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Radicais da bancada evangélica falam em “tensão e guerra” com Lula

Na primeira reunião dessa frente, ontem, deputados mais extremistas do grupo fizeram uma previsão de relação difícil com a gestão petista

atualizado

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Reunião da bancada evangélica
1 de 1 Reunião da bancada evangélica - Foto: Metrópoles

Na primeira reunião da bancada evangélica da Câmara após a vitória de Lula, ontem, o protagonismo foi dos representantes mais radicais desse grupo. Deputados, que são também pastores, como Marco Feliciano (PL-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Pastor Eurico (PL-PE), fizeram discursos antevendo o pior cenário na relação com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O Blog do Noblat acompanhou o encontro da Frente Parlamentar Evangélica, que ocorreu num dos plenários da Câmara.

Ao contrário de outras reuniões, em vez de analisar projetos e propostas a serem apoiados ou não pelo grupo, ontem foi dia de lamentos e lamúrias com o resultado e de traçar estratégias de como enfrentar a gestão petista.

Mas ficou claro que não é unânime nessa bancada que o caminho é a oposição dura e simples a Lula. Sóstenes, coordenador do grupo, já tinha anunciado que seu caminho será de enfrentamento com o governo a ser instalado.  Ontem, ele falou que, depois desse anúncio, recebeu mensagens de integrantes da bancada querendo entender se esta era uma posição pessoal ou da frente. O deputado afirmou ser seu posicionamento.

“Cada um, com seu partido, tome a decisão que lhe convier. Não podemos é abandonar a nossa pauta, que não tem a ver com política. Temos uma pauta ideológica” – disse.

Esses parlamentares mais radicais traçam um cenário pior que em outras gestões que enfrentaram o PT. Acreditam que serão alvos de  “perseguição” e que, por essa razão, precisam estar unidos para derrotar as pautas do futuro governo no campo dos costumes.

Gilberto Nascimento (PSC-SP) prevê uma relação de muita tensão entre a bancada e o governo petista.

“Vamos ter momentos de muitas tensões. Já fui deputado nos governos de Lula, de Dilma, de Michel Temer e de Bolsonaro. Pelo que a gente observou no plenário, o clima é de muita exaltação. Quem perdeu o governo não se acostumou com isso ainda, e vice e versa” – disse Nascimento, reeleito para seu quarto mandato.

Mais radical, Otoni de Paula diz ser ilusão achar que Lula vai se tornar “amigo da igreja” e que o “enfrentamento” será duro. O parlamentar afirmou que a bancada é “apartidária”, apesar de sua ação a fervorosa a favor de Bolsonaro. Ele chegou a viajar ao Paraná para tentar uma aproximação de familiares de um petista assassinado por um bolsonarista, durante a campanha. E criticou deputados do grupo que estejam se aproximando de Lula.

“Nossa pauta é ideológica e em defesa da igreja. Não será fácil orar por Lula. O espírito santo terá que nos ensinar o ao amor ao cristão, que é o amor aos inimigos. Nossos eleitores não estão preparados nem para votarmos o que é bom para o Brasil. A coisa está polarizada. Uma guerra” – disse Otoni.

Marco Feliciano lembrou que teve embates com governos do PT. O parlamentar disse que serão quatro anos de muita dificuldade e contou ter muitas “feridas” desse confronto ao longo desses anos. Ele insistiu na falsa acusação de que Lula pode fechar igrejas.

“Existe um milhão de formas de fechar igrejas. Não precisa lacrar com cadeado. Existe a letra fria da lei. Serão quatro anos de muita dificuldade. Não se iludam. Eles sentam com você, tomam um café, dá tapinha nas costas e até votam um projetinho de sua autoria. Mas, quando cruzamos o caminho deles, nos matam. Nos destroem, vem para cima da gente” – disse Feliciano.

 

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