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Voto, debates, e abstenção na reta final das eleições (Ricardo Guedes)

As eleições tendem para Lula, pelas relações estruturais dos limites de voto do que hoje eles representam

atualizado

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Fotos: Fábio Vieira e Igo Estrela/Metrópoles
Lula e Bolsonaro, candidatos à presidência, em montagem se colocam frente a frente, sob fundo escuro - Metrópoles
1 de 1 Lula e Bolsonaro, candidatos à presidência, em montagem se colocam frente a frente, sob fundo escuro - Metrópoles - Foto: Fotos: Fábio Vieira e Igo Estrela/Metrópoles

Com relação às intenções de voto, a diferença entre Lula e Bolsonaro tem diminuído desde o início do 2º turno. Na média, a diferença inicial de 8% no total do eleitorado caiu para 5%, 6% em votos válidos.

São duas as principais variáveis nestas eleições: a economia, e a democracia. Na economia, observa-se a derrocada do PIB de US$ 1,9 trilhões parta US$ 1,6 trilhões no período do governo, mas com o aumento relativo da sensação de bem-estar nos últimos 30 dias devido ao Auxílio Brasil, diminuição dos preços dos combustíveis, e empréstimos consignados, instrumentos artificialmente criados na economia com custos a posteriori a serem pagos. Na democracia, observa-se a ameaça crescente e contínua de Bolsonaro à ordem institucional, com reações contrárias politicamente simbolizadas por Alckmin, Tebet, Fernando Henrique, e de lideranças empresariais e de intelectuais. Adicione-se duas variáveis: a COVID, com 10,5% dos óbitos para 2,7% da população mundial do Brasil; e a assim chamada “pauta de costumes”, na campanha difamatória do oponente através de fake news, no que Bolsonaro e sua equipe detêm a expertise desta inédita variável, tão bem expressa na fala de Damares sobre crianças no Marajó, com o recorde mundial da baixaria. Ou, nas palavras de Goebbels, “uma mentira dita mil vezes vira verdade”.

Com relação aos debates, ganha o debate não aquele que apresenta a melhor racionalidade e argumentos, mas o que é percebido como tendo a melhor desenvoltura e segurança. Segue o debate da Globo, onde um equívoco poderá influenciar os resultados eleitorais.

Com relação à abstenção, em se considerando a abstenção, brancos e nulos, observamos que em eleições de 2º turno onde o candidato é percebido como já eleito, a abstenção aumenta no 2º turno; e onde as eleições são percebidas como críticas para mudanças de paradigma, a abstenção diminui no 2º turno. Em 2002, na mudança do PSDB para o PT, a abstenção, brancos e nulos diminuiu de 26% no 1º turno para 25% no 2º turno. Em 2012, de 22% para 20% nas eleições entre Dilma e Aécio. No sentido contrário, em eleições em que o candidato no 2º turno era percebido como basicamente eleito, em 2010 a abstenção, brancos e nulos aumentou de 25% no 1º turno para 27% no 2º turno com Dilma e Serra; e de 27% para 29% em 2018, com Bolsonaro e Haddad. Nestas eleições de 2002, é lícito se supor, como eleição crítica de possível mudança de paradigma com Lula e Bolsonaro, que a abstenção, brancos e nulos possa se manter constante, ou mesmo decrescer do 1º para o 2º turno.

As eleições tendem para Lula, pelas relações estruturais dos limites de voto do que hoje eles representam. Erros e acertos das campanhas são fundamentais.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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