança de Moro e chegou à direção da PF pelo próprio ministro. Quando o presidente pediu a troca na diretoria, o então ministro tentou intervir, mas, sem sucesso, acabou pedindo demissão.

Interferência na PF

No início de novembro, o presidente Jair Bolsonaro depôs à Polícia Federal no inquérito que apura suposta interferência na corporação por parte do chefe do Executivo. O objetivo da ação do mandatário, segundo Sergio Moro, seria beneficiar, em eventuais investigações, aliados e familiares próximos.

No depoimento, Bolsonaro disse que a troca na diretoria-geral da PF ocorreu por “falta de interlocução”. Como provas da denúncia, a defesa de Sergio Moro apresenta diálogos entre o ex-juiz e o presidente em um aplicativo de mensagens, e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.

No encontro com ministros, Bolsonaro reclamou que já teria tentado mexer na segurança e não conseguiu. A fala foi gravada e sua divulgação acabou liberada pelo STF posteriormente.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto-final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse o presidente, na ocasião.

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